Re-evocação de Raul Brandão -
Nota prévia: Hoje o alegado PM pôs em marcha a sua maquineta de propaganda para fazer o balanço de destruição dos seus 4 anos de impostos brutais, falências, desemprego, emigração económica, pobreza e crescentes desigualdades sociais entre os portugueses, sobretudo pondo velhos contra novos, funcionários públicos contra trabalhadores do sector privado, etc. É óbvio que Passos coelho não leu Raul Brandão, nem sabe quem ele foi ou o que representou nas letras em Portugal. E não sabe tudo isso porque o actual PM é um sujeito estruturalmente ignorante, apesar de ter sempre plantado nos lábios aquela verborreia alimentada por frases mal construídas e apimentada por redundâncias que enjoam, mesmo àqueles que são os seus mais dilectos colaboradores ou bajuladores..
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Via Anália Soares (FB)
"Este mundo em que vivemos é uma mentira monstruosa. É um mundo anticristão. Como é possível isto? Como é possível que esta gente que trabalha toda a vida acabe a vida a pedir? Bem sei que sempre houve pobres, mas o pobre hoje é mais pobre do que nunca.(...) Cada vez o mundo me mete mais medo...(...) Espero pelo dia – mesmo na cova o espero – em que acabe a exploração do homem pelo homem. Espero pelo dia em que a instrução seja realmente gratuita e obrigatória para todos(...) Espero o dia em que o homem compreenda que o supérfluo é um crime. Mais justiça e mais pão para todos. Mais Deus para todos. Há sempre um momento em que os homens lançam contas à vida. O meu momento é este... Entendo que este mundo é religioso e a minha vontade seria falar baixinho, bulir pouco. Os dias mais felizes da vida passei-os ao sol, contemplando. Não é que deteste a acção. A acção é o fim da vida. Mas é preciso distinguir entre acção e agitação. Compreendo, a acção dos santos e dos heróis, a acção pelo bem e pelo cristianismo – a grande acção. O resto é balbúrdia. Também há outra acção mais bela talvez ainda, a acção desconhecida e humilde, obscura, feita de exemplos e sacrifícios – a da mulher no seu lar, a do homem que cumpre a existência, e que, com os pequenos meios de que dispõe, vai além da vida. Digamos tudo: toda a acção que não tem um fim idealista ou representa um sacrifício, não vale nada.. Esta acção exerce-a, muito melhor do que eu, ali o meu vizinho, que foi ao Porto buscar uma pobre de pedir, que não lhe era nada, trouxe-a para casa e reparte com ela o pão e a malga do caldo, ou a criatura desconhecida que, no lar apagado, cumpre todos os dias monótonos o seu dever monótono. Sejamos humildes, porque a gente chega ao fim da vida sem ter entendido nada deste mundo, quanto mais do outro... Eu nunca pude pôr de acordo as minhas ideias com as minhas acções. Se pudesse, já há muito que estava na cadeia. (...)"
In Vale de Josafat (Memórias – volume III)
De acordo com a edição de 1933 na Seara Nova
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