domingo

O maior bem

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Platão faz Sócrates dizer de Górgias que o maior bem de que um cidadão pode gozar é o de poder persuadir, com os seus discursos, os juízes nos tribunais, os políticos no Parlamento e o povo nas assembleias: numa palavra, todos aqueles que constituam qualquer espécie de reunião pública. No debate do outro dia – entre este Portugal SS (Sócrates & Santana) - tive a percepção que 2 milhões de portugueses, ante o apagamento dos jornalistas, prisioneiros do tempo que mais pareciam objectos de decoração num modelo com poucas virtudes (salvo ouvir a vox de Guedes de Carvalho dizendo, faltam 30 seg, 10 e o mais) teriam preferido colocar outro tipo de questões. Libertando a espontaneidade – a sua e a dos candidatos. Mesmo sem o querer, certamente, aquele modelo de cronómetro de atleta, como se a política se fizesse numa pista de tartãn, com luzes psicadélicas fundidas e as que não estavam acendiam fora de tempo, acabou por representar um condicionamento da alma humana e, por consequência, a dos políticos que ali estavam para convencer o Portugal que (ainda) vota. Depois reflecti mais um pouco e conclui que era a SIC, por motivos de concorrência, que se estava a apresentar a eleições. Certamente, que tal não se deveu aos brilhantes profissionais da estação, mas ao sistema que foi testado num momento particularmente difícil para o País. Julgo, salvo melhor opinião, que estes experimentalismos são sempre salutares, mercê da integração das novas TIC e da inovação e do aperfeiçoamento de regras e métodos que devem potenciar a comunicação política e, assim, esclarecer o cidadão contribuindo para uma sociedade mais informada, culta e crítica. Mas fazer um teste desses – neste particular momento – é, salvaguardadas as devidas distâncias desta analogia (talvez um pouco caricatural), fazer a guerra só para ver se as armas funcionam.. Julgo, em face do cenário criado em torno do Portugal político, que devemos evitar três coisas (que se estão, lamentavelmente, repetindo): 1) não esquecer a lição de Sócrates que Platão nos contou pela boca de Górgias; 2) devemos evitar a sedução excessiva dos formatos televisivos - que ocorrem por causa da guerra de audiências entre as TVs privadas - e nem sempre com vantagem e a contento dos telespectadores; 3) devemos evitar, por último, querer agradar obsessivamente a tudo e a todos, como fazem certos figurantes da Política à portuguesa - dando, assim, cabo dos joelhos e da bacia - por andar com tanta gente ao colo... Julgo que é essa a mensagem visual (possível) que aquelas três imagens supra nos procuram transmitir. Num jogo cronológico ainda mais rápido que o cronómetro da SIC -" speed"... - mitigando o tempo de Sócrates da era pré-cristã, as luzes da ribalta da modernidade e os beijos múltiplos desta nossa contemporaneidade que os candidatos procuram dar aos eleitores num jogo demasiado previsível de atracção-repulsão... Um processo em que o "Paulinho das Feiras" é exímio..., só que agora, porque prometeu descaradamente aquilo que sabia não cumprir, tem os reformados de guerra (aque ainda aguardam o tal subsídio) que fizeram a Guerra das Colónias no Portugal de Salazar, Caetano e Moreira - à perna. Talvez às duas.. Felizmente, haverá mais debates – em formatos alargados e, por certo, quer no método e forma quer na essência – conseguirão esclarecer muito mais o Portugal profundo. O mesmo que virá à tona dia 20 de Fevereiro.