sexta-feira

Think thank - Por Marvão

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Ainda a propósito de Marvão e da sua frustrada candidatura à Unesco recentemente chumbada, sem piedade nem justificação - tal como se impunha, recebi alguns mails de reconhecimento pelos artigos postados no Macroscopio. Alguns blogs menos distraídos e mais empenhados também ampliaram o tema. Perante isto ocorreu-me pensar uma coisa simples:
  • - Temos a tão proclamada democracia, com esta abre-se caminho para a exercitação da cidadania;
  • - Temos, complementarmente, a blogosfera que é um veículo 5* para organizar em rede uma discussão pública. Sem ataques pessoais - muito correntes na província - que só ocultam uma coisa: ausência de ideias;
  • - Temos também massa cinzenta, ainda que os "mangas-de-alpaca" da Unesco e do Icomos digam o contrário;
  • - Julgo que também temos bom senso e vontade de valorizar a "nossa" terra.
- Se temos tudo isso, que já não é pouco, pergunto-me por que razão ainda não se formou um think-thank, um pequeno grupo de reflexão que pense e debata essas questões de interesse comum para Marvão e para toda a região Norte-alentejana?
- Poderia até ser um excelente meio de valorizar a acção da autarquia, ajudando-a a ver aquilo que está para além da Serra... Tantas e tantas vezes, como diria o poeta, temos de sair da casa para a ver na sua plenitude. Lá dentro ficamos tolhidos e só vemos paredes e móveis, por fora uma casa tem sempre outra dimensão, outra escala e emerge enquadrada noutro contexto mais amplo. É o que se pretende aqui com esta simples ideia - porventura já burilada por outras pessoas muito mais conhecedoras do que eu, que sou apenas um cidadão que procura estar atento às boas notícias e também às desgraças.
- Até se poderia criar um blog (de fonte aberta) - Por Marvão - que seria alimentado pelos melhores posts das pessoas da região e de todos quantos em Portugal se preocupam com Marvão. Parcerias com a Universidade de Portalegre, Elvas e em Espanha, com a imprensa regional, enfim, com as chamadas forças vivas da região. Pois quer-me parecer que as pessoas inteligentes, cultas e sábias não se localizam apenas na zona da Grande Lisboa nem no litoral do país em termos gerais...
- Julgo que um grupo informal se poderia constituir, sob o lema - Por Marvão - e não contra ninguém, como é óbvio - até porque os autarcas passam e a vila de Marvão permanece. Os seus problemas e constrangimentos também. Tal grupo, emanado da sociedade civil, teria como finalidade reunir uma, duas, três vezes por mês com vista a propôr ideias, sugestões, recomendações, medidas ou até estratégias de actuação que valorizassem as políticas públicas de Marvão, sendo que as melhores e mais válidas dessas ideias poderiam ser publicadas numa acta que depois seria partilhada pela autarquia e veiculada à imprensa regional - como forma de ampliar os ecos das pessoas que se preocupam com os destinos da sua terra e com o melhor planeamento dos recursos para atingir os resultados desejados.
- A decisão da Unesco, nos termos em que foi veiculada, assumiu uma postura paternalista e formalmente canina, logo ofensiva. Eu próprio, se fosse morador do concelho ou um marvanense, teria reagido doutra forma a esse tipo de desconsideração por parte duma agência da ONU. Mas parece que a filosofia institucional foi outra e de pendor mais acabrunhado e passivo. Julgo que teremos de ter mais garra de futuro. O problema é que o futuro é o presente continuado.
- Certamente, que essa decisão da Unesco não valoriza nada nem ninguém. Foi até um estalada a duas mãos, com luva branca e luva preta...
- Dentro ou fora da universidade - mas no seio da sociedade - seria de todo o interesse propôr a constituição desse grupo de reflexão - que seria apenas isso, e não um bando de malfeitores, com rabos de palha politico-partidários, logo olhados pelos poderes com despeito e sobranceria - receosos que estavam que o objectivo seria um "assalto" ao poder. Não!
- O objectivo seria um assalto à indiferença, à letargia e à inércia que parece, lamentavelente, comandar os destinos norte-alentejanos. A decisão da Unesco foi apenas um alarme dessa triste realidade.
- Pense-se nisso. Sem protagonismos, sem tretas nem tricas partidárias, que mais parecem os petiscos regionais, sem interesses ocultos em chamuscar A, B ou C.
- Pense-se nisso tendo apenas um único propósito em mente: valorizar Marvão com as melhores ideias, sugestões e recomendações. É para isso, creio, que serve um grupo de reflexão.
- Um grupo de reflexão que poderia arrancar, desde já, com um blog. Oxalá a ideia pegue e as pessoas, as entidades, as chamadas forças vivas da região possam adoptar o projecto e levá-lo a bom porto. Eu, que não sou "filho da terra" (fui apenas por ela adoptado), já fiz a minha parte.
  • Nota de Agradecimentos: deixo aqui, desde já, os meus agradecimentos aos bloguers que prestaram atenção a este silêncio ensurdecedor, linkaram e deram eco a uma evidência que urge afinar. Este post também é para eles. E se eles pensarem 5 min. nisto dar-se-ão conta da força e da legitimidade que poderão vir a ter. Força e legitimidade - essas - que não valem por si, mas pelos valores de que são portadoras e pelos ideais por que lutam. Afinal, valores e ideais por Marvão...