sexta-feira

Ernâni Lopes

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Falar de Ernâni Lopes é pôr a economia em diálogo com a política e a cultura. É um homem completo. Poucos como ele conhecem os factores de poder, de lucro, de gestão nas grandes organizações e até a dimensão do próprio prestígio - que granjeou à esquerda e à direita do espectro político - com quem trabalhou. Nunca foi um homem de aparelho, mas sim um homem de Estado e, nessa base, dá-se ao luxo de trabalhar com quem quer e como quer. Esta manhã fui encontrá-lo em excelente forma no CCB, discursando para uma assembleia de empresários que o ouviam deliciadamente dissertar sobre a globalização e a resposta das empresas à conjuntura. Ele não falava, voava sobre os assuntos, com o vigor de sempre, ou talvez até mais ainda. Ora era "colibri", ora "falcão", ora "águia", ora "pomba", ora colibri de novo. Falou essencialmente da capacidade de resposta das empresas portuguesas à complexidade e turbulência económica do momento, que se agudiza. Falou dos investimentos, da evolução do capitalismo industrial para o capitalismo informacional, das mobilidades, bem como do conjunto dos mecanismos e dos processos que tecem a teia da globalização competitiva e do papel que Portugal poderá ter como atractor ou como repulsor das grandes ondas de modernização que aí vêm. Falou dos riscos de estagnação económica, da demografia, das políticas do passado que urge substituir, das atitudes perante a mudança, das legitimações nos contextos macro, meso e micro. Ernâni Lopes falou-nos, de facto, do mundo - abrindo-nos ao seu mundo. Desconfiava, contudo, que não andava a 100% e, de facto, confirmámos que ele não está a 100% mas a 110%. Explico: Ernâni Lopes luta agora contra um linfoma e fala da doença como quem fala da economia. O ano passado, a partir de França, teve a amabilidade de me ligar para acertar a data da entrega dum trabalho que fiz com gosto sobre a lusofonia neste 1º quartel do séc. XXI. Mas desconhecia que a sua deslocação a França tinha esse objectivo: confirmar a existência do tal linfoma que já havia sido diagnosticado pelo IPO, em Lisboa. A coisa desencadeou-se de Julho de 2005 em diante, e cerca de um mês antes teve a bondade de apresentar um livro de que sou autor, e aí brindou-me com uma meia hora, porventura excessiva, salientando os aspectos que julgou positivos nesse trabalho. Fiquei-lhe grato por isso. Não tanto pela ajuda que me deu mas pela lição de ética que me ficou. É que o tinha conhecido cerca de dois anos antes, e disse-lhe que tinha um trabalho para publicar e pensei que ele seria a pessoa ideal para o apresentar. Vamos ver - disse ele. Deixei ficar o grosso do trabalho e depois de o ler resolveu aceitar. Gostei. Com ele trabalhei sem rede, de peito aberto, jogo limpo, e, no final, sem cunhas, sem palavras e palavrinhas, sem esquemas, sem manipulações ou qualquer outro tipo de coacção psicológica que hoje fazem o pão nosso da vida da universidade. Um "pão" tão tipicamente arreigado ao comportamento colectivo luso, que é de lamentar. Ernâni Lopes é um homem competente, sério e honesto. Premeia o mérito. Gostei de o ter conhecido e de ter podido colaborar com ele. A sua conduta para comigo, que deve ser generalizada a todos com quem trabalha, revela bem que a sua envergadura física de quase 2m corresponde bem à sua dimensão humana e intelectual. Sempre que quero falar com ele pelo telefone atende; quando não atende liga depois. Nunca finge, é um homem com autenticidade, frontal e leal - qualidades raras hoje nos homens. E para mim foi um privilégio ter podido contar com o seu saber, prestígio e humanismo. É bom hoje tê-lo como amigo. Em face disto, que é uma gota no oceano, gostava de dizer que não tenho qualquer dúvida, e depois do que vi e ouvi hoje de manhã, que o Prof. Ernâni Lopes vai "dar cabo" em dois tempos desse tal parasita que não foi convidado para a festa - o linfoma tipo T CD 30 + que ele diz desconhecer o significado nem estar interessado em saber, e depois remata - sorrindo. Achei que lhe devia dizer isto públicamente depois de ele já o saber em privado. Long life, são os meus sinceros e urgentes votos. E que eu veja. Deus é grande, tão grande que nem O vemos. Porque se o víssemos...

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