sábado

O radicalismo tardo-juvenil de Pedro Passos Coelho. O "purista" da república

Pedro Passos Coelho veio radicalizar o discurso político dizendo que além da responsabilidade política os políticos também deveriam ser objecto de responsabilidade criminal quando os objectivos a que se propõem não são alcançados. Sendo certo que a responsabilidade política é aferida de 4 em 4 anos, em função do ciclo eleitoral, punindo ou premiando os agentes políticos, e a responsabilidade criminal, pelo menos nas democracias pluralistas, ainda não conheceu acolhimento na nossa doutrina democrática, portanto lamentamos que o menino Pedrinho, que sabe tanto de Direito como eu de lagares de azeite, não fez - nem irá fazer - jurisprudência em matéria de quadros conceptuais ligados à responsabilidade política nas democracias pluralistas.
Por brincadeira, por vezes também aqui defendemos essa tese gratuita e inexequível, a de que quando os programas eleitorais do partido A, B ou C não são atendidos está aberta a porta para meter o Primeiro-Ministro em funções na cadeia. Sejamos mais concretos, para ir ao encontro do raciocínio básico, primário e dangereuse que este novo-velho da política, que ainda tem muito que aprender, suscita:
- Como os 150 mil empregos que Sócrates prometeu estão longe de se realizarem, a receita de PPCoelho seria espetar com Sócrates Estabelecimento Prisional de Lisboa, alí em Campolide, com vista para o Ritz, o Parque Eduardo VII, o campus da Justiça... Os impostos e tantas outras balelas que Sócrates prometeu também seriam metidos no mesmo saco das mentiras;
- O problema deste primarismo político, é que, logo de seguida, o meninho Pedrinho, que não mede as consequências das babuseiras que diz em público (como a sua colega Ferreira Leite, relativamente à democracia...), teria, igualmente, de meter Cavaco na pildra por causa das acções da SLN e do BPN - ao ter protegido D. Loureiro, seu antigo conselheiro de Estado; meter Durão Barroso em Caxias por ter abandonado o poder em 2005 para cavalgar a Comissão Europeia, mandar prender Paulo Portas por ter saqueado o erário público aquando da aquisição dos submarinos quando o país não tinha essa necessidade, e por aí fora.. até, porventura, chegar a um acto ou actos ilícitos, ou políticamente irresponsáveis, cometidos por elementos do seu gabinete ou governo sombra.
Percebe-se bem o que Coelho deseja: meter na cadeia, duma assentada, todos os líderes políticos e partidários que lhe fazem oposição ou impedem, directa ou indirectamente, o caminho para subir a escadaria de S. Bento, incluindo Cavaco que agora, hipócritamente Coelho tem de apoiar, mas de quem sempre foi pessoal e políticamente distante, não obstante se dizerem filiados na social-democracia.
E assim temos um Pedro P. Coelho, candidato a PM de Portugal que se distingue dos demais candidato por defender publicamente meter Cavaco, Paulo Portas, Sócrates na cadeia, já que todos, cometeram erros políticos que penalizaram o país. Talvez não seja por acaso que a Lei prevê que alguns titulares de cargos públicos tenham direito a segurança privada. Presumo também - nesta linha de raciocínio infantil esgrimida por Coelho, o eterno líder da jotinha laranja, que, segundo a sua douta e garbosa doutrina, que o dr. Mário Soares também deva ser metido numa cadeia de Peniche pela "bela descolonização" que fez, ou outro erro político grosseiro para que a famosa doutrina da responsabilidade criminal de PPcoelho encontre ratificação nos novos códigos de direito que passariam a ser ensinados nas faculdades.
Ninguém escaparia segundo este crivo normativo coelhiano, e Santana Lopes, que foi, de longe, o pior PM desde o 25 de Abril, já estaria em Monsanto a fazer férias desde que foi demitido por Jorge Sampaio, em 2005, num breve e negro governo de um semestre.
Não é assim, com este perigoso justicialismo, que se governa um país, o qual se converteria numa autentica caça às bruxas caso esta idiota doutrina vingasse no nosso sistema politico-constitucional. Imagine-se os juízes que por aí há a desejarem ardentemente meterem boa parte do escol dirigente na cadeia, neste sentido bastaria uma denúncia (ou falsa denúncia e falso testemunho) de uma dessas vítimas de pedofilia da Casa Pia para meter boa parte da classe política na pildra. E lembro aqui a PPCoelho, que deve ter uma memória do tamanho duma ervilha, que muitas dessas fotos apareceram nos media, e nelas estavam Sampaio, jaime Gama, Ferro Rodrigues e muitas outras personalidades de Estado que, só por vingança e/ou má fé, foram disparadas para a imprensa, e em certos casos foram-no por objectivos eminentemente politico-partidários, com os resultados que todos conhecemos... Decapitação da então liderança do PS.
Numa palavra: deve ser exigido aos candidatos ao poder programas políticos cada vez mais realistas, de forma a dequar o prometido ao realizado, diminuindo o fosso entre as promessas e a execução desses programas. E quando se descobre crimes como corrupção, tráfico de influências, nepotismo, participação económica em negócio e crime conexos, os seus autores, directa ou indirectamente, devem ser julgados em função da natureza desses crimes, o que pode comportar a possibilidade de verem o "sol aos quadradinhos", quanto ao mais a doutrina de Coelho deve ser descartada, porque é geradora dum fundamentalismo perigoso na vida pública nacional que até se poderia virar contra os elementos do seu próprio partido, o PSD, por também ter sido responsável, juntamente com o PS, por muitos crimes políticos e económicos, cujas decisões custaram milhões ao país, ocorridos em Portugal nos últimos 35 anos.
Com essa declaração populista e demagógica, PPCoelho quis fixar algum eleitorado, seduzir outro, mas temo que essa verborreia apenas tenha sedimentado em muitos portugueses, especialmente aqueles que têm alguma cultura política, a ideia de que PPCoelho é um "perdigueiro político" interessante para fazer a "lebre-Sócrates" fugir mais depressa, mas nunca para ser o dono político desta imensa toca crísica e quase recessiva que dá pelo nome de Portugal.
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PS: Rod queria ser futebolista e acabou um músico de excepção que balizou as décadas de 80 e 90 do séc. XX. Foram sucessos atrás de sucessos, com letras e melodias "translumbrantes" que ainda hoje fazem sentir aos músicos das novas gerações que são anões-musicais ao pé de homens como Rod. Conhecido também por só gostar de louras de perna longa, de preferência mais altas do que ele. Reformou-se cedo, foi pena. Todavia, as suas músicas, ouvidas a esta distância, têm a virtude de nos fazer sentir algo (i)responsáveis por algumas loucuras cometidas no passado, mas se assim não fosse também não teriam dado tanto prazer.
Dedicamo-la ao líder do PSD, actual candidato a PM de Portugal, outro (i)responsável.
PS1: Esperemos que Angelo Correia não tenha cometido muitos erros políticos quando foi responsável pela pasta da AI, senão lá teremos o eloquente Ângelo metido na cadeia, ainda por cima a mando do afilhado.
Rod Stewart - Do you think I'm sexy

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