"Ai éve a drime": to be opac or not to be transparent
Nem sempre temos de falar no Sócrates nem no governo, ou no Cavaco, ou na crise que já é recessão, ou nos favores de dona Constância a partir directamente do BP. Ou desancar naquilo que já não existe políticamente, Lopes. Ou na pedofilia da estação da Tvi, ou... Não!! - há noites diferentes. Há noites levitadas. Noites que parecem mostrar-nos a natureza da eternidade, essa linha de que só conseguimos pontuar mui pouco, pondo lá um grão de areia verdadeiramente invisível, quase insustentável, tamanha a sua leveza. É sobre esse grão de areia que este post versa. Isto implica sabermos que dentro de nós existe um assembleia de heterónimos (expressão que inventámos precisamente para dedicar a F. Pessoa - seu maior ilustrador em Portugal) que nos empurra para a parede. Mas não é para depois termos aquele comportamento que as crianças autistas (pendularmente) desenvolvem, Não! Nem sequer é para ofender os judeus ante o Muro das lamentações - que em Portugal ainda são maiores e piores. É, antes, para tentar demonstrar a razão da nossa existência. E hoje descobri, ou pensei ter descoberto, que a "coisa" se explica, em boa medida, através do mecanismo que passarei a descrever e que responde pelo nome de - opacidade à transparência. É óbvio que isto se aplica a muita blogosfera que usa máscara, quer dizer, está no teatro permanentemente. A minha máscara é, apenas, a minha cara, o meu nome, se bem que até ela por vezes me surpreenda. Mas vejamos como aqui se procura desmontar essa noção de rae presentare - i.é, tornar presente o que está ausente, conceito esse depois levado do teatro para a política e depois deu no que deu: nos parlamentos (representativos) que temos, com todos aqueles senhores usando abusivamente da máscara, porque estão mais ausentes do que presentes. Embora a presença reflicta, em inúmeros casos, a mais grave das ausências. Talvez por isso não mereça ir a tanto lugar. Talvez!!! Mas o ponto é este nesse efeito de passagem da Opacidade à Transparência: no início dos tempos a luz emitida pelo universo era imediatamente (re)absorvida e não tinha possibilidade de chegar até nós, até à Terra. Foi essa opacidade que limitou o nosso campo de visão, tirou-nos até a esperança de ver o próprio Universo. Mas depois da emissão dessas luzes e dessas radiações apareceram as palavras, alguma velhaquinhas, outras mais bondosas. Foram elas que vieram dar algum sentido ao caos do mundo, foram elas que trouxeram alguma ordenação e transparência. Algumas até são mais belas do que uma flôr, ou uma mulher - que como é sabido - são portadoras de surpreendentes espinhos. Algumas, algumas!! Aqui chegamos ao nó górdio do jogo que explica a opacidade e a transparência. Aqui chegamos aos campos sociais que se contrapõem, que se neutralizam quando não se agridem. Eis a transparência das palavras, e assim como o vidro é transparente porque a lux passa através e volta a sair para o exterior - também algumas palavras têm essa função de irem e de regressarem, por vezes com dualidade e ambivalência extrema - que já nem sabemos se o pensamento que tivemos cai nessa sua quadratura de significados. Assim como se desconhece para onde o universo é transparente, também não podemos precisar - como um relogoeiro - até que ponto as palavras são precisas. Andam lá perto, são mais ou menos, mas nunca são a máxima potência do que vemos ou imaginamos, daí a necessidade doutras linguagens. Doutras capas, doutras máscaras, por vezes até doutros vested interests - outras vezes só vested - (sem interest). Olho-me dentro da galáxia e logo percebo que não passa dum ponto - só visto ao microscópio (e não no macro), e nem é necessário estender o raciocínio ao universo, basta centrá-lo aqui - na blogosfera. Mas é dentro desses infímos pontos, nos seios de algumas dessas máscaras, que se desenvolve a nanotecnologia do nosso Ser. Creio mesmo que é dentro dessas fracções cujas identidades são mais ou menos assumidas, algumas aos bocheixos, aos solavancos, às empurradelas, como quem só consegue pensar dentro dos eléctricos antigos que percorriam Lisboa inteira, que emergirão novas galáxias do pensamento. Quais superenxames peregrinando pelo mundo, sempre vazio, sempre frio, até no Verão. No fundo, transparente e eterno é o universo caminhando em direcção ao futuro, e não nós nele.. Apesar das nossas ilusões. Não passamos de seres opacos apesar d'alguma transparência logo turvada pelos raios de luz que se interpõem.
- Este post é dedicado a toda a blogosfera: a que usa máscara e a deixar cair - de quando em vez; e aqueles que não têm máscara apesar de saberem que a vida não passa dum Carnaval: Ser ou não ser Eis a ficção... Bem haja Guilherme.
- Ofereça-se à blogosfera - à que usa "escudo" - o Livro do Desassossego de F. Pessoa. Promova-se a aplicação da medida junto dos gaminetes dos ministérios integrados - da Educação, Scientzia e "Kóltura" - e cometa-se aos contín(u)os - hoje técnicos de acção educativa (se é que a semântica já não mudou outra vez) - a tarefa de os distribuir às entradas das escolas secundárias, universidades, à boca do metro, prédios de frequência duvidosa (nestes casos com a anuência ou, se possível, com a cumplidade estratégica das porteiras) salões de Jogos (o "Vergas" - é um belo antro de.... alí ao Rato - refiro-me ao Liceu Pedro Nunes onde andei - e não ao sótão da sede do PS onde alguns socialistas conspira(v)am contra outros socialistas). Depois já poderão dizer todos - antes de morrerem e em uníssono - Não sou nada... Sou uma ficção - e rezarem uma mesinha de agrado a Álvaro de Campos.
- Ofereça-se também exemplar do dito ao PM - apesar de ser um homem inteligente, e nunca precisou de conspirar (contra Guterres..), eram amigos.
- Quem não gosta do queijo de Castelo Banco (qmêta) o dedo no... ar!!
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