Cavaco & Sócrates - by Jumento - (nem ao Domingo)...Safa)))

• Vale a pena ler na íntegra este Editorial domingueiro do Jumento. Só não transpomos a foto por causa do calor mas que convido os leitores a verem na matriz. Mas de entre esta sinonímia defendida pelo autor do texto, resta perguntar: e se fosse Sócrates que estivesse em Belém e Cavaco (de novo) em S. Bento... Seria o mesmo - hoje - esse relacionamento com os papéis trocados?? Seja como fôr, é bom que o excelente entendimento entre ambos se traduza em benefícios e vantagens imediatas para Portugal. E à partida - e sem grande esforço - Sócrates até já conseguiu meter Cavaco a andar de Comboio para o Algarve (com esta caloraça, e se os comboios forem como a AR sem ar condicionado...) pugnando - (veladamente) pela introdução do TGV no país. Não só Sócrates tem em Cavaco um aliado como tem nele um promotor-activo das ideias e projectos do governo, ainda por cima com a vantagem de serem a 200 klh. Não é isto admirável!!??

Não deixa de ser irónica a reacção da direita em relação ao Presidente da República que elegeu, o CDS (os outros na acepção de Cavaco Silva) andam desiludidos enquanto Marques Mendes espera pacientemente a mais pequena afirmação de Cavaco que cheire a crítica a Sócrates para se meter em bicos de pés. A verdade é que a direita elegeu o presidente que Sócrates queria e Cavaco dá-se por feliz por o primeiro-ministro ser Sócrates em vez de Marques Mendes cuja imprevisibilidade intelectual seria sempre motivo de problemas. Sócrates é o primeiro-ministro que Cavaco gostava de ter sido, não precisou de ir aprende a falar, tem um partido a seus pés sem se saber qual a marca do seu carro, iniciou-se no governo com uma sólida maioria absoluta, governa sem oposição e tem um presidente bem mais fácil que Ramalho Eanes ou Mário Soares. Cavaco é o presidente que Sócrates mais poderia desejar, um político co-responsável pelo impasse da economia portuguesa, ancorado num partido em crise, um presidente que quererá ficar na história de Portugal pelo que lhe resta uma pequena margem para desencadear crises políticas. Esta relação entre Cavaco e Sócrates lembra-me a tradição de alguns povos, em que no caso de morte do marido a mulher casa com o cunhado. Com a derrota de Soares restou a Sócrates casar com Cavaco, e este não terá outro remédio senão cumprir com as suas obrigações conjugais ainda que não fosse esta a esposa desejada. O sonho de ter um dos seus na presidência pode tornar-se num pesadelo para a direita, Sócrates pouco fez para ter Soares na presidência e Cavaco nada vai fazer para ter Marques Mendes no governo, até porque depois de o PSD ter feito tanto disparate ao tentar simular políticas à esquerda, Sócrates está a revelar-se um excelente executor de políticas de que a direita afirma ter direitos de autor. Nestas condições apenas subsistem duas dúvidas: saber se o PSD consegue sobreviver sem usar o poder para alimentar as clientelas que se unem à sua volta e se nas próximas legislativas Sócrates vai ou não conseguir ultrapassar os 50,6% de Cavaco Silva.