segunda-feira

Nuclear: Sim, Não? Nim...

Antecâmara:
Infelizmente sempre que os preços do petróleo disparam ficamos com o rabinho entre as pernas e desejamos fontes de energia alternativa. Só que em vez de pensarmos preventivamente nas coisas andamos, as usualy, a reboque dos acontecimentos e da conjuntura internacional. E quem vai atrás... molha-se. A 18 de Abril postamos aqui esta mesma reflexão. Como ela se encontra actualíssima e é um já um texto digno de Antologia urge republicá-la, mesmo que isso nos custe mais um link aos autores do blog que, curiosamente, tem o nome que tem. De facto, há burros e burros - e este até parece que já pega de nuclear.
Nota prévia:
É muito curioso ver o enquadramento sobre o Nuclear que aqui nos dá o maior e mais completo blog nacional: O Jumento . É pela qualidade e sustentabilidade intelectual deste tipo de reflexões que dissémos aqui oportunamente que este blog, cujo autor desconheço, presta Serviço público ao País. Ainda por cima, à borla. Publique-se, pois, porque há muito lugar na vitrina.
  • NUCLEAR: SIM, NÃO? NIM Não disponho de elementos para o afirmar mas arrisco que Portugal será dos poucos países industrializados que não dispondo de recursos energéticos não apostou no nuclear, aliás, o nosso país será muito provavelmente o único país industrializado que nunca reflectiu seriamente sobre a questão energética e, pior do que isso, nunca teve uma política energética. O pouco que por aí se pensa e se escreve nasceu no ISEG, nos finais dos anos setenta, onde foi criada uma cadeira de economia de energia, que era dirigida por Henri Baguenier. Portugal ainda vive no rescaldo da independência de Angola, nada se fez nem no plano da poupança, nem da busca de soluções. Consumimos energia como se fossemos um país árabe, o nosso Estado comporta-se como se tivesses recursos ilimitados e não se conhece uma única directiva que vise poupar energia na Administração Pública, a regra é gastar enquanto se pode. E o debate público não ajuda, desde logo porque está inquinado por idiotices, desde o mito das energias renováveis ao do perigo nuclear, anda muita gente convencida de que resolve todos os problemas energéticos inalando ventoinhas, ou que estamos livres do risco de contaminação porque não temos nenhuma central, na esperança de que quando houver um acidente em Espanha a maré esteja a encher e o vento sopre de Oeste. O petróleo está caro e Portugal tem sido fortemente penalizado pelos seus preços desde os anos setenta, e as energias renováveis poderão ajudar mas nunca resolverão o problema. Resta a opção nuclear, mas essa te sido excluída porque a não ser que se consiga instalar uma central no meio do Atlântico, ninguém a vai querer à porta, se neste país nem se consegue instalar um aterro sanitário imagine-se o banzé, imagine-se no que dava uma central nuclear. Resta-nos continuar a gerir a nossa pobreza e a invejar os preços da energia em Espanha, aliás, a invejar tudo o que vemos para além da IP5.

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Henri Baguenier - a quem dedicamos esta reflexão. Que é igualmente dedicada ao sábio VS.