O novo Porto de Recreio de Oeiras e o inefável dr. Isaltino..
- O pior da política é o absurdo. E pior que o absurdo só um jogo de absurdos... Tudo para quê, afinal? Por causa de uma autarquia... É curto!!
- Aqui não se consegue perceber a legenda. Faça-a você mesmo...
- Li o teu blog e não posso deixar de me congratular e ao mesmo tempo dar os parabéns à Dr.ª Teresa Zambujo, a ti e principalmente a todos os que no Concelho de Oeiras, e não só, podem passar a usufruir do novo Porto de Recreio com tudo aquilo que ele pode oferecer no desfrute de um dos pontos da mais linda de costa da Europa que é a nossa, de Lisboa ao Estoril.
- De tão linda que é, seria imperdoável que os Presidentes de Câmara que têm a seu cargo essa faixa de território privilegiada pela natureza não estejam verdadeiramente conscientes da responsabilidade que representa acrescentar seja o que for num local que é único pela sua beleza paisagística e que, para além de terem que corresponder esteticamente a essa beleza, sejam obras viradas para os cidadãos, todos os cidadãos, concebidas e executadas a pensar neles.
- Oeiras e a sua praia de Santo Amaro está ligada à minha meninice já que, em meados da década de 40, a tua avó me levava para lá, a mim e ao teu pai, de férias a banhos, como então se dizia. Era uma praia acessível ao povo de Lisboa através do comboio, enquanto que Carcavelos, onde o comboio já não chegava, estava apenas destinada aos ricos que tinham automóvel e que à data eram apenas meia dúzia deles. Era uma praia acolhedora, de ondas meigas, onde ao Domingo as pessoas assentavam arraiais à volta dos farnéis onde não podiam faltar os inevitáveis pastelinhos de bacalhau e o garrafão de vinho tinto, provavelmente do Abel Pereira da Fonseca, ali ao Poço do Bispo, porque nessa altura beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, segundo dizia Salazar ou mandava dizer.
- Tenho uma recordação muito vaga alimentada por uma ou duas fotografias que foram sobrevivendo ao longo dos anos mas hoje é tudo tão diferente que não dá para relacionar nada, outros mundos, outros tempos, quando ainda não havia arrastões, ( será que houve algum?) e para manter a ordem lá estava o cabo do mar, menos a ordem e mais o respeito, porque os problemas da ordem nem se punham. No entanto, sempre era preciso estar atento para algum mais atrevido que se lembrasse de querer mostrar o peito numa perigosa falta de respeito pelas senhoras porque, nessas coisas das “vergonhas”, como em outras, Salazar não facilitava. Mas do que me lembro bem era da senhora que, afadigada, corria a praia a vender as bolas de Berlim, e mais o senhor da bolacha americana. Depois dos banhos intermináveis de uma manhã inteira a mergulhar nas inofensivas ondas do mar, debaixo do olhar atento da Torre do Bugio, a fome era de rachar e que bem que então me sabia a tal bola de Berlim.
- Mas voltando ao Porto de Recreio de Oeiras, depois desta ligeira passagem por Stº Amaro de outros tempos e das minhas memórias, não pude deixar de tomar nota do comportamento do Dr. Isaltino que descreves no Blog e que aponta, mais uma vez, para a menorização que ele faz das pessoas. Um candidato que se diz sério, responsável, conhecido, competente, tem necessidade de invadir um espaço que está a ser objecto de uma cerimónia pública de inauguração para, aproveitando a natural aglomeração das pessoas, tomá-las de assalto, impor-lhes de surpresa a sua presença e com um pequeno grupo de rapazinhos, proceder à distribuição de material de campanha eleitoral autárquica, adulterando o momento e desrespeitando as pessoas?
- Quando me referi aqui há dias ao Dr. Isaltino, a propósito do debate com os outros candidatos à Câmara de Oeiras, nomeadamente com a Dr.ª Teresa Zambujo, salientei, como a nota mais preocupante da sua personalidade, a relação doentia, patológica, que ele demonstrava com o poder. Em vez de instrumento para o exercício de uma função, de um meio para atingir um fim, que me pareceu, por exemplo, evidente, no tom sereno mas convicto da Dr.ªTeresa, o Dr.ºIsaltino, pelo contrário, tem todos os tiques de quem vive enamorado pelo poder e não pode viver sem ele. Trata todos pelo seu nome, afirma-se dono de tudo e mais alguma coisa, considera-se a si próprio um predestinado, um líder nato, e, como tal, quem lhe disputar o poder faz, aos seus olhos, figura de usurpador e isto é, potencialmente, perigoso. Por isso, invade o espaço da cerimónia da inauguração do Porto de Recreio de Oeiras, impõe a sua presença às pessoas como que dizendo-lhes:”… que importa isto, eu é que sou importante, concentrem-se em mim, sigam-me, eu sou o vosso chefe natural, o vosso salvador…”
- Sem dúvida, os cidadãos de Oeiras têm um problema a resolver em Outubro, no dia das eleições autárquicas. O Dr. Isaltino precisa de uma cura de humildade que o reconduza à sua dimensão e que o faça sentir apenas mais um entre pares. Para isso, precisa de tempo e disponibilidade. Entregarem-lhe, novamente e nestas condições, o poder é mau e perigoso para os outros, a ele não ajuda nada e para o Partido que lhe deu visibilidade e protagonismo, também não.
- Dizia o Almirante Pinheiro de Azevedo no período quente do pós 25 de Abril que “ O Povo é Sereno”, veremos agora, a este propósito, se ele consegue ser mais que sereno…
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