O Portugal da justiça selectiva e discriminatória. O Portugal dos Pequeninos
A questão que me coloco, todos os dias, é saber por que razão Ricardo Salgado ainda não foi preso. Uma questão de 2ME. As provas de gestão ruinosa que sobre ele impendem são brutais por parte do regulador (BdP), dos clientes lesados e de alguns quadros directivos que recebiam ordens para efectuar operações financeiras lesivas para os clientes e violadores das regras que enquadram a boa gestão bancária.
Dito isto, e ao invés doutros casos de contornos mais políticos e ocultos, as entidades judiciais assumem um padrão de efectivação da justiça muito curioso (para não dizer laxista e irresponsável): perante banqueiros poderosos, não obstante as provas existentes e os prejuízos à economia nacional, não se manda prender, cobram-se cauções de milhões de €uros, o que já se tornou numa banalidade. Ou seja, graça a IMPUNIDADE entre os ricos e os poderosos em Portugal, em particular em matéria de crimes de colarinho branco. Algo que a lei, deliberadamente, não tentar combater. Os deputados/legisladores lá saberão porquê!!!
A única excepção que contrariou esta prática foi a detenção de Oliveira e Costa, o chefe do gangue do BPN, o banco que financiava as campanhas eleitorais do PSD, das acções de Cavaco Silva e, em termos gerais, o banco onde se financiavam os elementos do inner circle do cavaquistão: Dias Loureiro, o "filantropo" ("luso-brasileiro") Duarte Lima, Sanches, Arlindo Cunha e outros que andam por aí a brincar aos milhões sacados ao ex-BPN suportados hoje com os impostos de cada português, que alimentou essa mega-fraude à República.
Perante o caso de gestão ruinosa do BES, que envolve processos e actores perfeitamente identificados, e destaco um "homem de mão" de Ricardo Salgado na PT que ainda anda por aí..., Henrique Granadeiro, que deu a ordem de transferência dos 900ME para a Rio Forte, esvaziando cadeia de valor da empresa de Picoas hoje nas mãos da endividada Oi (e em vias de ser engolida pela Altice) o MP, o DCIAP, os juízes de instrução criminal pouco ou nada fazem para investigar e, em conformidade, julgar todos os envolvidos.
No caso da gestão da família Espírito de Santo, que também é um caso de polícia, os ilícitos parecem apenas a cargo da investigação do BdP, dos media e das comissões parlamentares de inquérito. É curto!! Será isto normal? Não é, seguramente. Por julgar está a transferência de ME para contas off-shores daquela família, o que lesa o erário público em milhões de €uros sob os crimes de evasão fiscal, eventualmente branqueamento de capitais e corrupção (activa e passiva para actos ilícitos). Tudo crimes que servem para acusar uns, mandando-os liminarmente para a cadeia, e servem para ilibar outros, deixando-os em liberdade -mediante pagamento de cauções milionárias.
Esta é a face negra da justiça, porque revela o seu padrão se aplicação selectiva e discriminatória consoante as pessoas a que se dirige. Nuns casos, a justiça é diligente e celere, noutros laxista e assobia para o ar, fingindo que desconhece as provas que carecem de aprofundamento da investigação.
Todavia, hoje alguns portugueses já evocam o nome de Madoff e o de outros banqueiros especuladores norte-americanos, que foram julgados e condenados. Mas nos EUA existe uma justiça a sério, que actuam sem olhar a quem.
Em Portugal, lamentavelmente, ainda é tudo a brincar, como no Portugal dos Pequeninos, e encontramos exemplos tão caricatos, como o caso de Jorge Jardim Gonçalves, que vai de recurso em recurso para se isentar de pagar multas pesadas, o de João Rendeiro, do BPP, que no dia em que se conheceu as suas diatribes financeiras edita um livro com o título - A história de quem venceu nos mercados -, o caso trágico de Dias Loureiro, outros dos "benfeitores" que se terá apropriado indevidamente de recursos do ex-BPN, etc, etc...
No caso da gestão ruinosa do BES, ao contrário da fraude do ex-BPN, tudo se começou a descobrir muito cedo por parte das entidades de regulação e dos media. Mas também aqui a justiça revela a sua face mais tenebrosa, porque, uma vez mais, crucifica uns e tende a desculpar outros. O problema é que são sempre os mesmos a financiar a dívida e a colmatar os buracos deixados em aberto por gestores corruptos que lesam a economia nacional praticando crimes de colarinho branco.
Para já, o país encontrou um bode "respiratório" - cujo papel é esse mesmo: ajudar-nos a respirar melhor, enquanto ao nosso lado, o país fede de corrupção, injustiça e profundas e galopantes desigualdades sociais que o alegado PM nega em admitir.
Eis um retrato simples e algo tosco deste nosso querido Portugal contemporâneo. Uma m.... de país.
Mas que, segundo os portugueses de bem, se recusam a admitir que se converta num num Portugal de m....!!!
__________
PS: Bem sabemos que Ricardo Salgado é um "indigente", nem a Mansão que tem (e que habita) frente à Boca do Inferno, entre a Guia e Cascais, está em seu nome. Por isso, enquanto não houver contas bancárias congeladas e património confiscado, como se faz relativamente ao cidadão normal, continua tudo como dantes, quartel-geral em Abrantes.
A coragem dos juízes tem limites...
________________________
Etiquetas: e discriminatória, O Portugal da justiça selectiva, O Portugal dos Pequeninos
<< Home