Hipocrisia da RTP e as gibóias da democracia
Este senhor dá pelo nome de Cunha Vaz, fortemente visado por Carrilho - no seu livro. Nós aqui não dispomos de elementos particulares que nos permitam seguir absolutamente Carrilho, mas a minha apreciação leva-me a supôr que não andará longe da verdade. E porquê? Desde logo, não se compreende como é que a RTP quer fazer um debate sério e credível sobre o problema quando deixa o "detonador" fora da discusssão... Ou seja, este senhor é ou representa, alegadamente, uma cabecinha da hidra que anda por aí plantando ovos de jacaré nas almofadas da nossa democracia, e a direcção de informação da rtp não teve a lucidez de se lembrar de incluir este senhor no painel da discussão pública, responsabilizando-o, dando-lhe uma existência que doutro modo não tem - porque se esconde, se oculta. Pior seria impossível por parta da rtp.
- - É caso para dizer que a rtp pensa mesmo em tudo!!! Temos escrito sobre o assunto, e cremos que este neocorporativismo tem de ser escrutinado, pois os riscos de ilusão que estes agentes do neocapital - no quadro da racionalidade comunicacional das democracias informacionais - penalizam e amputam as boas regras do jogo democrático influenciando, assim, de forma nociva a transparência de todos os participantes no debate.
- Carrilho pode ser pavão, e é-o; pode ser arrogante, e também o é, mas não é estúpido nem tosco e só quem não sabe o B-A-Bá da política é que entende que estes mediadores são anjos dependurados em paredes velhas de igrejas em ruínas. Não são. Estas agências de comunicação, nem todas - certamente - têm um objectivo: ganhar encomendas, volume de negócios na esfera política, quotas de mercado em sectores de fronteira, potenciar a influenciação política em zonas cada vez mais abrangentes, nem que, para isso, recorram à lógica da ocultação - que interfere com a democraticidade exigida em qualquer processo eleitoral e interferem no discurso político, na lógica da captação de recursos e angariação de fundos, na desvirtuação da democracia, na dissimulação.
- Ou seja, são actores que corrompem activamente a democracia, são os novos constritores da democracia, matam o sistema por asfixia. E como organizam a sua acção comunicacional - nem que seja para promover o mais medíocre dos candidatos de forma a impô-lo aos eleitorados (cuja formação de vontade ajudaram a corromper), não andaria longe se aqui designarmos algumas dessas agências de comunicação como as gibóias da democracia: matam o sistema democrático por asfixia.
- Se a dona Fátima campos Ferreira fosse, por hipótese, Maria Flôr Pedroso - uma jornalista competente na área política e sabe o que faz com isenção, rigor e equidistância, teria, necessáriamente convidado uma das alegadas "cabeças da hidra" - que aquele senhor alí representa na fotografia (com a mão segunrando no queixo), e que é visado por Carrilho. Pelo menos, teria de se justificar públicamente desta pequena farpa que aqui deixamos. Não em defesa de Carrilho, mas em defesa e em nome da Democracia, do Estado de direito e de Liberdade de expressão. Não tenho qualquer dúvida em pensar que essas agências de captação de recursos e de influenciação da opinião pública, operam à margem dos mecanismos democráticos normais, assim como inúmeros jornalistas que nem formação técnica, cultural e humana têm - ocupam lugares de destaque e de responsabilidade quase ilimatada - ficando sempre impunes os seus erros, dislates, acções e omissões (e também comissões e outras avenças).
- Ora é precisamente um dos elementos dessa viciação do jogo democrático que, à cabeça, a rtp da dona Fátima, cirúrgicamente não convidou. Assim não se faz ondas, e tudo fica mais ou menos como está. Vai tudo para tribunal. Não pode ser. Sabe-se já que em Portugal quando não se quer verdadeiramente resolver ou esclarecer um problema ameaça-se com o tribunal. A democracia exigiria que aquele senhor fosse a estúdio e, perante o país, pudesse dar a cara e ser confrontado pelo debate público, o que faria dele um interveniente qualificado na defesa, provavelmente, dos seus interesses próprios.
- Aliás, tenho até uma forte convicção de que se o sujeito fosse convidado declinaria imediatamente o convite, seria mau para o negócio e, assim, não se exporia para continuar a ficar na sombra a angariar, clientes, já se vê!!. Na sombra das gibóias constritoras desta democracia do cifrão em que vegeta o sistema social, comunicacional e político nacional.
- A configuração do painel e dos convidados - é bem a ilustração prática dessa limitação da democracia das direcções de informação da rtp que, supostamente, faz serviço público. Termino dizendo que em Portugal nem todos são parvos: e alguns percebem à légua que muitos desses mediadores da tanga, alguns nem o 12º Ano completaram, outros levaram 8 anos para completar a merdinha dum curso de direito,e outros ainda têm grandes CV no pato-bravismo do imobiliário lisboeta, ganham a vidinha corrompendo as regras do sistema democrático, tentando agenciar recursos para comprar opinião, gerar boa imprensa para os clientes que patrocinam (como se de um sabonete se tratasse...) e, assim, fazer sobrepor o princípio da popularidade ao princípio da qualidade em democracia.
- Veremos quantos ovos põem as gibóias da democracia em Portugal, com a particularidade - quase milagreira - de terem causado uma covulsão entre políticos e, quando eram suposto serem os primeiros a ser chamados à pedra e responderem perante a vitrine do País - ficam na sombra do seu refúgio disfrutando das fortunas que consolidaram através das debilidades do corporativo, viciado e corrupto jogo democrático.Ei-los: os constritores do sistema democrático, as gibóias da democracia, os asfixiadores do rule of law.
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- Nosso relatório do "púgrama": O texto supra foi escrito antes do programa de dona Fátima ir para o chão. Depois de ver aquele teatro - talvez começasse por dizer: Palcos, para que te quero? - dizia um actor desempregado. E por falar nisso, gostei muito de ver a prestação de Emídio Rangel que só foi pena não ter denunciado essas práticas corruptoras das Agências de Comunicação (AC) quando dirigia a Sis. Mas esteve bem, e mostrou que vai 7 vezes por semana ao solário; Carrilho tem um ar mais jovial do que Jacques Lang, mas foi corajoso porque só faltou chamar pulha e canalha a rIcardo cOsta. Como o fez várias e abundantes vezes (perante a cobardia do visado que não ripostava) concluímos que Carrilho é um animal político, um political zoon aristotélico; ainda tivemos para ir ao seu encontro para ver se apertavam a mão ou o pescoço um ao outro. Falta Pacheco, o grande Pacheco: de livro na mão mais parecia o Garcia Pereira a doutrinar as massas iletradas da Lisnave com o livro vermelho de Mao. O problema é que a seguir ele pega no barco e zarpa Barra fora, depois ninguém o leva a sério. O mesmo se diga das cambalhotas intelectuais, ideológicas de Pacheco Pereira. Apesar de anjo contido numa igreja que já fez o seu revisionismo histórico, Pereira nada mais tem feito na vida do que repetir os argumentos de Carrilho, mas reconhecemos que ganhar, alegadamente, 1000 cts mês (ou mais) na Sic obriga a muita coisa, até a fazer mortais encarpados terminando com mergulhos de coxi. Sublinho, para concluir, um momento de rara beleza citacional (à falta de melhores argumentos: quando Ricardo Costa evoca a obra da cultura desenvolvida por Teresa Patrício Gouveia cujo legado foi, como disse Costa), varrido por Carrilho. Aí Pacheco, embeveceu. Ricardo Costa, director da Sic passou a anoite a tergiversar. Um autentico guerrilheiro. Se tivesse em estúdio perguntaria ao sabichão da Outourela se tinha preparado a sua prédica com o manual de Guerrilha Urbana de Carlos Maricela à cabeira. Afinal, este Portugal é um país bem mais filho da ..... do que já supunha. É bem pior do que o mau que já existe. Isto entristece-me ver uma sociedade portuguesa verdadeiramente canalha, torpe. Quanto à tese de Costa sobre as câmaras ocultas nos estúdios escuros - também ficámos esclarecidos, e foi sob a capa da sua arrogância e displicência de casta, que percebemos que ele não falara como jornalista, mas enquanto político numa democracia à romena post-queda do muro de Carnaxide. Pareceu-nos um frustrado, pois deveria estar no Parlamento a fingir que era jornalista, assim está na sic a fingir que é político. Tanto ele como Rangel mais não fizeram do que acertar contas pessoais em nome dos velhos tempos. Até parece que todos aqueles actores, excepto a cabecinha da hidra - o sr. Cunhas vaz que tem miufa de se defender (sugerimos a compra dum cão) - que deveria estar presente e não esteve,quando não recebem os seus direitos fazem um drama. Depois cai o pano, sobrevém os bacalhaus, os risinhos de falsete e as promessas de que serão todos novamente amigos do lado esquerdo do peito. Para a próxima vou ver se não me esqueço de pensar que quando fôr ao teatro deverei lembrar-me de que A. Lincoln morreu por causa disso. Onde é que fica o exílio???
- Dedicated to:
- V.Sudjansky pela permanente inspiração. Porque agora para vermos teatro basta-nos abrir a tv, e aí se vê Gil Vicente. O Gil Vicente perdeu.
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