O sr. Gen. Loureiro dos Santos e as Guerras das Contas Públicas - por Joaquim Paula de Matos
Meu bom Tio,
- Que bela lição de costumes que aqui nos trouxeste. Mas eu diria que tentaste representar uma teoria antiga do Miguel Sousa Tavares, e que hoje poderia ser subscrita por 10 milhões de tugas. Com excepção dos senhores generais que passam vida a sentar o rabo pelas esquinas dos cafés e vão às livrarias ler de fio a pavio os jornais e revistas sem comprar nenhum deles, como faz o senhor General que mencionaste. De facto, eu não conheço classe mais estéril do que essa. Nem para apagar os incêndios essa gente tem servido ou prestado. Há excepções a esta formulação, mas essa não remete para o sr. gen. Loureiro dos Santos.
- Mas o que tu disseste na tua reflexão remete-nos, creio, para uma outra área congénere e que responde pelo nome da parasitologia. Em que uns bichões se alimentam de outros bichinhos, depois alternam. Foi assim que interpretei a tua reflexão sobre o dito programa que, a dada altura, se prostituía com gestos e contra-gestos, palavras e contra-palavras, cinismos e hipocrisias puras e duras (pior que o antigamente do salazarismo), em que estavam pessoas que recebem milhares de contos por mês e que depois vão para ali falar de cátedra só porque mantéem uma relação privilegiada com a recrutadora das personagens para o elenco do programa.
- Mas era o Sousa Tavares que dizia que muitos desses grandes militares de aviário sentam-se à manjedoura do Estado e são os principais responsáveis pelo sorvedouro das finanças públicas, ié, do dinheiro de todos e de cada um de nós. E por cada quase milhar de contos que aqueles generais ganham, estão muitos euros teus, meus e de milhares de pessoas - que vão direitinhos para aquelas reformas chorudas, que depois utilizam a editar livros e a dizer uma balelas sobre o Iraque e a perigosidade do terrorismo. É isso que o sr. Loureiro representa: estirilidade, improdutividade contribuindo para esbulhar o Estado pelas elevadas reformas que recebem. Como o dito gene. reside em Carnaxide - qualquer dia, ao desviar-me de um có-co canino que abunda pelos respectivos passeios (j´avisei a Câmara Municipal mas até agora nada..., continuo a pisar a cá-ca), lá terei de dizer o que penso ao dito militar na reserva. Que se leva demasiado a sério, e também esbulha títulos de livros alheios para publicar os seus... , mas que ainda não entendeu que a época das cruzadas já lá vai, e que ele (e os outros como ele, piores ainda porque não editam nada), para ter legitimidade para abrir a boca, deveriam abdicar de, pelo menos, 30% das suas reformas e doá-las aos tais rapazes aspirantes, que estão cá para baixo na hierarquia militar, e, não raro, se suicidam porque não aguentam a pressão das contas e a incapacidade de sustentar uma família que de boca aberta os espera ao fim do mês. Isto é que é dramático e não a vaidade intelectual bolorenta do senhor general e demais militares que pensam da mesma forma.
- E é por cada um desses militares mais rasos que se suicidam - que a cabeça do dito general me vem à lembrança. É que uns nem dinheiro têm para pagar as contas da casa, a alimentação e da educação dos filhos; outros, como o dito general, auferem reformas quase milionárias e quando vão para as livrarias nunca compram um jornal, e quando se sentam nas explanadas nem um pastelinho de bacalhau pedem. São, pois, bons aforradores. Depois esta gente morre encarquelhada e o Estado faz a vingança do chinês: vai-lhes buscar as reformas que els sacarm à nação, como se de um grito de ironia se tratasse e o destino acertasse contas com a perversidade de alguns privilegiados em nome da justeza da maioria dos desgraçados.
- Em suma: se tivesse de representar gráficamente o teu "pinsamento" diria o seguinte. Quando aquela brigada do reumático vocifera nas televisões aquelas bacuradas salazarentas, lembro-me imediatamente de partes de matéria que estudei em Biologia há uns valentes anos com a Drª Fausta em Alvega. E a dada altura, falava-se da Fusão Parasita - para explicar que era a melhor maneira de caracterizar essa fusão. O parasita, é o ser que se aloja numa outra pessoa, que será o hospedeiro, ié, todos nós - contribuintes...que temos de gramar aqueles Prós & Contras...e o faz de conta que encerra. Porque, na realidade, aquilo já parece aquele programa da TVI do "Fiel ou infiel", em que tudo está armado préviamente, e quem começar a fazer chi-chi fora do pinico, lá terá a palavra cortada pela senhora dona Fátinha, que é a bailarina que entrega e retira o micro aos cromos de serviço. Em bom português: um canastrão.
- Tudo por junto diria: o "parasita" causa danos nesse corpo social - absorvendo as suas energias, ou seja, a energia da nação que sofre por causa da sua existência. Na prática, pela exurbitância das reformas do srs. generais, há uns bons militares, que não aguentando a pressão, se suicidam.
- Foi o que depreendi directamente das palavras e gestos dos referidos oficiais (e doutros ditadores disfarçados de democratas que são da direita que convém à esquerda) e vice-versa, dependendo de quem está no poder.
- Esses danos podem ser causados imediatamente ou pode demorar para que o hospedeiro sinta alguma diferença e entre em declínio. Mas continuo a pensar como o Miguel Sousa Tavares - trata-se de uma "manada" que se senta à manjedoura do Estado para aí fazer uma aposta para ver quem consegue comer mais. É também por isso que estamos cada vez mais pobres tendo de gramar gente dessa nos programas de televisão a horário nobre.
- São estes parasitas internos, ou endógenos, que dão que pensar neste Portugal dos Pequeninos..
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