domingo

"Estamos dispostos a ajudar Portugal a enfrentar crise

O presidente da República Popular da China, Hu Jintao, manifestou hoje a intenção de auxiliar Portugal a enfrentar a crise financeira internacional e de alargar a cooperação comercial entre os dois países. dn

"Estamos dispostos a apoiar, através de medidas concretas, os esforços portugueses para enfrentar os impactos causados pela crise financeira internacional e alargar a nossa cooperação económica e comercial", disse o presidente chinês, num discurso antes de um almoço que manteve com o primeiro ministro português, José Sócrates.

No discurso, precedido pela assinatura de quatro acordos institucionais e de nove acordos empresariais, Hu Jintao garantiu que "o governo chinês incentiva as empresas competitivas a operar em Portugal" e que Pequim "dá as boas vindas às empresas portuguesas para participar inteligentemente na concorrência do mercado chinês, para que cada vez mais os grupos portugueses competitivos possam entrar no mercado da China.

"Vamos fazer tudo para que as trocas comerciais entre a China e Portugal possam duplicar até ao ano de 2015", disse ainda o líder chinês, repetindo um propósito que Lisboa e Pequim já anunciaram em trocas diplomáticas passadas.

Nos acordos institucionais entre a China e Portugal, os organismos nacionais de turismo dos dois países comprometeram-se a constituir uma comissão mista, enquanto o ministério da Economia e o ministério do Comércio da China decidiram reforçar a cooperação bilateral, para intensificar o investimento mútuo e reforçar a cooperação na área da indústria, infraestruturas, biofármacos, tecnologias de informação, turismo e energia, bem como a criação de uma plataforma luso-chinesa para o desenvolvimento de parcerias empresariais e científicas na área das energias renováveis.

Os dois países assinaram ainda um programa de cooperação nos domínios da cultura, língua, educação, ciência, tecnologia e ensino superior, juventude, desporto e comunicação social.

No seu discurso, Hu Jintao destacou ainda o potencial de cooperação entre os dois países e afirmou que "os dois lados devem aproveitar ao máximo o potencial da nossa cooperação a permitir a emergência de novos sectores".

Devemos "concretizar a complementarização das nossas vantagens competitivas e identificar possibilidades de cooperação, em áreas como a logística portuária, serviços financeiros, novas e altas tecnologias, protecção do meio ambiente, energias renováveis, turismo, entre outras", disse ainda o líder chinês, afirmando ainda que os dois países.

"Devem aumentar o intercâmbio humanístico e promover a cooperação bilateral".

Hu Jintao terminou hoje, com um encontro com o primeiro-ministro português, uma visita oficial de dois dias a Portugal, que arrancou, no sábado, com um encontro entre Hu Jintao e o presidente português, Cavaco Silva.
Obs: Portugal está, consabidamente, em estado de emergência económica e financeira. A China quer ajudar, o ex-Império do Meio revela-se agora o super-Estado que estende a mão aquele que outrora foi uma das potências colonizadoras que impôs os chamados "Tratados desiguais". Se esta nova relação comercial e económica com a China envolver menos sacrifícios a Portugal - caso a China não entrasse em jogo, então a diplomacia portuguesa pode e deve concluir que os verdadeiros aliados estão, curiosamente, fora da Europa - de que fazemos parte. Numa palavra: a relação luso-chineses é, hoje, mais valiosa do que a relação de Portugal com a União Europeia. Algo de estranho se passa na história das nações e das RI contemporâneas.
No plano mais pessoal, podemos também referir que Hu Jintao veio salvar Sócrates da falência. Veremos se este ainda consegue recuperar ou se já é uma morte política antecipada, como muitas vezes lhe foi vaticinado.

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