segunda-feira

Feira da Ladra da Opinião

  • Mais uma vez o Jumento coloca-nos diante um problema: o da liberdade de opinião e de acesso (regulado) às fontes - desta feita por parte dos jornais à informação coligida e tratada por parte de certos blogs... Quer dizer, quando se sabe que um jornalista do jornal A, B ou C importou temas, problemáticas ou articulações já expostas em blogs - que tipo de atitude se deve ter???
  • Estaremos perante situações que prefiguram plágio? É mais um tema-quente dos já imensos nós interligados que nos ligam à rede das redes - que são, afinal, formas antigas de relacionamento e de actividade humana, mas que actualmente ganharam novo fôlego impulsionado pela Internet e pelas suas ferramentas organizativas.
  • Isto evoca-me as duas faces do homem, uma espécie de face de Janaus: o homem tanto pode utilizar a net para criar obra, facilitar contactos, ordenar informação, criar valor, conhecimento e sabedoria - como, ao invés, pode utilizar a net para as piores coisas. Lembremo-nos, apenas, do que se passou na Colômbia há uns anos em que os novos usos da internet - e para punir uma urbanização desenfreada que se entrincheirou nos subúrbios de Bogotá, os extorsionistas e sequestradores não hesitaram em recorrer à net para distribuir as suas ameaças, através de listas de correio electrónico para proceder depois a raptos selectivos e arrecadar assim os proventos dum negócio que florescia à sombra da net e das suas ferramentas.
  • É óbvio que isto é um caso-limite, e aqui só vale como analogia, mas a circunstância de serem já inúmeros as instituições, entidades e empresas de comunicação - mormente jornais - que usam e abusam velada e ocultamente - da informação tratada em certos blogs cujas fontes deliberadamente ocultam, isto leva-nos a supor que também, um pouco por analogia, estamos perante comportamentos deontológicamente terroristas que são, obviamente, censuráveis e qualquer dia terão de ser codificados
Mas como se diz naquele editorial, ainda a procissão vai no adro, ainda estamos in working progress. Mas hoje, creio, colocou-se o 1º tijolo dum muro que ainda tem de ser erguido...por entre as imensas paredes e tectos que terão de se formar no horizonte da Liberdade de informação e Opinião em Portugal.
Independentemente da informação jornalística veiculada pelos jornais – que hoje já vai perdendo para a blogosfera devido à expansão das Tecnologias da Informação e da Comunicação/TIC potenciadas pela Internet, o velho circuito da informação (com o emissor-receptor) quebrou-se, visto que a opinião forma-se a maior velocidade no dia-a-dia, e tendo por origem fontes mais diversas (designadamente, a blogosfera) que, pela sua natureza, dispara o "tiro" da informação e análise mais rápido do que os jornais, mesmo os ditos ou que se dizem de referência, apesar de alguns nem títulos saberem fazer, como no caso de uma entrevista a Freitas do Amaral há cerca de 3 meses... 2) Isto leva-me a supor que existe já uma espécie da "Feira da ladra da informação", v.q., muitos são já os jornalistas que consomem dos blogs problemáticas e linhas de análise que depois reproduzem mais ou menos disfarçadamente nos locais onde trabalham como se estivessem, na realidade, a burilar aquela mestela pela 1ª vez. 3) Daqui decorre o chamado "Mercado negro da opinião pública". Lugar também muito frequentado por rumores, boatos e outros "produtos jornalísticos" de difícil comprovação e se dizem, à boca pequena, pseudomistérios recortados por pequenos, médios e grandes segredos envenenando situações, atitudes e reputações.