quinta-feira

Horta Osório sai do Santander para assumir presidência executiva do Lloyds

Horta Osório, 46 anos, assume a liderança do Lloyds em Março (REUTERS/Luke MacGregor) Público António Horta Osório, que ontem foi anunciado como o novo presidente executivo do Lloyds Banking Group, aceitou "um corte no salário" face ao que aufere como responsável do Santander no Reino Unido, segundo a instituição que o contratou.
No entanto, a descida não deverá ser acentuada, tendo em conta o pacote remuneratório do maior banco britânico. O salário fixo anual do gestor, de 46 anos, será de 1,2 milhões de euros (1035 mil libras), a que se soma um bónus que pode ir até aos 2,7 milhões de euros/ano (225 por cento do salário). Depois, há que somar um máximo de cinco milhões de euros (420 por cento do salário) baseado em acções e a ser pago dentro de três anos, isto se os objectivos propostos forem largamente ultrapassados. Em média, tendo como cálculo os montantes máximos, o salário pode ir aos 5,5 milhões de euros por ano, entre dinheiro e acções.
De acordo com o Lloyds, Horta Osório vai ainda receber, a título extraordinário, 698 mil euros em dinheiro para ajustar o património do seu fundo de pensões. E será compensado pelo dinheiro, acções e outros benefícios do Santander a que iria ter direito.
Em 2009, segundo a Lusa, que cita a imprensa britânica, o banqueiro terá recebido 3,9 milhões de euros, mas não é possível fazer uma comparação, já que o valor não está discriminado.
Independentemente da questão salarial, Horta Osório quebrou uma ligação profunda com o banco espanhol ao aceitar o desafio de liderar o maior banco de retalho britânico, e um dos dez maiores a nível mundial. Isto numa altura em que era responsável, após o crescimento por aquisições, pela entrada em bolsa dos activos detidos pelo Santander naquela região. Ontem, o gestor negou a existência de conflitos com o grupo espanhol.
Numa conferência telefónica, citado pela Lusa, Osório disse que, apesar das "perspectivas de carreira" no seio do Santander, gostava muito do Reino Unido e da sua cultura. "Este é o país onde a minha mulher e eu decidimos que queremos ver os nossos filhos crescerem", acrescentou.
Nos últimos meses, Horta Osório deu sinais de se querer autonomizar do grupo onde trabalha há cerca de 17 anos, ao aceitar a nomeação de director não executivo do conselho do Banco de Inglaterra, lugar que ultrapassa a importância que o Santander tem naquele país. E a sua saída liberta um dos lugares mais disputados no grupo, que será ocupado por Ana Botín, filha do presidente e accionista do banco, Emílio Botín.
No Lloyds, para onde entra no início do ano, assumindo a liderança executiva a partir de Março (substituindo Eric Daniels, mudança vista pelos analistas como positiva), Horta Osório terá vários desafios. Um deles será acompanhar a saída do Estado, que ficou com 41 por cento do Lloyds para evitar a sua queda no meio da crise financeira, após uma má digestão da compra do Halifax Bank of Scotland. Uma operação ligada à necessidade de trazer o banco, uma das maiores referências a nível global, com cerca de 130 mil empregados, de volta aos lucros sustentáveis, e capaz de cumprir em condições a sua função de financiador das empresas e dos particulares.
Obs: Felicite-se Osório pela nomeação, deseje-se sorte para gerir o Loyds e ofereça-se um contentor por mês para acumular o salário e outro para cumular as regalias que o banco paga. Depois convide-se o super-gestor para regressar a Portugal e governar o país. Talvez possamos ficar um pouco mais ricos, desenvolvidos e felizes.

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