sexta-feira

Andreas Lubitz: a besta negra dos ares. O factor humano

Segunda caixa negra confirma. Destruição do A320 terá sido intencional



Primeira análise à segunda caixa negra, encontrada esta quinta-feira nos Alpes franceses, apontam para uma ação intencional do copiloto alemão. Andreas Lubitz terá modificado várias vezes os parâmetros de voo e aumentado a velocidade do avião, enquanto este descia. [...] 

Andreas Lubitz



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O factor humano

- Uma estirpe violenta de vírus das aves propaga-se aos seres humanos em Hong Kong, espalha-se pela Ásia, e acaba por matar milhões de pessoas.
- Um terramoto de magnitude 8, com epicentro na zona de Ginza, em Tóquio, mata 2 milhões de pessoas e causa danos materiais de muitos milhares de milhões de euros.
- Abelhas começam a morrer em muitas partes do mundo em números assustadores, interferindo com a polinização das plantas a uma escala global, desencadeando com isso uma escassez de alimentos à escala planetária.
- Terroristas fazem explodir uma arma nuclear em Times Square durante a rush hour, arrasando boa parte da Big Apple matando meio milhão e reduzindo permanentemente a cidade de Nova Iorque a escombros.
- Um comboio de mercadorias carregado de cloro descarrila no Rio de Janeiro, vertendo a carga e matando cerca de 5 milhões de cariocas.

Esta lista poderia ser continuada, e mesmo que as possibilidades aqui aventadas ainda não tenham ocorrido na realidade elas, de facto, podem ocorrer a qualquer momento, já que estão dentro do reino das possibilidades. Mesmo sem a perda massiva de vidas humanas, há uma perda drástica de capitais, fazendo recuar em décadas o desenvolvimento mundial. 

Ou seja, o que procuro sublinhar é que nenhum dos exemplos da lista é impossível. E, de facto, alguns deles, como o derrame de um químico mortífero, já ocorreram várias vezes.

Os seres humanos estão hoje mais vulneráveis do que nunca a acontecimentos extraordinários, alguns dos quais só muito dificilmente são previstos e controlados. As infra-estruturas complexas das quais dependemos para a vida de todos os dias - os transportes, as comunicações, as redes de abastecimento de água e comida, a energia eléctrica, os cuidados de saúde, entre outros, são de uma fragilidade extrema. Basta que nos lembremos das consequências de uma avaria no sistema de semáforos numa grande cidade, ou o excesso de burocracia que impede uma organização de tomar decisões em tempo útil, ou uma falha grave no sistema de controlo de tráfego aéreo resultante duma anomalia dos servidores de Microsoft Windows integrados no sistema, ou um adormecimento dos próprios controladores de tráfego aéreo, ou ainda falhas do sistema de rádio que impossibilita ajudar os pilotos a meter os aviões no chão em segurança...

Tudo isto tem acontecido um pouco pelo mundo. Agora, com o acidente premeditado pelo co-piloto alemão, Andreas Lubitz, matando 150 pessoas, revela bem que tudo é possível acontecer nos ares, mesmo as situações-limite que envolvam suicídio, arrastando nesse acto deliberado e criminoso todos os passageiros do avião. 

Uma situação trágica que vem revelar que além dos factores técnicos - por vezes difíceis de prever e resolver mesmo em situações de emergência, existem factores humanos (imponderáveis!!) que se somam àqueles factores (técnicos) tendo em vista atingir a "tragédia perfeita". Foi o que ocorreu com o voo de Barcelona para Düsserdorf, em que um louco, com medo de perder a licença para voar e revelando ter uma saúde mental precária, continuava aos comandos de um avião que - deliberadamente - matou 150 pessoas.

Com este tipo de erros humanos, porque deliberados, intencionais e planeados, exactamente como num crime de sangue, é muito difícil às organizações controlarem os seus funcionários para que, no futuro, este tipo de actos terroristas não voltem a ser cometidos. O que nos lembra a todos que a vida é um risco permanente, e que é o homem ainda o maior lobo do homem, como ensinara Hobbes. 

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