domingo

Quatro Anos depois da barbárie

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  • Faz hoje 4 anos após aquela barbárie que ceifou a vida a milhares de pessoas inocentes. Pessoas que morrerram à pressa, na angústia, na dor que a morte representou mesmo antes de efectivamente morrerem. Tudo em vão. Tudo por uma causa perdida por parte dos fanáticos do islão que lêem o texto do profeta de pernas para o ar, procurando assim revelar a palavra de um deus menor. Filhos do fanatismo que não têm lugar nas sociedades civilizadas que procuramos construir.
  • Esta reflexão, já (re)publicada - in Em Busca da Globalização Feliz, Hugin, 2005 - é uma sentida homenagem a essas pessoas que tiveram o azar que conviver por horas com esses fanáticos do paraíso perdido. O mundo deve por os olhos nessas pessoas inocentes, algumas tentaram até abortar a missão em pleno vôo. Uma tragédia que cada um de nós amanhã pode viver em circunstância semelhantes. Por mim, detesto andar de avião. E como diria um amigo, que tem brevê, segundo reza a história não há oficinas lá em cima...
  • Espero agora não ter nenhum acidente de carro, ou até de bicicleta a 5 quil. horários.
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SEGURANÇA & DEFESA O quarteto da guerra e paz: bárbaros, fanáticos, piratas e profetas
  • EUA, Espanha, Iraque, Arábia Saudita, Turquia, Quénia, Índia, Indonésia são nações que sofrem os efeitos do terrorismo. Carecem duma inteligência capaz de conceber estratégias nacionais para diagnosticar as condições sob as quais o séc. XXI deve ser abordado, designadamente em matéria de segurança e competitividade: quer para identificar ameaças, quer para reflectir sobre a natureza da guerra e paz entre as nações, como diria Aron.
  • Nesta viagem analítica convidamos o leitor a identificar 4 espécies de personagens: os bárbaros tecnólogos, os fanáticos, os piratas tecnólogos e os profetas. A enquadrar este “quarteto” que inferniza o mundo “civilizado”, sobretudo desde o 11 de Setembro, estão outros 4 factores indispensáveis à formação da potência, dentro e fora das nações: riqueza/conhecimento/ideologia/violência. Todos estes vectores interagem entre si, mesmo que ocultamente.
  • Percorramos, pois, a génese desses cavaleiros do apocalipse: os bárbaros tecnólogos representam uma ameaça terrível, organizada e profissional. Reduzem o mundo a peças de lego, seleccionando os alvos a abater, cartografando-os em mapas de pequena escala consumando a sua destruição com adequados meios financeiros, logísticos e militares. Este modus operandi é potenciado pelas tecnologias da globalização “feliz”, apesar da infelicidade dos resultados. O objectivo é deixar o Ocidente (rico, cristão e arrogante) de rastos, motivado por uma agressividade dinamizada por agentes anónimos, clans, mafias entre outros átomos terroristas made in Terceiro Mundo para quem a vontade de matar tem uma precisão de tiro estonteante. O 11 de Setembro revelou essa hiper-realidade, numa aceleração dos sistemas de aniquilamento, pondo fim (à morte) como acidente.
  • Os fanáticos são da mesma família, mas não têm “skills” estratégicos nem capacidade tecnológica, só dispõem da vontade de matar. Se não conseguirem produzir danos de monta ao tal “Ocidente” globalizador, já é “gratificante” saberem que podem cimentar alianças, traficar equipamento e sistemas da morte úteis aos operacionais do terrorismo global.
  • Os piratas tecnólogos são o 3º personagem na tabela das ameaças contemporâneas à nossa civilização. Operam como os antigos piratas privados, especialmente no domínio da guerra económica cujos estragos disfuncionam os sistemas de comunicação e transporte, serviços, distribuição e redes indispensáveis ao funcionamento do “cérebro” das sociedades. Trata-se duma nova classe de guerreiros que dispensa o mar (necessário aos holandeses de quinhentos), mas que conduz a guerra por outros meios (Clausewitz), ameaçando a defesa nacional na idade da informação. Com a gravidade inquietante de muitas autoridades civis ignorarem esta nova ameaça oculta. Tornando-se mesmo incapazes de mobilizar os recursos e o sistema de resposta (não militar) para evitar eventuais ataques anónimos dirigidos contra alvos civis essenciais.
  • Os profetas primitivos, alicerçados por uma ideologia prosélita ancorada na loucura das massas, são o 4º personagem deste diagnóstico dos sistemas da morte. Uma espécie de concílio de fanáticos, ideólogos, refugiados do Terceiro Mundo e da ex-Europa de leste (dissolvida com a implosão do império soviético), que a Intelligence ocidental não consegue domesticar. Com uma contingência extra, uma vez que tais elementos culturais não deixam antecipar qualquer capacidade de resposta do Ocidente, como tragicamente mostrou o massacre de Beslan.
  • A crise do Atlântico, induzida por diferentes perspectivas sobre o modo mais eficaz de enfrentar a ameaça do terrorismo islâmico, revela que é o sistema cultural que determina o que pode ser pensado e comunicado em cada sociedade e região.
  • É na teoria da cultura (mais do que no “choque das civilizações”) que está a chave integradora da crise vulcânica que tem gerado o choque de placas tectónicas nas relações internacionais do séc. XXI. Hoje, a assinatura da evolução da guerra e pax (segurança interna/externa, a curto/longo prazos) depende dos sinais desse teatro estratégico, tragicamente nas mãos do quarteto personificado na Al Qaeda: bárbaros, fanáticos, piratas e profetas. É para erradicar essa barbárie que devemos evocar o 11 de Setembro.
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