domingo

As lições de Hamilton. Considerações acerca da perversidade de Vitor Gaspar


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Obs: Com efeito, foi pena que alguém conhecedor dos extremos dessa lição ligada aos fundamentos da América - e em tempo real (leia-se, no decurso do fórum) - não explorasse as consequências desse conflito de interesses duma América em formação, lutando entre duas forças políticas contrapostas: a confederação e a federação que acabou por se vir a impor - não tenha explicitado os custos duma guerra civil que causou tantas baixas humanas. 

Paralelamente, em Portugal já existem quase 3 milhões de pobres e umas centenas de milhar já emigraram para não empobrecer. 

Afinal, cada época, cada país, cada sociedade e cada povo tem a sua "guerra civil". Nós, por cá, também tivemos um experimentalista radical desde 2011 em matéria de finanças públicas - um teórico que conhece tanto a especificidade da economia nacional (o Gaspar) como o ainda primeiro ministro sabe de finanças públicas - que fez do povo português uma mega-cobaia de laboratório. Pelos vistos, isso rendeu-lhe internacionalmente, escalando à estrutura de decisão do FMI, mas deixando um rasto de devastação social em Portugal. Tirando Ferreira Leite, tal não foi devidamente sublinhado nesse fórum por outro(s) dos intervenientes.

Tenho pena que os organizadores, como Pedro A. e Silva e M. de Lurdes Rodrigues não tivessem sublinhado essa circunstância, reféns que estavam da diplomacia do encontro. Por momentos, podíamos todos supor que aquilo foi o chá das 5 entre bons e velhos amigos, especialmente entre os ex-quatro ministros das Finanças numa convergência de recordações, uma espécie de amigos de Alex da política contemporânea num qualquer país da periferia da Europa.

Enfim, o inesperado aconteceu. Isso resultou da mente pérfida de Gaspar que acabou por bloquear e desarmar muitas das reacções que, porventura, ocorreriam se o teor da sua intervenção fosse mais ligada à realidade nacional que aquele incompetente ajudou a destruir. Apesar disso, ainda lhe fizeram o favor de branquear a actuação. É também para isso, perversamente, que servem algumas conferências. Gaspar, ficou provado, não sabe governar, mas sabe como paralisar as reacções de colegas de painel numa conferência. 

Gaspar, naturalmente, agradece à organização. 


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