quinta-feira

Oeiras em equação: Teresa Zambujo vs Isaltino Morais

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  • Os melhores líderes, os mais eficientes, agem segundo um ou mais estilos diferentes de liderança, e mudam de um para outro conforme as circunstâncias. O visionário, o obreiro, o relacional, o democrata - são alguns desses tipos e geram ressonâncias que conduzem a melhorias de desempenho no contexto político. Sobretudo, no contexto político pré-eleitoral como decorre do actual momento que se vive em Portugal - a menos de um mês das eleições autárquicas.
  • Esta pequena reflexão é, precisamente, sobre aquelas duas personalidades mais marcantes de Oeiras nos últimos anos: o dr. Isaltino de Morais - edil autárquico durante 15 anos - e até foi considerado um autarca modelo; e a Drª Teresa Zambujo - uma alta funcionária da Administração Pública habituada a lidar com as questões ligadas à gestão das cidades e, a dado momento, escolhida por aquele para o substituir na condução dos destinos da cidade de Oeiras. O que fez nestes últimos trêsa anos, concluindo o mandato que aquele interrompeu para assumir funções governativas depois interrompidas pelos factos consabidos e divulgados nos media que terão ainda que ser apurados pelas instâncias competentes.
  • Contudo, do ponto de vista político , ambos têm mais a uni-los do que a separá-los. No entanto, valerá a pena passar em revista algumas das ideias e projectos que cada um tem para o concelho de Oeiras e depois tentar tirar algumas conclusões.
  • Comecemos primeiro pelas senhoras: Teresa Zambujo apresentou o seu Programa Eleitoral com base no lema "Construir o Futuro" e elegeu como prioridades as áreas da Saúde, da Educação e da Mobilidade. E é com base nestas prioridades que a actual presidente irá governar caso ganhe as eleições a 9 de Outubro próximo. Saúde, mobilidade, segurança e habitaçãao são as áreas mais urgentes para preparar e construir aquele futuro.
  • Na saúde esta candidatura pretende construir duas extensões de Saúde, concretizar mais quatro de modo a que população tenha acesso a cuidados primários em condições. Na Educação há que apostar na formação ao longo da vida, criando escolas novas, ampliando e melhorando as que existem e requalificando e modernizando outras que têm potencial de ensino. Dotar Oeiras de posições competitivas é apostar também na fixação de mais e melhores projectos e investimentos, seja na área empresarial seja na área científica. Criando, para o efeito, uma bolsa de excelência científica, um Campus de Biotecnologia, institutos para o desenvolvimento de competências e inserção laboral, um centro de desenvolvimento artístico e de tecnologias de comunicação na Fábrica da Pólvora e participar num centro de informação e formação em imunologia, destinado à investigação clínica na área do lúpus. Outro dos instrumentos passará por criar uma universidade corporativa assente numa plataforma de internet e um centro das ciências e das artes. Ou seja, esta candidatura aposta na inovação e nas áreas de ponta, com criatividade e sustentabilidade.
  • Depois vem um conjunto de obras que viabilizam as tais mobilidades das pessoas. Acesibilidades de estacionamento, continuar as ligações da CRIL à CREL, da A5 à CRIL em Miraflores, reformular os nós da A5 em Carnaxide, Linda-a-Velha, Oeiras e Porto-Salvo. Alargar a todo o concelho o programa de transporte público gratuito para idosos, avançar com o metro ligeiro de superfície de Algés à Falagueira - mais a conclusão do 2º troço do SATU.
  • Na Segurança prevê-se um reforço dos efectivos policiais, criação duma linha de segurança e a aposta num sistema de video-vigilância alargado aos transportes públicos. Depois vem a qualificação urbana, a recuperação de casas degradadas - para fezer face às necessidades das 3.500 pessoas que vivem com baixas condições de dignidade humana. Centros de dia com acesso à internet, um serviço de apoio social municipal a implementar por parte da rede de juventude junto dos bairrros sociais.
  • No ambiente investir num Plano de Água a fim de potenciar os recursos hídricos e a requalificação da orla ribeirinha e na musealização da Barra do Tejo. Eis, grosso modo, as apostas de Teresa Zambujo para os próximos 4 anos caso seja eleita.
  • Relancemos agora o olhar sobre o programa de Isaltino Morais - sob o lema Ousar sonhar, saber fazer. Na saúde criar novos centros de saúde no concelho; promover a prestação dos cuidados de saúde; na Educação requalificar o parque escolar, começando pelas creches, jardins de infância e escolas do 1º ciclo do Ensino Básico. Dotando-os de refeitórios, bibliotecas e de espaços verdes para as crianças correrem e saltarem. O inglês, como deseja o engº Sócrates, também será uma promessa para todos. Na habitação, com o intuito de repovoar o concelho, urge requalificar os centros históricos mediante um programa de incentivo de arrendamento de fogos para os mais jovens. Apostar num Bioparque virado para a biotecnologia e biomedicina com o objectivo de criar micro-empresas nessas áreas da ciência.
  • Uma aposta nas acessibilidades e transportes como mais ou menos similitudes com a opção de candidatura anterior. Apostando também nos transportes para idosos, na expansão das ciclovias, na expansão da área do ambiente - fazendo de Oeiras uma cidade verde; concluir a 2ª fase do Parque dos Poetas, apostar na melhoria da orla ribeirinha, apostar no turismo, na segurança e no conjunto das áreas e desafios que temos todos em comum daqui para a frente.
  • Ambos, em suma, têm programas similares, convergentes ante os desafios de Oeiras para os próximos anos. Alguém que viesse morar para o concelho e desconhecesse a história, as personalidade dos líderes envolvidos, as "broncas" e o conjunto das clivagens pessoais e de personalidades que entretanto se instalaram na nossa vida pública - poderia, muito bem, apostar políticamente em Teresa Zambujo ou em Isaltino Morais sem que a Vila e o Concelho ficassem descaracterizados. Ambos foram parceiros de partido, ambos ex-colegas de trabalho na autarquia e ambos - não tendo uma visão muito diferenciada dos desafios que Oeiras tem pela frente - podem colocar Oeiras não só mais à frente como também mais acima. Na transparência, na moralidade dos procedimentos e da gestão da coisa pública, enfim, no exemplo que procuram transmitir ao país.
  • Então, com tantas similitudes e convergências, porquê a razão de ser destas duas candidaturas? Todavia, uma leitura mais fina encontrará, porventura, um plano de realização de obras mais abrangente por parte da candidatura Ousar sonhar, saber fazer de Isaltino Morais; ao invés, identificaremos uma maior moderação de execução de prioridades por parte da candidatura Construir o Futuro, de Teresa Zambujo.
  • Contudo, uma opção parece mais abrangente mas, ao mesmo tempo, mais irrealista e difícil de realizar; a outra opção política, mais equilibrada e consentânea com a conjuntura económica e financeira do País e o equilíbrio das finanças públicas da nação que hoje tanto nos preocupa e condiciona.
  • Julgo, em face do exposto, que a população do concelho de Oeiras dia 9 de Outubro terá que optar entre a uma opção política artificial de obras que é irrealista (porque os recursos são finitos), e o bom senso e o equilíbrio económico financeiro da outra opção política. A qual se revela mais exequível no espaço e no tempo.
  • Ambas as candidaturas, portanto, se situam na área da social democracia - que acredita no mercado desde que regulado, pontualmente, pelo Estado e os poderes públicos.
  • Sucede, porém, que a candidatura de Isaltino Morais, em face daquelas intenções, procura um estilo de liderança visionário - canalizando as pessoas para visões, imagens e sonhos que poderão não se concretizar. Até porque a conjuntura e as folgas financeiras decorrentes da aplicação dos Fundos Comunitários reduziram drásticamente de há 20 anos a esta parte.
  • A candidatura de Teresa Zambujo, ao invés, procura cultivar um estilo de liderança relacional e democrática - gerando energias através da harmonia do relacionamento entre as pessoas e as intituições com o fim de criar um clima de trabalho positivo apropriado a resolver e fazer sarar conflitos artificiais dentro da mesma família político-ideológica. E, ao mesmo tempo, conseguir a adesão e o consenso não só do concelho mas também do País real e das forças vivas que influem - directa ou indirectamente - na valorização material e espiritual dos recursos do concelho de Oeiras.
  • Em suma: Isaltino Morais desenvolve um estilo de liderança mais pressionador e dirigista; o outro - Teresa Zambujo - cultiva um género de liderança mais democrático e relacional. Do qual Oeiras mais precisará neste momento???
  • Por todas estas razões, o povo do concelho de Oeiras tem de revelar grande senso democrático e grande destreza psicológica. E um dos exercícios que poderá ajudar nessa tarefa de separação de águas é assumir o seguinte princípio:
  • Nenhum líder é capaz de gerir as emoções dos outros se não for capaz de gerir as suas próprias emoções.
  • Desse modo, o estado de espírito dos líderes em presença - Teresa Zambujo e Isaltino Morais - já não é uma questão meramente do foro privado, íntimo ou até judicial. Diz respeito a todos nós, diz respeito à própria noção de democracia, separação de poderes e o direito à informação cabal sobre todos os actos cometidos no exercício de cargos ou de funções públicas. Qualquer estagiário em Direito sabe isto, quanto mais um majistrado. E é face a esta realidade do contágio emocional - por que as pessoas do concelho de Oeiras foram surpreendentemente envolvidas - que devemos, mediante as nossas opções políticas, decidir em que sítio devemos "arrumar" as consequências públicas dessas emoções.
  • Lembro, a finalizar, uma pequena história que pode ajudar a clarificar o torpor que corre nas válvulas das almas mais hesitantes ou indecisas. Há tempos, num dado Hospital, o pessoal de enfermagem regressou às suas funções após alguns problemas, mas a desmoralização continuou. O Presidente dessa instituição queixou-se dos maus indicadores de satisfação - mas nunca aceitou que ele próprio fazia parte do problema...
Viva Portugal. Viva OEIRAS
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