segunda-feira

A refinaria de Sines e o Nuclear

MINISTRO DA ECONOMIA MENTIU? Alguém mentiu ou está a mentir (in Jumento): «Pedro Sampaio Nunes, sócio de Patrick Monteiro de Barros, garante que o empresário nunca prometeu que a projectada segunda refinaria de Sines iria emitir 2,5 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono (CO2) e que esse valor não consta de qualquer documento oficial.» [Público assinantes Link] Será que o senhor ministro da Economia leu o protocolo que assinou, ou não teve tempo antes da cerimónia pública para perceber the all picture?

Faça-se um referendo..., depois duma sólida discussão pública que hoje a TSF e o DN dão o pontapé de saída.

- Esta relação da política com a técnica pressupõe uma relação mais dialogoda e transparente entre o poder político e os promotores do projecto, em qualquer grande projecto infra-estruturante para o país. A relação do Político com o cientista poderia colocar a questão nestes termos: - O estudo do ambiente, da saúde, da biologia entre outros territórios do saber, que mexem com a economia e o nosso habitat, só é viável se forem criadas linhas de comunicação entre o triângulo estratégico: decisores políticos, cientistas e cidadãos. Sem esta multidisciplinaridade a cadeia de comando (e reconhecimento das populações) não funciona. Hoje nada se faz sem a soberania do conhecimento: a investigação, a inovação, o crescimento económico e a consequente melhoria da qualidade de vida em termos de saúde, ambiente e conforto. E só porque os preços do petróleo voltaram a subir é que a questão do nuclear se volta a colocar na sociedade portuguesa, quer dizer, ela coloca-se - erradamente à posteriori - e não, como devia, equacionar-se preventivamente. Assim, andamos a reboque dos acontecimentos em vez de os antecipar, e com a fonte energética que alimenta quase tudo em Portugal é isso que se passa.

- Depois também são vagos e incertos os conhecimentos que se sabem sobre este processo da refinaria de Sines. Houve pouco debate público e as declarações surdas de M. Pinho também não ajudaram.

- Porque não fazer pela 1ª vez um debate sério em Portugal sobre o tema?! Por um lado existem os cientistas que possuem conhecimento e influência; os decisores políticos a quem cabe o exercício do poder; por outro, os cidadãos sobre quem recai o exercício daquele poder e influência. Apesar da dualidade, a realidade é mais complexa, já que a sociedade civil global vai colocando questões e dando respostas obrigando a rever o precário equilíbrio entre conhecimento e poder, ciência e sociedade bem como a viabilidade da noção de governança associada às políticas públicas.

- Não fazer esta discussão, que pode muito bem comportar a realização dum referendo em Portugal a fim de decidir (ou não) da introdução do Nuclear no País, é meter a cabeça na areia, como faz a avestruz e esperar-esperar que o leão não lhe coma o resto que fica de fora, que é como quem diz: esperarmos que o barril do petróleo atinga os 100 dol. para depois andarmos todos à chinesa em Portugal, ié, de bicicleta. O pior é se essa súbita e exponencial demanda de bicicletas fica tão cara que se torna depois urgente fazer outro referendo sobre a gratuidade das bicicletas.

  • Macro-despacho: em lugar do prof. Marcelo discutir os mapas das vitórias e das derrotas das equipas no mundial de futebol ele que leve para a RTP mapas dos prós e contras da introduão do Nuclear em Portugal. Já chega de tanta basófia, de bandeiras nacionais com 18 mil mulheres a segurar no pau, etc, etc... E com isto o Portugal vai sendo adiado e o que é verdadeiramente essencial à sustentabilidade do País não se discute. O mais importante, segundo estes cronistas da conjuntura, é saber se o figo ganha 100 mil cts mês ou se só ganha 80 mil dele; e o mesmo se diga do Mourinho e conexos - que já não deve ter contentores suficientes para guardar o dinheiro que recebe à custa dos otários alienados. Daí a responsabilidade do analista quando vai à tv dizer umas tretas.Ele tem de saber que tretas deve dizer e as que, em nome do bom senso, deve omitir. Informe-se o dr. Marcelo desta urgente necessidade ou será que ele se quer transformar no Gabriel Alves da análise política em Portugal.