O referendo ao Nuclear em Portugal
- Havia um país em que todos eram quase felizes. Os habitantes entendiam-se bem, mas tinham um problema com as autoridades económicas que tutelavam as matérias-primas estratégicas, e estes, por sua vez, também viviam tristes por não ter de governar.
- Era como se o país se tornasse numa prisão vazia, o governo não governava, os tribunais não sentenciavam porque não tinham causas, o legislativo não fazia leis e os cartórios não davam lucro. E, sem investimentos de vulto, o país estagnava, sem empregos, sem riqueza, sem expectativas. O país definhava, era uma sombra.
- Mas um dia, as autoridades económicas desse País decidiram abrir o jogo e, diante todos, surgiu uma refinaria e uma central nuclear. Esses dois projectos, pensava-se, impulsionariam o desenvolvimento do país. Mas com a mesma surpresa que surgiram esses dois projectos irrompeu também uma eco-força, uma eco-resistência que se lhe opôs: as pessoas, sem conhecimentos especializados e qualquer tipo de autoridade ou de conhecimento de causa, questionaram-se sobre a utilidade duma refinaria e duma central nuclear no seu próprio país.
- E declararam, acto contínuo, por causa da sua ignorância, sobranceria e medo, a necessidade de procurar a Justiça, para as questões que antes sempre tinham sido resolvidas de comum acordo. Passaram também a recorrer ao tabelião para registar documentos porque se perdera a confiança na palavra e na boa fé dos homens de carácter que, entretanto, desapareceram da polis.
- E, com medo da sua própria ignorância e fantasia, deram vox à razão que os aconselhou a que numa matéria tão sensível para os destinos do seu País se recorresse a esse mecanismo do referendo, de modo a que se pudessem manifestar livremente.
- Julgo que é isto que terá de ser feito em Portugal no crucial capítulo do nuclear, sobe pena de a hesitação sistemática do governo PS adiar e/ou hipotecar o futuro do país. E, já agora,conviria também conhecer a posição formal do PSD sobre a matéria. É que a simples realização dum referendo sobre o assunto obriga-nos a todos a preparar para o debate, a discutir os prós & contras, os custos, enfim, a equacionar sériamente o futuro de Portugal. Até por efeito de estudos e de experiência comparativa bem sucedida aqui ao lado na nossa vizinha Espanha - onde compramos tudo mais barato, até a energia.
- Porque razão a dona Fátima Campos Ferreira, no seu garboso Prós & Contras - em lugar de agendar programas sobre orgulhos mal nutridos e caprichos empulados, não agenda - de imediato - esse urgente e verdadeiro debate, sob o signo da verdade, em Portugal? Conviria convidar técnicos espanhóis, europeus, isto só para a coisa não começar logo a cheirar mal com as vociferações eco-fundamentalistas do costume que nos fazem recordar que não estamos na década de 70 e que o Ocidente não se chama Chernobil...
- É que isto, por muito que nos custe, é mais importante do que o aborto, o livro de Maria Carrilho e as opinião que sobre ele terá o sr. Pacheco Pereira ou a sic, ou ainda a bandeira do bes feita com 18 mil mulheres que ali no Jamor, especadas e ao sol e não pagas, toparam aquele frete promocional da banca privada a coberto dos símbolos nacionais. Que promiscuidade lamentável... Mas, infelizmente, é a cultura madaíl que impera cá no burgo e depois admiramo-nos de ver tanto subdesenvolvimento cultural a vegetar pelas valetas do Portugal contemporâneo.
- Afinal, o PS tem medo de quÊ? Porque foge e se refugia na voz embargada do sr. Manuel Pinho? Porque não enfrenta o "touro" (leia-se, o problema das fontes energéticas) de vez? Afinal, para que servem os referendos em democracia? E, já agora, para que serve a democracia?
- Macro-despacho: informe-se o sr. PM e, de caminho, deixe-se uma xerox no gabinete do ministro da Economia, o sr. M. Pinho. Talvez passe a ficar com a voz menos embargada e revele ao país que o vê atentamente quem são os novos investidores que no sector energético sucedem aos aprazados projectos dos promotores anteriores liderados por Patrick Monteiro de Barros. Pergunte-se também ao sr. ministro das Finanças se acha que estes projectos não seriam infra-estruturantes para Portugal e não ajudariam a matar o défice e a impulsionar o desenvolvimento sustentável no país. Mande-se cópia também para Belém que tem por lá um economista que sabe da poda e cuja reacção seria interessante conhecer, ante a crónica hesitação "pilatiana" (de Pilatos) do PS.
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