sábado

A Revolução no Tempo e a construção do mundo moderno. O grande mestre. O Zeitgeber

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  • A Revolução no Tempo e a construção do mundo moderno. O bold;">Zeitgeber
  • Se olharmos para a política e para os políticos, e, especialmente, para as nossas próprias vidas, concluímos que andamos sempre ao ritmo de alguém ou de algo. Não vamos aqui equacionar essa dependência relativamente ao patrão, ao director, ao professor, ao gestor, ao pai, à mãe, à justiça (que em Portugal é uma nódoa caricatural e repelente), ao dinheiro, enfim, aos elos duma cadeia de hierarquias e de micropoderes influentes que nos ditam o compasso, com hora, minuto e segundo marcado – sobre o que devemos (ou não) fazer.
  • A revolução do tempo que aqui quero partilhar, na linha de David Landes, historiador (já aposentado), encontra explicação final fora de todos aqueles códigos, hierarquias e urgências. Percebemo-lo quando temos de enterrar um ente querido ou estamos muito doentes. Afinal de contas, é a natureza que comanda tudo, vivemos em função desse relógio sem, contudo, nos apercebermos.
  • Noite após dia; dia, noite; e cada ano traz a sua sucessão de estações. Estes ciclos são imprimidos em quase toda a coisa viva.
  • Aqui a política não entra. São os ritmos biológicos do mundo, da Natureza que comandam os processos e definem as urgências. E são esses próprios ritmos que são timbrados na nossa carne e sangue; marcando-nos como terráqueos. Tais ritmos biológicos são emparelhados através de padrões de sociedade: o dia é para o trabalho, o repouso é para a noite, e o círculo de estações é uma sucessão de calor resfriado: de colheita e de plantação, de morte e de vida.
  • Eis o ciclo celeste que nos telecomanda. Não é o Sr. Bush ou o Sr. Sócrates – único engenheiro do mundo com nome de filósofo.
  • Mas qual a relação de tudo isto com a revolução do tempo!? Como distinguir as horas. A que lógica temporal devemos obedecer? Lembro-me quando era puto e jogava à bola onde hoje passam carros a grande velocidade, a minha barriga era o meu relógio, orientava-me por ela. A barriga era o meu cronómetro, o sol, o disco pelo qual media a passagem do tempo para, de novo, perceber, que terminada a bola chegava o tempo do jantar e o mais.
  • Então, qual é, hoje, o nosso relógio? Qual é a máquina a que nos devemos subordinar? Ao relógio, à barriga, à ideias maravilhosas – cruzando a exactidão das ciências duras com a sensibilidade das ciências sociais – do Eng.º Sócrates e doutros políticos que na Europa e no mundo tentam impor um tempo aceitável entre nós?.
  • O relógio, i.é., a máquina, e é este o ponto que queremos evidenciar, separou o tempo dos eventos e das realizações humanas. E separou ainda mais a lógica desse tempo cronometrado com as fúrias da Natureza que têm, amiúde pelo mundo, soterrado gente viva. Gente feliz com lágrimas.
  • De facto, a revolução do tempo reside aqui: o relógio é uma máquina, um artifício, uma convenção social, um dispositivo artificial sem modelo correspondente na natureza. E foi esta máquina, o relógio, que precisou de planeamento para ser feito. Depois tudo se precipitou. E hoje, como se fossemos todos oarvinhos, andamos todos a olhar para o relógico como se mandássemos no tempo. O tempo que nos deu a vida e nos há-de dar também a morte.
  • Confesso que gostava de perceber a dinâmica do tempo, a forma como ele exige de nós um futuro que desconhecemos. Afinal, quem foi o inventor do tempo? Deus? Ou será que Ele não passa dessa eternidade, dessa linha do tempo cujo tempo desconhecemos? Até Sócrates, o filósofo..., não o outro que só sabe de pontes e de co-inceneradoras..
  • Por falar em tempo, já é tempo de ir lanchar, porque a minha barriga de menino é a mesma de hoje. Ou melhor, não é bem - porque está maior (com o tempo), mas nunca me engana…
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