Dilma e a plasticidade da política brasileira
Perante a fúria das massas em muitas cidades do Brasil reclamando melhores condições de vida, a presidente tinha um caminho bifurcado e podia fazer uma de duas coisas: 1) reagir passivamente e empurrar com a barriga para a frente, perdendo poder, autoridade e influência até, ao limite, podendo ser destituída do cargo através duma radicalização da sociedade brasileira que não veria atendidas as suas legítimas pretensões, desde logo as condições de mobilidade dependente que está duma política de transportes cara e pouco eficiente, penalizando o conforto das populações; 2) ou reagir prontamente, numa comunicação eficiente e racionada, dizendo o essencial e visando aplacar os sentimentos e as pulsões daquelas massas em fúria.
E, de súbito, o Brasil passou a:
- colocar o petróleo ao serviço da Educação;
- colocar a vontade política do Executivo e dos governadores e prefeitos a fim de melhorar a política de transportes urbanos - mediante um Plano de Mobilidade Urbana;
- dialogar com os principais líderes dos Movimentos Sociais para integrar as suas pretensões. Enfim, agora desenha-se um Pacto Nacional para governar.
Dilma teve medo e recuou em toda a linha. O povo compreendeu que as suas pretensões são legítimas e que a sua luta teve eco imediato no executivo, por isso fica uma lição para o Brasil, para a história e para o Mundo: cuidado com as massas em fúria, quando elas se movimentam podem provocar os mesmos efeitos do que um elefante dentro de uma loja de porcelanas. Além de que a democracia emana do povo e não das elites fechadas nos gabinetes, muitas vezes distantes das condições de vida em que o povo vive.
Dilma compreendeu isso. Agora começa a governar a medo e, não obstante ter agido rapidamente através daquela comunicação ao país, o "povão" também compreendeu que ela anda a reboque dos acontecimentos e não governa por antecipação.
O que nos leva a uma dramática conclusão: se não fossem as manifs, Dilma nada faria, e se nada fizesse o povo continuaria a viver em degradadas condições de existência.
Dilma é já um pássaro ferida na política brasileira.
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