Empresarialização da política. O que é público é meu...
Há pra aí uma teoria nova na política à portuguesa que responde pelo nome de empresarialização da política (EP). A lógica é simples: aplica os métodos, as regras, os comportamentos e a sofreguidão do lucro da economia à política. Ou seja, a esfera privada tende a privatizar a esfera pública. Donde - o que é público ou de interesse comum é "meu"; e o que é meu é inacessível ao interesse colectivo.
Dito isto, que são as balizas da dita teoria, vamos aos actores que a executam. E da pior forma. Para o interesse público, é claro!!! Aqueles dois senhores supra, são os coordenadores autárquicos do PSD e do PS. Representam, actualmente, aquela confusão de interesses - privado/público que só baralha os espíritos e não credibiliza a Política, que deveria ser transparente e nobre.
Aquele não é o Grouxo Marx, é o senhor dr. Dias Loureiro, e o o sujeito do lado é o senhor dr. Jorge Coelho. São ambos aprendizes de Maquiavel. Citam-no mas nunca o leram. Ou então não passaram do prefácio. E porquê?
Voltamos à lógica da dita teoria da EP - nefasta e fragmentadora para a tal ideia de bem comum que aprendemos com Aristóteles. O processo de escolha de alguns sujeitos pelas listas do PS - , máxime em Oeiras - é bem a prova acabada - pela parte que toca ao sr. dr. Coelho - da ilustração daquela teoria.
Esperemos, por outro lado, que o prof. Cavaco - que já deve ter tido tempo para ler as 120 páginas do Nicolau - não tenha a triste ideia de convidar o sr. dr. Loureiro - já não digo para mandatário - (porque isso seria uma afronta) mas para qualquer outra posição de destaque na sua Comissão de honra às eleições presidenciais que se avizinham. Com isso perderia o meu voto. E comigo milhares de pessoas - que pensam a política e têm dois dedos de testa - reagiriam, certamente, da mesma maneira.
Por isso, prof. Cavaco tenha tino. E não contribua também para a Empresarialização da Política, permitindo a promiscuidade dos interesses privados na esfera do interesse público. Não faça como aqueles dois senhores que nunca deveriam ter integrado um partido político. Nem o PCP... Um telefonou ao pai avisando que já era ministro e está comprometidíssimo com o sector privado e com o qual tem interesses; o outro vilipendia a gramática lusa diáriamente, minuto a minuto, segundo a segundo.
E preocupou-se, em certos casos tão pontuais quanto cirúrgicos, por escolher os piores candidatos do PS para facilitar o jogo do "inimigo". Mas recordamos aqui que o conceito de inimigo político - não corresponde, necessáriamente, ao conceito de inimigo privado, podendo até serem cúmplices em muitos negócios e negociatas. Os partidos - PSD e PS podem ser inimigos públicos, mas os seus caciques podem estabelecer parcerias privadas à margem daqueles - desvirtuando a finalidade última para o qual foram criados: representar os interesses legítimos dos eleitores com a máxima transparência e autenticidade.
Isto já não é uma democracia, é uma democratura com diria José Adelino Maltez. Qualquer dia temos um qualquer Presidente de um qualquer Conselho de Administração de um Banco a teleguiar os destinos de um partido político com vocação de poder.
Compreendo que o povo não dizia isto desta forma. Talvez evocasse o Bordalo Pinheiro e fizesse o respectivo manguito. O que é, convenhamos, manifestamente pouco under the circunstances...
"Não hadem que sim"!!! pois claro.
Os partidos com estes senhores ao leme não passam de meras agremiações de interesses privatísticos onde o interesse comum só existe na medida em que serve os interesses individuais. Tudo se confunde, deixa de haver fronteiras. E quando assim é o caminho fica aberto para todas aquelas práticas corruptas e corruptoras que pululam de forma invisível nos meandros dos corredores do poder na sociedade portuguesa.
Fazem-me lembrar um pacemaker. Ou seja, aquele que faz as pazes depois da desgraça. O sr. dr. Coelho é o pacemaker do PS: o sr. dr. Dias é o pacemaker do PSD. Ambos ficam melhor e mais felizes quanto mais desastrosos forem os resultados eleitorais para os respectivos partidos.
Não "hadem" sim, pois claro...
Viva a República.. A deles................................... Stop!!
- PS: um dia perguntaram a um deles o que era o Sunrise - responderam que era o seguinte: "O meu filho ri-se"; e quando lhe disseram - olhe que isso está dito Off the record - disseram que "saía no Record".
- Perante isto - que direi: com estes actores políticos a poluírem a actual paisagem pública - que deveria ser de serviço à causa colectiva - ainda se dá um Coup d'état. Mas assim que digo isto parece que já estou ouvindo o sr. dr. Coelho - fazendo câmara de eco a partir da Antena da TSF - verberando que um Coup d'état - é o "cu deitado". Explico: Nestas autárquicas ele nem se levantou. Pois esteve sempre de coup d'état...
- Enfim, tudo isto são démarches e pistas interessantes a seguir pelo sr. dr. Coelho e conexos. Mas advirto aqui que démarches não tem outro significado senão - "as marchas". Assim, o que para nós são diligências e esforços na prossecução do interesse público; para os ditos cujos as démarches não são senão as "marchas populares" - que também podem estar sentadas à mesa de um Conselho de Administração dos "Figos" deste mundo. E são, afinal, os heróis do nosso tempo que têm tanto dinheiro que têm de contratar contentores para o transportar... Não é isto admirável?! Para não dizer cómico e, ao mesmo tempo, tão lamentável quanto empobrecedor...
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