sexta-feira

Evasão da realidade. Incursão na raíz do mais além...

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Sou um puro e duro neto de campónios que, na cidade, educado e vivido, assume a sua nostálgica identidade rural. Porque lhe foi dado aprender e apreender o sentido das árvores, o correr das ribeiras, a breve leveza dos pássaros e a fragilidade das flores silvestres. Também trago comigo o agreste das brisas, o plural desnível das colinas e a variedade de um valado verdejante, onde a suavidade aparente daquilo a que, à distância, chamam paisagem, esconde alguns pedregulhos, certos silvados e a microscópica vida intensa de biológicos e minúsculos seres. Sobretudo daqueles que, dia a dia, escavam pedaços de húmus passado, à procura de sementes de futuro. Tudo o que seja perturbar a falsa ordem instalada me fascina
  • Mãosinhas que pensam; cabeça que escreve; o papel que sente tudo. Regista (quase) tudo. Aquém e d'além. Tudo isto contrasta com o mundo sacananinha em que vivemos, e temos de viver. Um mundinho em que 90% do nosso tempo é para falar e comentar esse mundinho sem, contudo, nos querermos identificar com ele. E como é que isso se faz? Refugiando-nos nas raízes. Nas teias da autenticidade. Não a dos livros encaputada nos conceitos da Imagem e da Realidade, que nada mede (senão os $$ e a sua tradução em poder e influência), e que só servem para nos "prostituirmos" minuto a minuto, segundo a segundo. E como cada qual tem a sua raiz, eu deixo aqui a minha. Mesmo que só acredite nela duas vezes por semana...
Enquanto há Vida, Há sperança...
Sonhos, ventura, desgraça Tudo no mundo é mudança, Tudo munda, tudo passa. O nascimento e a morte, São dois pólos da vida Aos 50 chega o norte, Descemos logo em corrida. E a vida não tem idade. É como um sopro do vento, Não é mais do que um momento, Anseio a eternidade A vida não envelhece, É do Eterno, uma graça, Nela é que o tempo é refece É que morre, é que passa. Nasce a vida condenada A esta fatalidade, De ser um salto do nada Prò seio da eternidade (...)
A.G
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  • Urge reaprender a ver, a ouvir, a pensar e a sentir. E mesmo sabendo isto repetimos diáriamente a nossa cegueira, a nossa surdez, o nosso atavismo e a nossa indiferença. Tudo por causa do mundinho canalinha que fomos construindo e cultivando, por entre silvas de cinismo, egoísmo e de hipocrisia. Tudo por causa de nós. E quem somos nós, afinal? Oh, criaturas do outro mundo... "Animais" de que até os animais se afastam.