Na escola com Friedman: o "Tomás Liberdade" e o ecletismo da Gi
Na escola com T. Friedman. Eu posso ser o aluno, esta pode bem ser a minha escola primária e a Gi pode ser a professora, ou, o mais certo, a colega de carteira.
A n/ amiga Gi tem um ecletismo translumbrante. Faz-me lembrar aquela definição de imaginação sociológica que C. W. Mills - um sociólogo norte-americano emprestava à fixação daquele ecletismo epistemológico: tanto falava de ballet contemporâneo como da subida dos preços do petróleo. Esta sistematização da Gi sobre o pensamento do jornalista T. Friedman espelha isso mesmo. Ora vejam e leiam...
(...) in Uma cigarra na paisagem -
"É um artigo de Thomas Friedman – colunista do New York Times, repetente nos Prémios Pulitzer , com três sucessos de venda publicados: Longitudes and Attitudes, From Beirut to Jerusalem, The Lexus and the Olive Tree, – e um último que para lá caminha, The World is Flat.
Traduzida e publicada na edição deste mês da Executive Digest, T.F. defende que existe uma correlação entre o preço do petróleo e o nível de liberdade – baseado, ele também, em estudos onde se mostra como a abundância de riqueza - proveniente do petróleo em particular – pode reverter ou eliminar tendências de democratização.
T.F. cita Michael Ross, que recorrendo a uma análise estatística de 113 Estados, concluíra que” a dependência (por parte de um Estado) das exportações de petróleo ou de minerérios fazem com que ele seja menos democrático; este efeito não é gerado por outro tipo de exportações primárias; não está limitado à Península Árabe, ao Médio Oriente ou à África Subsariana – e não está limitada a pequenos Estados”.
A proposta é a seguinte: num eixo, colocar o preço médio global do barril de crude; no outro, o ritmo de expansão e concessão de liberdades, económicas e políticas.
Os critérios de avaliação são, naturalmente, quantificáveis: número de eleições livres e justas, os jornais em funcionamento ou fechados, as prisões arbitrárias, os reformistas eleitos para os parlamentos, os projectos de reforma económica iniciados ou interrompidos, as empresas privatizadas e nacionalizadas, and so on.
As análises de Friedman permitem-lhe propor a Primeira Lei da Petropolítica:
- o preço do petróleo e o nível de liberdade movem-se sempre em direcções opostas em estados ricos em recursos petrolíferos.
Assim, quanto mais sobe o preço médio global do petróleo, mais facilmente são eliminados: a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, eleições livres e justas, a independência das forças policiais, o cumprimento da lei e a existência de partidos políticos independentes.
E porquê? Pois, porque – segundo Friedman – quanto mais o preço sobe, menos os líderes do petróleo são sensíveis ao que o mundo pensa, ou diz, acerca deles.
Como exemplo de Estados petrolíferos com fracas estruturas (democráticas) ou autoritários, Friedman cita o Azerbeijão, Angola, Chade, Egipto, Guiné Equatorial, Irão, Cazaquistão, Nigéria, Rússia, Arábia Saudita, Sudão, Uzbequistão e Venezuela.
E deixa a dúvida no ar:
- será por acaso que a primeira e única democracia do Mundo Árabe – o Barhein – não tenha uma pinga de petróleo? "
- Obs: Friedman foi, provavelmente, o melhor jornalista em termos mundiais a equacionar o paradigma da globalização contemporânea, que tem raízes no passado, naturalmente. Friedman não é um americano estúpido. Foge à norma. E uma das vantagens que fazem dele um ser aparte, além da rede de contactos que tem entre a Comunidade judaica e até no outro lado do "inimigo" árabe, decorre dos conceitos que usou para analisar este fenómeno tão fascinante quanto complexo quanto é a metáfora da conjuntura: a globalização. Existem, de facto, muitas similaridades entre a globalização actual e a das outras fases da industrialização das sociedades, a Ocidente e a Leste. Mas a novidade da lente de Friedman consistiu em avaliar o grau e a intensidade do fenómeno no seio do qual o mundo hoje se transformou. Um exemplo: quando a semana passada o mundo conheceu uma bela notícia - a da morte de Al Zarqawi (nº 2 de bin ladras) o petróleo desceu, só foi pena que as taxas de juro do dinheiro da zona euro também não acompanhassem essa tendência, assim pagamos o dinheiro mais caro. Logo, é bom para a economia mundial matar terroristas, porque matando-os tende a desaprecer os níveis de ameaça e, com isso, aumentam os níveis de confiança na economia global, o que é bom para o comércio e para os níveis de riqueza e de bem-estar das sociedades. E quando faltar o petróleo? Eis uma questão ainda não equacionada? Aquela correlação é interessante, mas os EUA têm petróleo e, no entanto, a par do Reino Unido, é hoje a maior democracia do mundo. E os direitos humanos são uma constante, depois de muitas guerras civis. Tem também a Constituição mais curta e sintética do mundo. Eis o paradoxo: os EUA são sempre os mais estúpidos mas também os mais inteligentes. Friedman conseguiu explicar ao mundo como funciona a economia da informação, com todas as suas arbitragens e redes de redes no quadro global do risoma, embora a melhor obra sobre a globalização não seja dele, mas de uns senhores chamados David Held e Tony MacGrew - que não são jornalistas. Mas também isto é relativo. E a vida também.E amanhã o sol volta-se a pôr outra vez nesta linha eterna que é o tempo. Finitos, e com muito pouco tempo, somos nós... que andamos para aqui a representar peças estranhas neste teatro a que chamamos VIDA.
- Nota: a malta da E. Digest é assim, revela o pensamento das pessoas meia dúzia de anos após as ditas andarem a "chover no molhado". Nós, aqui, qualquer dia ainda reeditamos a Riqueza das Nações de A. Smith, dizemos que ela é de autoria do autor dos artigos de lixo teologico que o dn anda a publicar assinado por césar das neves e fazemos um brilharete com os direitos de autor... que podemos doar ao Jardim Zoológico para tratar melhor dos macacos alí em Sete Rios.
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