Tradição e Revolução
Duas notas prévias:
1. Este livro é uma ferramenta de trabalho verdadeiramente indispensável. Não apenas porque (históricamente) permite compreender as revoluções do passado, mas também porque porque permite compreender as (tendências) das revoluções do futuro. Combina vários métodos de surpreender o real, desde o histórico ao jurídico, do sociológico ao politológico. Funciona ainda como potente motor de busca - tipo enciclopédia - e comporta uma cobertura geo-temporal que vai dos sécs. XIX ao XXI. Embora nunca perca o essencial que é a busca duma Caracterização do Portugal Contemporâneo.
2. Perguntamos: por que razão evocar esta Obra novamente (?) apresentada por Marcelo Rebelo de Sousa em 2005.. Porque estamos a (re)viver mais um 25 de Abril.. É curto!!! Na maior parte das vezes pouco importa o nome que damos aos acontecimentos históricos. Mas, pelo menos, o autor deste trabalho reveste-se de considerável significado prático (enciclopédico). Por ex., Crane Brinton comparou os factos ocorridos na Inglaterra do séc. XVII, na América do séc. XVIII, em França em 1789 e na Rússia em 1917. Por esse caminho Brinton demonstrou que todas as revoluções têm uma anatomia própria. Podem ser investigadas na origem não só das suas causas (passado), mas também em função do curso que assumem (futuro). No fundo, todas elas arrancam com uma "lua-de-mel" e depois, bom depois!!! - são como os casamentos - passe a analogia: tudo se estraga, até o passado (bom ou menos mau). Mas é à medida que o caminho é desbravado que ficamos no meio da ponte, i.é, hesitamos em qualificar inúmeras situações de uma revolução (quando as dinâmicas sociais partem de baixo para cima) ou de refolução (conceito do historiador britânico - Timothy Garton Ash) - quando as dinâmicas partem, ao invés, de cima para baixo. Claro que isto é relativo. Todavia, fica a sugestão acerca de que estádio é que hoje Portugal, bem como os países da Europa, se enquadram perante tais dinâmicas sociopolíticas neste carrefour da globalização competitiva. O que é hoje, afinal, um governo neoliberal de esquerda? e um governo neoliberal de direita? Será que isto afasta mais ou faz convergir Sócrates e Cavaco para o mesmo "caldeirão" do "João ratão" da "política à portuguesa", segundo a fórmula do Arqº José António Saraiva? Estes e muitos, muitos outros fatal-concepts podem ser identificados nesta Obra que se não puder ser comprada sugerimos seja imediatamente "furtada".
- Deixamos o ciberleitor na companhia do próprio resumo do autor, José Adelino Maltez, autor do blog - Sobre o tempo que passa. Um império que já não há, uma língua que é futuro, dois regicídios, outros tantos magnicídios, três guerras civis, campanhas de ocupação e guerras coloniais em África, uma permanente guerra civil ideológica, três bandeiras, uma guerra mundial, seis constituições escritas, sete presidentes eleitos pelo povo, oito monarcas, a separação de nove Estados independentes e, muito domesticamente, quinze regimes, com duas monarquias e três repúblicas, sem que voltasse D. Sebastião, apesar dos heróis do mar e do nobre povo. Mais: oitenta eleições gerais, cento e vinte e tal governos, 13 233 dias de salazarquia, duzentas turbulências golpistas, cinco revoluções, outras tantas contra-revoluções, com restaurações, nostalgias, utopias e reviralhices. Oito dezenas e meia de chefes de governo, cerca de meio milhar de partidos e facções, várias congregações e outras tantas maçonarias, muitas fragmentações de um todo que resiste, com mais de cinco mil factos políticos seleccionados. E sempre a frustrada modernização de um Portugal Velho que quis ser reino unido e armilar, entre antigos regimes e jovens democracias. Graças à balança da Europa: desde El-rei Junot ao estado a que chegámos, com passagem por Évora-Monte, Gramido, Ultimatum, Grande Guerra, neutralidade colaborante, Vaticano, CIA, KGB e integração na CEE. Sobretudo, um povo sem rei nem lei e até sem sinais de nevoeiro.
- Afixe-se na vitrina do Parlamento (não confundir com Barlavento algarvio conexo às férias antecipadas dos senhores deputados) na esperança de que os mesmos, e a generalidade da classe política, possam lavar (bem) a cara. Para aqueles que ainda a têm, óbviamente...
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