domingo

Parkinson na Igreja e a hóstia que cai

Já começa a ser demais. Aviltante até!!! Nunca pensei encontrar tamanha coisa numa igreja. A estória que vou contar é verídica e passa-se numa paróquia circundante, embora também já tivesse notado tal conduta noutras casas de Deus. É Domingo, arranca a missa. O rebanho de Deus diz presente. Mais meia dúzia de rituais banais e a coisa acontece. E que coisa é essa!? e o que é que acontece!? Bom, se não visse isto não acreditaria, estaria a blasfemar, como diria o outro. Para completar o cerimonial religioso e as pessoas irem em paz para casa - já com o trigo de Deus na barriguinha - o rebanho perfila-se em fila indiana, muito ordeiro e disciplinado. Não tem nada a ver com uma saída do metro às horas de ponta, ou uma entrada para o futebol club do Porto - em que os grunhos se atropelam uns aos outros - qual feira de Ovibeja... Daí o momento mágico: o Padre está de mão esticada para depositar a hóstia na língua afiada dos crentes de Deus. Só que como é consabido a maior parte dos frequentadores de igrejas têm mais de 60 anos, e alguns velhotes, infelizmente, já têm inúmeras doenças e patologias cuja comportamentalidade nós aqui nem sequer compreendemos. Mas a coisa lá avança: de um lado o padre de mão esticada; do outro, o rebanho de língua afiada para receber a coroa de Deus, qual batata frita sem sal. Sucede que muitos velhotes têm tiques, outros já se locomovem com muitas dificuldades, rastejam mais do que andam, e outros ainda têm a cabeça sempre aos solavancos, numa agitação pendular pegada, como se dissessem Sim e Não!! ao mesmo tempo; depois Não e Sim - tudo a uma velocidade frenética!!! Parecem perigosos mas, na realidade não são. Embora haja quem pense que se trata de Bruce Lees em potência.., ao que vejo!!! O padre diante este espectáculo fica horrorisado a ponto de, quando deposita a hóstia na boca destes casos mais graves, entra num registo mecânico de avanços e arrecuas com a hóstia na mão, não vão os velhotes - sem querer e por força da doença que já não dominam - ferrarem-lhe os dentes nos dedos. Na maior parte dos casos, excusado será dizer, que a boa da hóstia vai parar ao meio de chão e acaba por ser espezinhada. E eu que só quero dar um abraço a Deus e apanhar umas amigas mais novas e conviver um pouco aos domingos na livraria do lado, acabo por vir de lá doente com este jogo mecânico do "tira e mete" porque o padre tem receio que os crentes com parkinson lhes dêm uma valente dentada. Vai um tipo à igreja para ver Deus - soberano naquele Altar - e acaba por vir de lá verificando que o padre tem medo que lhe trinquem os dedos por entre essas dezenas de hóstias espezinhadas no chão. Tudo porque..., e a cena repete-se!!! Assim, não há hóstias que cheguem, já que a fé também não é muita.
  • Dedicamos este blog à Inês, que tem 15 anos, e já é uma Senhora