Micromobilização da blogosfera e a sociologia do encontro
-
Esta iniciativa está sendo divulgada no blog Oceano das palavras
Se pensa que estas são as aguarelas que o "caga-milhões" (segundo a terminologia do Jumento) do ex-Pres. do Sporting vendia aos turistas na pastelaria Suíça, está enganado. As outras eram bem piores. Mas o tema deste post versa sobre a sociologia do encontro que se está a alinhar na net que e visa reunir os blogers no II Encontro Nacional da Blogosfera. Veremos aqui como a sociologia - que é consabidamente uma ciência oculta - tal como a ciência política - pode enquadrar esta ciber-iniciativa que vimos (re)publicitada no Jericó. Esta reflexão, através do auto-pulman em que já se tornou o Jumento, é dedicada a todos os blogers, especialmente aqueles que fazem serviço público de graça e em nome duma ideia de Portugal. Um país que se quer mais Justo, Livre, Democrático e Desenvolvido.É sabido que quando dois ou mais artistas revelam interesses mais ou menos convergentes está aberto o caminho para uma "marmelada" maior. Os mecanismos de interacção individual cruzam-se agora com patamares maiores de cooperação: o plano sociocultural. Ora, é isto que, creio, estar na génese deste Encontro de blogers que foi apontado para a Serra da Estrela. Ainda cai uma tromba de neve e morre a nata da nata dos pensadores deste país. Se o meeting fosse agendado na Boca do Inferno - alí em Cascais, ainda iria.
- Aproveitava e dava cumprimentos ao Freitas na Quinta da Marinha - que, coitado, deve andar pelas ruas da amargura com tanta asneira em tão pouco tempo. Só de pensar que quando foi convidado para integrar o elenco governamental pediu préviamente a lista dos ministros já integrados por Sócrates, e fez depender a sua aceitação do visionamento prévio dessa check list... Visto a esta distância..., Deus, de facto, escreve direito por linhas tortas.
- Enfim, Freitas comportara-se então com a habitual soberba, nítida de quem se toma por um génio que não cabe em si; comportou-se como se fosse o próprio Primeiro-Ministro de Portugal. Agora, conhecidos os factos - leia-se o caso das caricaturas islâmicas glozadas por um jornal dinamarquÊs e o caso dos imigrantes portugueses ilegais no Conadá, convertera-se no maior embaraço político e dilpomático para Sócrates, um engulho para o país, um estorvo para o governo no seu conjunto, um gozo para o Grupo Parlamentar do CDs PP, e um beliscão para Ribeiro e Castro de quem se reclama ainda delfim. Delfim de quê, afinal? Por vezes julgo que estes cromos ainda vivem e pensam como se quem mandasse no país fosse o grande Botas. Não confundir o Botas - que era o verdadeiro Salazar - com o adriano MOreia e o vEiga zimão beirão que na altura eram promessas muito prometidas, esperanças muito esperançadas. Mas o grande Marcello Caetano chegara primeiro, infelizmente sem sucesso, mas ao menos faleceu num clima quente e acarinhado pelos ilustres académicos brasileiros da Un. Gama Filho e outros. Mas toda esta deriva prá 5^da Marinha por causa dos dislates de Diogo. As voltas que o mundo dá. Estamos em democracia e logo vamos parar à teia da ditadura.
- Voltemos à sociologia do encontro que anima este post. Depois de malhar na net as pessoas têm a necessidade de estar face-to-face, eye-2-eye e se forem senhoras interessantes poderemos estar back-to-back ou back & side, low & higth. Pena é que a blogosfera tenha tão poucas senhoras. O espectro conheceu o sucesso que da sedutora e frívola Constança, mas ela tem um problema: o seu nome aparece muito associado ao de V. P. Valete, um pouco como quando se fala em Freitas, lá vem a sombra do Botas, depois do Marcello e às tantas lá se está a incriminar o homem de "faxo"ou fascista que se dizia então. Depois, a Constança, que uma jornalista assanhada, além de ser uma mulher interessante, racece doutra limitação: julga-se outro Vasco e depois passa a vida a medir forças com o anjo de José Pacheco Pereira - que leu toda a sociologia, toda a filosofia e sabe mais do que ela dizendo uma ou duas notas de pé-de-página. Aliás, já começa a ser confrangedor ver aqueles dois monos - Jorge Coelho e Lobo xavier debitar ao lado de Pacheco. A assimetria é, de facto, grande. Coelho, como sabemos, tem um problema grave com a gramática, ideia daquela testa não se lhe conhece nenhuma; Xavier fala daquilo que sabe, fisco, e é o que lhe paga o Belmiro e outros magnates da finança em Portugal. E Pacheco faz história e salva o programa dum fiasco. Isto, claro está, quando o jornalista Carlos Andrade, que tem a mania que é outro comentador, não agrava a questão quando se põe a filosofar no eter e falar falando de forma sobreposta aos seus convidados. Andarde tem um problema: esquece-se sistemáticamente do seu papel - ser moderador, e este modera não intervém, como habitualmente faz. Se ele não for arrogante e tiver disponibilidade para aprender algo, podia ler este post e corrigir aquele vício do importunismo constante, o qual além de quebrar a lógica do interveniente afogenta o telespectador que faz imediatamente zaping.
- Por isso, quando me referia a mulheres na net era mesmo mulheres, autónomas, independentes, que formem ideias pela sua própria mente e não denunciem os atrelados, os pais espirituais que as teleguiam. Nuns casos, a sombra de Vasco é por demais pronunciada e isso limita a autonomia dos emergentes. E assim era um luxo ter por lá umas estrelas. Seriam as estrelas da Serra da Estrela. De preferência solteiras e descomprometidas. Pois como dizia há dias um ilustre blog, já não me lembro se era o Jumento, quando se não é casado tem-se todo o tempo do mundo para blogar. Ora aqui está uma coisa saudável. Assim, muitos casais evitam separar-se invocando o pretexto da net como a origem dos conflitos.
- Será mais um rendez-Vous, um reflexo de micromobilização, recrutamento de ideias, aliados, controvérsias, contra-ideias, identificar novos métodos de planificar a informação e a análise. Confesso que não tenho muita vocação para estas cegadas, que às tantas me parecem o navio dos loucos perdido no Triângulo das Bermudas - com gays e fufas a vomitar porque se tinham esquecido que enjoavam em cruzeiro. Mas creio que se poderá criar um clima de confiança e de mutúo conhecimento que pode levar à produção de novas identidades, de uma acção colectiva, de um movimento social que pode estar disposto a organizar-se de forma mais disciplinada em vista a um objectivo comum. E quando digo "objectivo comum" não é eleger Cavaco e pô-lo em Belém a cavaquear, é algo mais importante. Fazer um jornal - 10 mil vezes melhor do que o Jornal Digital ou o Diário Digital - nunca sei o nome... Fazer uma espécie de Expresso ou Visão on line. Mas melhor, naturalmente. É claro que aqui colocar-se-ía as questões dos melões, ou seja, da organização, dos recursos, dos fins como em qualquer organização.
- Enfim, este encontro poderia servir para muita coisa. Não nos referimos a actividades grupais que remetem para a história das práticas da Grécia antiga, que hoje os pederastas nacionais recuperam todos os dias para o folhetim pedo-televisivo que debitam à hora dos telejornais. Referia-me à necessidade de desenvolver uma coisa que o Jumento vem diagnosticando como certa, creio: a falta de blogs especializados. Poderiam eclodir como ovos de avestruz. Pense-se nisso... Espero, esperemos, não ter nenhum dissabor e vir a confirmar que o blog amigo em questão é, afinal, quem é - quem é??? - nem mais que o ministro das Finanças Teixeira dos Santos disfarçado de alto dignitário da Admn. Pública. Ou mesmo, imagine-se, o próprio Sócrates - numa talentosa e portentosa oposição a si próprio de molde a esvaziar toda a agenda da oposição do PsD e arredores.
- Até porque estes encontros devem servir para algo. Algo mais do que folclore e umas bujecas. Malhar na autoridade, desancar no Estado julgo que não é boa política. É um paradigma esgotado. Já não estamos na ditadura, embora o lápis azul se faça sentir e/ou pairar doutras formas sobre as nossas cabeças. A espada de damôcles fala-nos hoje pela via da chantagem cifrónica, mais ou menos encapotada - mas espraia-se por essa via e assim vai minando a vida e o carácter das pessoas dentro e fora das organizações.
- Portanto, este encontro poderá desencadear um processo novo em Portugal e não a habitual fogueira de vaidades entre os acidentais do costume, os filhos do independente, os amigos dos jornalistas que, por seu turno, era amigos do Portas, enteados do sacadura, assessores da defesa, do instituto de d. nacional, e de mais uma rede de clientelas mais ou menos informais que entrou em derrocada logo que Durão mandou Portugal às couves e deixou o Paulinho das feiras pendurado com toda uma entourage de jovens leõesinhos predispostos a tudo, até a fazerem de geógrafos e planificadores urbanos prontos a rejunescer Lisboa, dando-lhe uma nova face, abrindo uma nova janela para Almada através do redesenhar dos jardins do Parque Eduardo VI - baixa adentro, reformar o Terreiro do Passo e até modernizar a frota de catamarans que fazem perigar a vida das pessoas que todos os dias - como animais ensalsichados em camiões - têm de fazer aquela travessia. É uma geração terrível, corajosa, que ataca em alcateia - mas sózinhos, individualmente, não podem, nada são. Uns queques da av. de Roma & EUA que se espantam com uma sombra numa esquina mais fugaz. Aliás, muitos desses blogs ditos de referência são projectos colectivos, uma amálgama, espelham um pouco a realidade das Sociedades Anónimas, nunca se sabe quem são, quantos são, a quem obedecem, de quem recebem, e com que finalidades últimas operam no mercado da influência através da opinião. Alguns têm sucesso, mas à custa de muita ética, violando muito valor, prostituindo muito princípio.
- Felizmente, há excepções a estes acidentes de percurso. Ora é toda esta teoria do encontro, sistematização da experiência, abertura ao exterior, fixação da criatividade, alargamento do espectro de visão com que se opera, tudo isto pode fazer desta iniciativa uma plataforma para aprofundar temas, especializar tarefas, racionalizar identidades e até, abrir caminho para parcerias interessantes nos domínios da política, sociedade e da economia.
- Em suma: produzir identidades novas, criar sentido à história, criar novos nós na rede das redes, operacionalizar o rizoma - que é o nervo sob o qual todos operamos mentalmente - potenciar a consciência de que esta via de comunicação - entre os homens livres - serve também para ser posta ao serviço do Bem Comum de que falava Aristóteles.
- Em rigor, para que servirão os meios tecnológicos, as TIC se não forem para potenciar esse bem comum das populações, fornecendo-lhes melhor informação, melhor análise, melhor opinião, melhores condições para a produção de conhecimento, de racionalidade na história que passou a ser mundial, - como um comboio - com inúmeras composições - que reflectem as histórias nacionais - que ora surgem interligadas ao conjunto da composição.
- Cada vez mais as liberdades civis, políticas, sociais, económicas dependem da produção duma opinião de qualidade, para depois se soltar essa doxa - e alargar as competências das pessoas, que depende da sua acção livre. Liberdade de informação, produção de opinião, análise e reflexão são, hoje, as conexões empíricas mais relevantes, que reforçam mutuamente as diferentes espécies de liberdade. Pois o que as pessoas podem efectivamente realizar é em boa medida determiando pelas oportunidades económicas, e estas só são viáveis pelas garantia das liberdades políticas, pelos poderes sociais, hoje assegurado pelo "cão-de-guarda" da blogosfera e por um conjunto de condições de possibilidades que são a Saúde, a Educação, a Cidadania e a participação desimpedida na globalidade das escolhas sociais e na tomada das deciões públicas que induzem (ou não) o tão desejado progresso desse sistema de oportunidades. E assim chegamos também, com a ajuda da blogosfera, a uma conclusão fundamental, crucial para o nosso tempo e que ocupou boa parte da mente de um Nobel da Economia, Amartya Sen, que, para desgosto do Jumento foi apresentado e introduzido na F. C. Gulbenkian por um outro economista... Hoje a blogosfera é de fundamental importância por uma razão simples: permite não só a investigação e apuramento mas também a ligação em tempo real de todas essas interconexões. E se isto é feito com proveito para as populações estamos perante o tal conceito de A. Sen - quando nos fala de Desenvolvimento Como Liberdade. E eu bato palmas. Julgo, contudo, que não estarei sózinho nesse aplauso de gente feliz (ainda) com lágrimas, reproduzindo o título de um filme de J. de Melo que retrata o problema da emigração nacional dos ilhéus dos Açores e Madeira que o Diogo deveria ler quanto antes em vez d'ir para o Conadá em regime de férias mais ou menos compulsivas estourar o budget das Necessidades com gratuitidades. Talvez cometesse menos dislates e envergonhasse menos o país.
- A blogosfera pode protagonizar esse novo espaço de informação, crítica e reconstrução permanente da Verdade, da Ideia, da ética e da política que ora pode ser revalidado e ajudar a criar um Portugal mais uno e coeso, mais justo e desenvolvido. Um país mais lúcido, menos mesquinho e ensimesmado como certos blogs que se passeiam - com apelido decadente, como n' O Leopardo do Visconti, - e andam por aí numa sede de vendetta hiper-pessoal (com testas de-ferro e tudo), numa afirmação de egos e de super-egos - alguns dos quais dependentes do Dimple 3 murros - de que o Abrupto foi - em parte - vítima por parte doutros blogs telecomandados, orquestrados do exterior endógeno que navega no seio do portismo remanescente. É essa quantofrenia que deve cessar, até porque há blogs com 12 links que oferecem mais qualidade do que blogs com 200 links. E alguns com 200 links conseguem tanta qualidade como alguns com 4 links. Aqui a matemática da qualidade não é linear, observa outros critérios qualitativos e de alargamento do espectro analítico que só alguns blogs efectivamente conseguem.
- O Jumento, e não obstante algumas críticas construtivas que lhe temos daqui dirigido, creio, é uma pérola da blogosfera nacional. Não gosto de dizer que é "o melhor" ("O" melhor é Deus e também nunca me foi apresentado, nem o seu Tm sei), quem sou para o fazer?! e com que critérios o afirmo.., mas há ali, de forma ímpar e interligada, um conjunto de valores, de princípios, de concept-design, de hiper-criatividade, e até de apoio pro-activo a blogues que agora despontam - que têm 2 e 3 links - que fazem dele uma excepção entre os demais. É assim aquele hiper-espaço, reunindo o que de mais sofisticado há com o sistema axiológico do Pre. Américo, fazendo coabitar a modernidade com as memórias de antanho, ou seja, com fragmentos ainda vivos do último quartel do séc. XX findo mas que saltaram para este lado da fronteira e hoje andam de braço dado connosco: umas vezes para nos promover, outras para nos lançar o garrote num eterno jogo desequilíbrante do gato e do rato, do Pi-piu e do Gato Silvestre.
- Isto é sabido pelos homens livres da blogosfera, nada aqui digo de novo. Mas é útil meditar nessa experiência para inovar, gerir a mudança e apostar em novos formatos cada vez mais dinâmicos que possam fazer a tal quadratura do círculo da opinião e da análise social e política em Portugal através do ciber-espaço.
- Os autores de blogs que podem iluminar este caminho terão, certamente, tantas visões e leituras quanto o número de intervenientes neste processo de construção da verdade via blogosfera: verdade política, verdade social, verdade económica. Pois cada homem, cada blog é uma ilha, mas as ilhas também comunicam umas com as outras, reflectem ideais e valores, partilham crenças e ideais e até críticas. Valores e ideias essas que no conjunto podem desenhar o esboço de um grande ciber-movimento social - que pode operar, doravante, em registos temáticos e de forma mais especializada - e assim dar um contributo para limitar os múltiploas acidentes políticos, económicos, sociais e culturais que vão povoando este nosso pobre Portugal - mas de que todos, naturalmente, gostamos. Vova PORTUGAL. Viva Portugal através da blogosfera.
PS: Escrevi este blog para consolidar uma tomada de consciência que tinha em curso. Este anúncio do II Encontro Nacional da blogosfera apenas despoletou essa percepção. Aqui a partilho, de coração aberto. Aqui o dedico aos blogers - amigos e, sobretudo, aqueles ensimesmados do costume que julgam que o mundo foi criado com um espirro seu enquanto procuram uma tecla para digitar a arroba. Este post também se lhes dedica, aos pobres de espírito. Mesmo sem o Sermão da Montanha. Mas há uma razão prévia que desencadeou todo este fenómeno comunicacional, além, claro está, da revolução tecnológica que proporcionou logísticamente tudo isto.
A saber:
1) O sistema político e os meios tradicionais de afirmação de opinião têm vindo a perder poder e legitimidade;
2) As pessoas comuns começaram a tomar consciência que poderiam exigir novas condições de trabalho e de mudança junto dos poderes tradicionais;
3) Por último, uma camada significativa da população, relativamente letrada e com interesses intelectuais diversidicados, desenvolvem hoje um novo conceito de senso comum e de eficácia política, opinativa e comunicacional.
Estes três factores no seu conjunto podem ajudar a explicar muita coisa, especialmente a teoria que justifica a micromobilização da blogosfera e a sociologia do encontro que será corporizada nessa iniciativa - que desejamos, desde já, a melhor sorte e as melhores venturas.
<< Home