quarta-feira

O sr. Gen. Loureiro dos Santos e as Guerras das Contas Públicas - por Joaquim Paula de Matos

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Rui: Eu julgava que a nossa identidade, aquilo que tem a ver com o facto de nos sentirmos portugueses tinha a ver com uma história vivida em comum, aqui neste extremo ocidental da Europa, ao longo de oito séculos, através dos quais desenvolvemos um língua comum, hábitos, usos, costumes, músicas, lendas, enfim, tudo aquilo que é cultura em sentido lato, e tem a ver com uma vivência em conjunto, inclusive certos tiques na forma de estar e de andar que, aos olhos perspicazes de um antropólogo, são suficientes para nos identificarem no estrangeiro como portugueses, desde que seja alguém menos cosmopolita e mais ligado a meios genuínos da nossa população. O que tornou possível esta realidade sociológica e política foi, sem dúvida, a independência de que gozámos, de uma forma quase ininterrupta ao longo de todos esses séculos, excepção feita ao período breve de 60 anos de dominação espanhola que, nesse aspecto, foi praticamente irrelevante, e que nos permitiu termos sido nós a traçar o nosso próprio destino colectivo, acumulando e sedimentando tudo quanto faz parte da nossa identidade que terá sido reforçada por um certo isolamento resultante da nossa posição geográfica aqui, na ponta da Europa. Pode ser que um dia venhamos todos a ser cidadãos do mundo e, em certo sentido, algumas pessoas, hoje, com vivências riquíssimas espalhadas um pouco por muitos países, talvez se sintam menos nacionais e um pouco os tais cidadãos do mundo, mas é impossível conceber a existência de alguém não vinculado a uma terra onde se nasceu e despertou para a vida e para os outros, onde nos fizemos homens ou mulheres. Temos, assim, que a nossa identidade nacional é inseparável da nossa identidade como pessoas. Eu sou o que sou porque sou português, porque faço parte desta realidade cultural, sociológica e política aqui, à beira mar plantada, há mais de 8 séculos. É da história que os exércitos de D. Afonso Henriques e restantes reis conquistadores, ajudados por outros nobres da Europa na conquista de terras ocupadas pelos Mouros na península Ibérica, estiveram na origem da nacionalidade e da manutenção da independência nas guerras com os reis de Castela e, portanto, está fora de causa a importância histórica, o respeito e a dignidade que então e agora devem ser dispensados às Forças Armadas. Mas privilégios especiais, tratamentos de excepção, manutenção de um qualquer “status” à revelia dos sacrifícios que são pedidos à generalidade dos agentes do Estado, como se fossem portugueses de primeira, não concordo. Creio mesmo que as questões de segurança interna e externa se equivalem hoje e quase confundem, na sua importância, aos olhos dos cidadãos e, por isso, nesse aspecto, não distingo as forças Armadas das restantes Forças de Segurança, irmanadas com os restantes servidores do Estado nos sacrifícios que são devidos ao país, e sem os quais o nosso futuro colectivo estará ameaçado na sua coesão. Mas, para algumas chefias militares e para o Sr. General Loureiro dos Santos, os militares devem passar ao lado desse esforço colectivo, devem manter privilégios especiais, eles são a nata dos servidores do país, uma casta, que quanto melhor for tratada mais nos honra no plano interno e externo, desfilando pelas avenidas das cidades, nos dias de festa, garbosos, impecáveis nos seus fardamentos, orgulho do nosso país que, se existe como tal, aos militares se deve, na sua opinião. Mas eu recordo ao Sr. General que na última guerra em que o nosso país esteve envolvido, que durou 13 anos e decorreu nas matas africanas, o principal esforço em suor, estropiados e em vidas foi dado, não pelos que desfilam garbosos mas por aqueles que os vêm desfilar e que vão agora participar no esforço irrecusável de tentar regularizar as nossas contas públicas como forma de salvar, se não for o país, será a sua coesão social. Mas nesta guerra o Sr. General não quer participar, mais uma vez, manda os milicianos... Boa Tarde Tio Quim. _______________________________________________________ Image Hosted by ImageShack.us
Meu bom Tio,
  • Que bela lição de costumes que aqui nos trouxeste. Mas eu diria que tentaste representar uma teoria antiga do Miguel Sousa Tavares, e que hoje poderia ser subscrita por 10 milhões de tugas. Com excepção dos senhores generais que passam vida a sentar o rabo pelas esquinas dos cafés e vão às livrarias ler de fio a pavio os jornais e revistas sem comprar nenhum deles, como faz o senhor General que mencionaste. De facto, eu não conheço classe mais estéril do que essa. Nem para apagar os incêndios essa gente tem servido ou prestado. Há excepções a esta formulação, mas essa não remete para o sr. gen. Loureiro dos Santos.
  • Mas o que tu disseste na tua reflexão remete-nos, creio, para uma outra área congénere e que responde pelo nome da parasitologia. Em que uns bichões se alimentam de outros bichinhos, depois alternam. Foi assim que interpretei a tua reflexão sobre o dito programa que, a dada altura, se prostituía com gestos e contra-gestos, palavras e contra-palavras, cinismos e hipocrisias puras e duras (pior que o antigamente do salazarismo), em que estavam pessoas que recebem milhares de contos por mês e que depois vão para ali falar de cátedra só porque mantéem uma relação privilegiada com a recrutadora das personagens para o elenco do programa.
  • Mas era o Sousa Tavares que dizia que muitos desses grandes militares de aviário sentam-se à manjedoura do Estado e são os principais responsáveis pelo sorvedouro das finanças públicas, ié, do dinheiro de todos e de cada um de nós. E por cada quase milhar de contos que aqueles generais ganham, estão muitos euros teus, meus e de milhares de pessoas - que vão direitinhos para aquelas reformas chorudas, que depois utilizam a editar livros e a dizer uma balelas sobre o Iraque e a perigosidade do terrorismo. É isso que o sr. Loureiro representa: estirilidade, improdutividade contribuindo para esbulhar o Estado pelas elevadas reformas que recebem. Como o dito gene. reside em Carnaxide - qualquer dia, ao desviar-me de um có-co canino que abunda pelos respectivos passeios (j´avisei a Câmara Municipal mas até agora nada..., continuo a pisar a cá-ca), lá terei de dizer o que penso ao dito militar na reserva. Que se leva demasiado a sério, e também esbulha títulos de livros alheios para publicar os seus... , mas que ainda não entendeu que a época das cruzadas já lá vai, e que ele (e os outros como ele, piores ainda porque não editam nada), para ter legitimidade para abrir a boca, deveriam abdicar de, pelo menos, 30% das suas reformas e doá-las aos tais rapazes aspirantes, que estão cá para baixo na hierarquia militar, e, não raro, se suicidam porque não aguentam a pressão das contas e a incapacidade de sustentar uma família que de boca aberta os espera ao fim do mês. Isto é que é dramático e não a vaidade intelectual bolorenta do senhor general e demais militares que pensam da mesma forma.
  • E é por cada um desses militares mais rasos que se suicidam - que a cabeça do dito general me vem à lembrança. É que uns nem dinheiro têm para pagar as contas da casa, a alimentação e da educação dos filhos; outros, como o dito general, auferem reformas quase milionárias e quando vão para as livrarias nunca compram um jornal, e quando se sentam nas explanadas nem um pastelinho de bacalhau pedem. São, pois, bons aforradores. Depois esta gente morre encarquelhada e o Estado faz a vingança do chinês: vai-lhes buscar as reformas que els sacarm à nação, como se de um grito de ironia se tratasse e o destino acertasse contas com a perversidade de alguns privilegiados em nome da justeza da maioria dos desgraçados.
  • Em suma: se tivesse de representar gráficamente o teu "pinsamento" diria o seguinte. Quando aquela brigada do reumático vocifera nas televisões aquelas bacuradas salazarentas, lembro-me imediatamente de partes de matéria que estudei em Biologia há uns valentes anos com a Drª Fausta em Alvega. E a dada altura, falava-se da Fusão Parasita - para explicar que era a melhor maneira de caracterizar essa fusão. O parasita, é o ser que se aloja numa outra pessoa, que será o hospedeiro, ié, todos nós - contribuintes...que temos de gramar aqueles Prós & Contras...e o faz de conta que encerra. Porque, na realidade, aquilo já parece aquele programa da TVI do "Fiel ou infiel", em que tudo está armado préviamente, e quem começar a fazer chi-chi fora do pinico, lá terá a palavra cortada pela senhora dona Fátinha, que é a bailarina que entrega e retira o micro aos cromos de serviço. Em bom português: um canastrão.
  • Tudo por junto diria: o "parasita" causa danos nesse corpo social - absorvendo as suas energias, ou seja, a energia da nação que sofre por causa da sua existência. Na prática, pela exurbitância das reformas do srs. generais, há uns bons militares, que não aguentando a pressão, se suicidam.
  • Foi o que depreendi directamente das palavras e gestos dos referidos oficiais (e doutros ditadores disfarçados de democratas que são da direita que convém à esquerda) e vice-versa, dependendo de quem está no poder.
  • Esses danos podem ser causados imediatamente ou pode demorar para que o hospedeiro sinta alguma diferença e entre em declínio. Mas continuo a pensar como o Miguel Sousa Tavares - trata-se de uma "manada" que se senta à manjedoura do Estado para aí fazer uma aposta para ver quem consegue comer mais. É também por isso que estamos cada vez mais pobres tendo de gramar gente dessa nos programas de televisão a horário nobre.
  • São estes parasitas internos, ou endógenos, que dão que pensar neste Portugal dos Pequeninos..
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