Paralelismos: o insólito regressou à cidade
À esquerda vejo Maria Carrilho, como o som da Tv está em of, sou obrigado a reconstruir a sua narrativa: vai impugnar as eleições na autarquia de Lisboa com pretexto de que houve sabotagem eleitoral e perseguição pessoal (mais do que política); à ilharga está l'infant terrible. Hoje não aparece na Tv, aliás, já não aparece em lado nenhum, porque também ninguém o convida. Por isso, também sou convocado a reconstruir-lhe a narrativa: também vai impugnar as eleições autárquicas para depôr o seu ex-amigo-presente-arqui-inimigo, prof. Carmona. Carrilho e Lopes têm, portanto, algo em comum: depôr o actual poder da edilidade lisboeta. Daí o insólito que se abateu sobre a cidade: um fala e ninguém o ouve; o outro, mesmo que fale já ninguém o leva a sério. Daí a entente cordiale (uma espécie de bloco-central dos frustrados da política caseira) que se está a desenhar para mudar os destinos da Kapital. Mas se a "Bá-Bá" entra na jogada, já não se trata duma simples entente mas duma tríplice, duma troika, e aí o prof. Carmona Rodrigues talvez não se aguente por muito mais tempo na autarquia. Agora, aguarda-se o lançamento do próximo livro de S. Lopes. Esperemos que não verse sobre marcas de carros nem leilões, senão alguém lhe terá de recordar a triste estória do Audi, do Parque Mayer, das obras do Marquês e demais buracos de Lisboa e arredores que o senhor deixou... E assim se cozem as linhas da política caseira deste burgo à beira-mar-enterrado, qual Portugal-amolador - que anuncia mais chuva do que sol nestes tempos conturbados que todos vivemos.
Foi pena que o ex-ministro Manuel Maria Carrilho não tenha seguido os conselhos de António Vitorino e só a posteriori tenha vindo denunciar o sistema de certa democratura, com as respectivas espirais de teoria da conspiração, onde entram agências de comunicação, comentadores políticos e negociantes da construção civil, bem como os engenheiros da fabricação de imagem no âmbito da teledemocracia. O único comentário que merece tal grito de alma do narcísico professor é que quem anda à chuva molha-se... se não usar o chapéu de chuva da consultadoria.
in Sobre o tempo que passa de JAM
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