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Portugal tem mais 210 mil pessoas em risco de pobreza ou exclusão desde 2010

Nota prévia: Afinal, as draconianas medidas de austeridade dos últimos 4 anos serviram para literalmente empobrecer os portugueses e tornar mais frágil a economia nacional no quadro europeu e mundial. Estes dados sobre a POBREZA - e não só - são a prova cabal de que as políticas públicas foram erradas e as opções de governo, que unicamente assentaram no agravamento fiscal (o maior desde 1974!!), só poderiam ter conduzido a este trágico desfecho. E este resultado tem no seu cadastro dois nomes, por serem os seus principais responsáveis políticos: Passos Coelho e Cavaco silva. E será a essa luz que deverão ser avaliados e julgados politicamente. 

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Portugal tem mais 210 mil pessoas em risco de pobreza ou exclusão desde 2010

Faz quatro anos na próxima segunda-feira, dia 6 de abril, que foi pedida assistência financeira à Comissão Europeia. O programa de resgate seria assinado em maio de 2011. Depois de concluído, em junho de 2014, uma das críticas da Troika foi a forma como o Governo lidou com a pobreza. Em 2014, a economia voltou a crescer, mas o nível de desemprego continua acima do que se registava antes da crise.
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No ano passado, uma em cada quatro pessoas residentes em Portugal vivia em risco de pobreza ou exclusão social.
No ano passado, uma em cada quatro pessoas residentes em Portugal vivia em risco de pobreza ou exclusão social. /   
Patrícia de Melo Moreira/AFP/Getty Images

Quatro anos depois do início do resgate financeiro, a economia portuguesa voltou a crescer, mas há mais 210 mil pessoas em
risco de pobreza e exclusão social do que em 2010, sendo esta uma das críticas da troika ao Governo.
No ano passado, uma em cada quatro pessoas residentes em Portugal vivia em risco de pobreza ou exclusão social, segundo 
números ainda preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), que revelam uma deterioração das condições de vida desde
2011.
Entre 2010 e 2014, ficaram em risco de pobreza ou exclusão social mais de 200 mil pessoas, uma vez que este indicador passou 
dos 24,4% da população residente em 2011 para 27,5% em 2013, estimando o INE que esta proporção se tenha mantido no ano 
passado.
Na próxima segunda-feira faz quatro anos desde que a 6 de abril de 2011, o então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos
Santos, reconheceu ao Jornal de Negócios que Portugal precisava de ajuda externa.
Horas mais tarde, foi o então primeiro-ministro, José Sócrates, que falava ao país para confirmar o que já se esperava: "O Governo
decidiu hoje mesmo dirigir à Comissão Europeia um pedido de assistência financeira por forma a garantir as condições de
financiamento do nosso país, ao nosso sistema financeiro e à nossa economia".
O Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) viria a ser assinado em maio de 2011 e concluído em junho de 2014, 
tendo o Governo dispensado a última tranche do empréstimo, o que quer dizer que não chegou a haver uma conclusão formal da 
última avaliação.
Programa concluído, mas ainda há muito para fazerAinda assim, o programa foi concluído, embora o fim do resgate não tenha
afastado os credores internacionais, que vão continuar a realizar visitas regulares a Portugal até que o Estado devolva a maioria
dos empréstimos recebidos.Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) como a Comissão Europeia continuam a produzir relatórios
sobre a economia portuguesa e ambas as instituições insistem que há muito por fazer, não só no combate à pobreza, mas também
na reforma do Estado e na educação e formação profissional.
Concluído o programa, Bruxelas criticou precisamente a forma como Portugal lidou com a pobreza nas recomendações específicas
 a Portugal, conhecidas em fevereiro, referindo que o Governo "não foi capaz de lidar" com o aumento da pobreza nos últimos anos,
sublinhando que medidas como o corte nos apoios sociais "tiveram um impacto negativo no rendimento disponível" afetando
"desproporcionalmente os mais pobres" e "as crianças com menos de 10 anos".

Outra crítica que os credores internacionais têm feito prende-se com a reforma do Estado: o FMI escreveu, num relatório divulgado
em março, que é preciso "rever as reformas" que não tiveram os resultados esperados e que pode ser preciso "reexaminar
algumas reformas do setor público".

FMI pede "maior rigor"

Em março, o FMI pediu mesmo "maior rigor" aos decisores políticos para combater as restrições à competitividade e ao
investimento, destacando que "o desafio para os decisores políticos é consolidar" as reformas já realizadas.
Também Bruxelas exigiu mais reformas estruturais para melhorar a competitividade da economia, nomeadamente nos setores da
habitação e dos transportes, bem como no combate à corrupção.

Na saúde, dados do Governo indicam que das 45 medidas previstas no memorando de entendimento, foram adotadas 31, estando 
12 em curso e duas por aplicar: o valor a atingir com taxas moderadoras (que ficou aquém do esperado) e a não acumulação de
dívidas vencidas (que também não se cumpriu).
Quanto ao mercado de trabalho, a Comissão refere que há um risco de a taxa de desemprego estabilizar em níveis muito elevados,
tendo em conta o baixo crescimento económico e o aumento da discrepância entre as competências dos trabalhadores e as 
procuradas pelas empresas.

Economia cresceu, mas a dívida continua a subir

Bruxelas diz mesmo que a correspondência entre a oferta e a procura de trabalho se tornou "menos eficiente durante a crise", uma
vez que tanto o desemprego como as vagas de trabalho aumentaram.
Em 2014, a economia voltou a crescer (0,9%) e o défice caiu (para os 4,5%), mas o desemprego continua acima do nível em que
estava antes da crise (13,9% no final do ano passado) e a dívida continua a subir (ultrapassou os 130% do PIB em 2014).
Para 2015, o Governo prevê que esta trajetória de melhoria do desempenho da economia se acentue: o PIB deverá crescer 1,5%,
o défice deverá cair para os 2,7%, o desemprego para os 13,4% e a dívida pública para os 125,4%, estimativas que estão próximas
das dos credores internacionais à exceção da previsão para o défice, uma vez que tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI)
como a Comissão Europeia esperam que seja de 3,2% este ano.
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