domingo

Ainda a crise

Ainda ocupado da crise múltipla que vivemos vou à net e capturo esta imagem. Segundo os experts do Google ela reflecte a "crise", ou uma das suas variantes - pensei eu... Seja como for as pernas, quanto a mim nada têm a ver com crise, falta delas sim, mas isso levanta-me uma outra questão mas que é conexa com todo este contexto de crise e de recessão que nos tolhe enquanto povo, enquanto personalidade colectiva. E uma vez que trabalhamos na produção de sentido nas relações sociais, económicas e políticas, nacionais e internacionais, a fim de estabelecer a tal tendência forte que irá produzir o futuro já no nosso presente, pergunto-me: e se esta crise, a que Boaventura S. Santos se reporta (e bem), e que nós aqui também comungamos e toda gente fala decorre, afinal, duma mera hipervalorização resultante, unicamente das insuficiências de quem analisa ou do chamado efeito auto-centrado de quem sofre as consequências da instabilidade da crise que em Portugal produz efeitos nefastos com a globalização predatória - a tal que gera a globalização infeliz do nosso tempo pautada pelo recibo verde??? E se isto tem (algum) fundamento? É claro que a questão jamais se poderá dirigir ao meio milhão de desempregados, aos agricultotes, ao empresariado (micro e médio) e à generalidade dos tugas que não conseguiram escapar a ela, à crise, o que deve perfazer cerca de 90% da população activa, ou mais... Será que aquelas pernas, sinónimo de crise no Google, também sofrem os efeitos da crise? Não creio...
  • E se isto tem fundamento, como ficam os sociólogos e os analistas de serviço que trabalham na tal produção de sentido de racionalidade e de história? Julgamos que quando não se sabe, porque a vida na última década passou a ser uma grande incógnita dado o aumento exponencial de factores de risco que entraram na equacição social e económica dos Estados, das empresas e da vida das pessoas individualmente, - ... quando se desconhece o que fazer ... - é compreensível que se evoquem incertezas, que se diga que o mundo hoje é um labirinto, que ruma sem direcção e sem precedente que ilumine o caminho e que, para rematar a obscuridade dos tempos, se diga que as políticas públicas sofrem de jet-lags inclassificáveis dado que já não se consegue explicar o atraso sistémico e sistemático para a demora em encontrar uma produção de solução global para Portugal - analítico-epistemológica e política - que seja eficiente, eficaz ou, pelo menos, satisfatória para os tugas do burgo chamado Portugal: o país dos figos e dos mourinhos, os icones do turbo-capitalismo vazio, oco e sem sentido, excepto para os contentores de dinheiro que é tanto que não sabem o que fazer dele. É caso para dizer.. tanto dinheiro para tanta falta de projecto. Mau grado a comparação, o país comporta dois problemas: além de estar teso também não tem projecto. Ou será que tem? Bom, agora temos o PRACE e mais uma catrafada de siglas, todas muito sociais, um pouco como aquelas belas pernas, que respondem pelo nome de crise.