segunda-feira

O exemplo de Boaventura Sousa Santos ao mundo

Boaventura de Sousa Santos tem, de facto, um vasto cv, com muitas dimensões, teórica e prática, e é inovador em inúmeros campos do saber, liderando também equipas de investigação, além da sua crescente e penetrante influência social e política. É, pois, alguém que não trabalha para o seu umbigo, nem vive ensimesmado com as suas considerações virtuais, suscitando pebliscitos nas redes sociais de cinco em cinco minutos.Infelizmente, nestas deambulações há sempre  um batalhão de alienados que não sabem pensar pela sua própria cabeça, por isso precisam de guias. E alguns são turísticos...

Dispenso-me aqui de apresentar a sua obra, embora os seus interesses de investigação se situem na área do Direito, da da Justiça, da Cidadania, da Democracia (participativa, da Globalização, da Cidadania global, da Reinvenção da emancipação social. É, pois, um verdadeiro criador de conceitos, procura integrá-los nas CSH a fim de lhes conceder uma maior autonomia e, através disso, interferir com a realidade socio-política, mormente naquelas latitudes do mundo onde os índices de pobreza e ausência de democracia, justiça, liberdade e igualdade são efectivamente baixas. 

Infelizmente, Portugal também se encontra nesse "corredor da morte" em matéria de indicadores de desenvolvimento, onde ainda domina uma elevada taxa de corrupção aliada a desigualdades sociais e económicas brutais, que, aliás, se têm agravado neste último ano de governação de Centro-direita.

O seu protagonismo nos Fóruns sociais mundiais é conhecido, especialmente no Brasil e no mundo sul-americano em geral, revelando-se sempre uma voz autorizada, fazendo carreira os seus conhecimentos e intervenções, em que procura sempre reconstruir o discurso das CSH, falando em novas sociologias - que são - ou devem ser - os "guias" que norteiam novas acções sociais, retocam a configuração dos velhos contratos sociais no interior das nações, o que obriga o patronato, o Estado e os sindicatos a novos reposicionamentos no quadro das negociações, etc. Além de abrir espaço de intervenção aos agentes da dita sociedade civil, fraca em Portugal pela tradicional subsídiodependência dum Estado que sempre foi forte e centralizador, desde o tempo do Marquês de Pombal. 


Enfim, o legado do sociólogo português mais cosmopolita, e com plena justiça, é imenso e não tem par em Portugal. E é pena. BSS parece, assim, uma "alma penada" portuguesa, a única a defender um conjunto de valores universais que mexem com aqueles direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores e dos cidadãos em geral.


Um país com 10 milhões de habitantes, BSS é o único a defender essa causa que alia muitas valências num homem só.E até chamando à Sociologia o papel progressivo de nova rainha das CSH.

O próprio BE quase lhe deve a existência conceptual e doutrinária, e muitos de outros manifestos que pugnam por mais liberdades no interior das nações são, ou devem ser, creditados ao labor intelectual deste sociólogo que, por vezes, opera mais como filósofo das CSH, dado que está sempre a criar e a recriar novos discursos e a elaborar novas críticas sociais desta nossa modernidade. 


A esta luz, os Novos Movimentos Sociais devem-lhe muito, em Portugal e no mundo, onde tem sido um inspirador constante, desafiando novas pessoas à prática da cidadania activa (global) com vista a pressionar os governos a uma melhor e mais justa governança. 

Eis BSS, um caso verdadeiramente único em Portugal. Enfim, uma reflexão que o actual locatário da Saúde deveria ler. E a  vários títulos, desde logo pela forma, ritmo e intensidade com que tem fustigado os portugueses no acesso aos cuidados de saúde. 
Único português na conferência defende uma mudança radical dos modos de vida
Mudar radicalmente de vida para cumprir um desenvolvimento sustentável é a proposta do único português convidado para um participal num fórum da cimeira.

O sociólogo Boaventura Sousa Santos é o único português a participar nas dez mesas redondas que estão a elaborar 30 recomendações para os líderes políticos que chegam ao à cimeira Rio +20 na quarta-feira (dia 20). 

O português interveio no painel sobre erradicação da pobreza, donde devem sair três recomendações. Boaventura Sousa Santos escolheu reduzir o essencial a duas. 


“Se levarmos a sério o acesso universal à saúde e as condições que criam uma sociedade saudável, temos de ter uma reforma do Estado e do sistema político. Uma redistribuição da riqueza e um outro sistema de tributação, e, isso sim, pode criar um mundo mais justo. Por isso, em meu entender estas duas recomendações são as únicas que podem trazer uma transformação da economia política do mundo, que também necessitamos para poder atingir os nossos objectivos”, defendeu. 

Os líderes políticos vão discutir como pode ser construída essa estrada, que permite que a tecnologia seja conduzida dos países ricos para os pobres. Mas o sociólogo considera que é o Sul que tem a ensinar ao Norte. 



“Venho de um continente a empobrecer – a Europa – a precisar de soluções do mundo, que obviamente não está preparada para poder receber. Séculos de colonianismo impediram a Europa de aprender com a experiência do mundo”, considerou. 

A erradicação da pobreza foi anunciada como um “conceito problemático” para debate. 



“Será isto uma armadilha para não travarmos a verdadeira luta que seria necessário travar contra a concentração da renda, a enorme concentração de riqueza no mundo que está abrindo um abismo cada vez maior entre os ricos e os pobres?. E a concentração da renda é de tal maneira forte que está a contaminar e a destruir as nossas democracias. A corrupção, as transformações de leis em diversos países sob pressão de ‘lobbies’ de multinacionais que operam em diferentes países não são capazes sequer de nos trazer a mensagem de 1992”, afirmou. 

Mudar radicalmente de vida para cumprir um desenvolvimento sustentável é a proposta do único português convidado para um forum que começou na Internet e continua na conferência, mas sem políticos ou agências da ONU envolvidas.















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