segunda-feira

A competição

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A foto é da minha responsabilidade. O texto infra é da autoria de Gonçalo Tavares (GT, in O Senhor Valéry) "O Senhor Valéry não gostava de competir. Sobre qualquer competição ele dizia que do 1º ao último lugar todas as classificações eram más. E interrogava-se: - Ganhar aos outros para quê? Perder com os outros porquê? - Prefiro ser vice-último ou sub-último - dizia ele, com ironia. E explicava: - Só existe justiça numa competição se todos partirem de condições iguais. Mas tal não existe, já se sabe. E se todos fossem iguais como poderia ficar um à frente de outro? Numa competição as pessoas acabam como começaram - concçuía o senhor Valéry. E o senhor Valéry dizia ainda: - O que eu gostava era de ver uma corrida de 100 metros onde cada pista terminasse num ponto diferente. - Imaginem 4 pistas de 100 metros assim ... (e ele desenhava) Image Hosted by ImageShack.us - ... deste modo - continuava o senhor Valéry - ao terminar a competição, cada atleta perceberia melhor o que estava à sua espera no dia seguinte. Mesmo que ganhasse acabava a corrida sozinho, o que é uma pequena lição de vida. E depois desta afirmação algo ambígua, o senhor Vaaléry prosseguiu o seu passeio diário, com o corpo um pouco curvado, o chapéu enterrado na cabeça, e sozinho, completamente sozinho, como sempre". Image Hosted by ImageShack.us
  • Obs: De facto, a afirmação de que os direitos não podem ser iguais para todos, porque a Natureza fez os homens desiguais; a afirmação de que não é possível a abundância para todos, porque os recursos da Natureza são limitados; a afirmação de que um país é naturalmente pobre por fatalidade irremediável; a afirmação de que a guerra é inevitável porque a Natureza fez o homem o lobo do homem (Hobbes); a afirmação de que os homens têm de ser disciplinados pela força, porque são naturalmente maus; a afirmação de que há raças que nasceram superiores e outras que nasceram inferiores; a afirmação de que o cego egoísmo individual é o motor do progresso económico.
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  • Afinal, donde vem este paradoxo? Todo o materialista é progressista e tem perante o mundo uma atitude transformadora; vê os homens objectivamente, como massa, como Natureza transformável; ao invés, todo o idealista é virtualmente antiprogressista e pode ter perante o mundo uma atitude conformista. Todo o individualista vê os homens subjectivamente, instrospectivamente - vê-se a si próprio como absoluto, como sistematizou o o crítico literário, o historiador, o sábio, o homem de cultura que foi António José Saraiva, no seu Diccionário Crítico. Não sei com quem é que GT aprendeu alguma filosofia, alguma crítica da cultura..., mas certamente que poderia ter aprendido com aquele mestre que foi, também, um kantiano, já que procedeu de modo que a regra do seu comportamento se erigisse em norma universal; considerando sempre o outro como um fim, e nunca um meio.
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