terça-feira

Caracterização [negra] do Distrito de Portalegre

Cfr., o vídeo aqui,
in Prós & Contras
Um quadro negro define hoje o Distrito de Portalegre: a falta de acessibilidades não atrai investimento, daí o desemprego e o abandono estrutural. A indústria já foi uma realidade, a agricultura é incipiente. Tudo numa população envelhecida, pouco modernizada e competitiva. Com este tecido empresarial, marcado pela insolvência e pela crescente periferização do distrito, seria útil perguntar o que fazem no Parlamento os deputados regionais que seria suposto fazerem eco dos graves problemas estruturais do distrito, encontrando para ele propostas de solução capazes de inverter a situação.
E os autarcas do Distrito, o que fazem para concertar posições e terem mais força no seu conjunto perante o poder político em Lisboa?! Cada um deverá estar a olhar para o seu umbigo, à boa e velha maneira portuguesa, segundo a filosofia das capelinhas.
Ou seja, autarquias, instituições de ensino, associações empresariais estão sem uma estratégia para reorientar os interesses do distrito, e como cada um olha para si como se fosse o centro do mundo, a fragmentação de todos aqueles interesses parcelares não encontra numa estratégia comum a plataforma necessária para alavancar as forças produtivas e sociais do distrito.
Comemorar o Centenário da República é, apenas, um modismo histórico que Portalegre resolveu dinamizar para mostrar que é capaz de replicar em ponto pequenino o que é feito na capital. É curto para um Distrito progressivamente empobrecido e sem atractivos culturais ou outros.
Ou seja, e de forma muito telegráfica, Portalegre não tem planeamento estratégico, não consegue operar a mudança nas mentalidades, especialmente ao nível dos corpos dirigentes e das pequeninas elites locais - que têm uma visão demasiado provinciana e endogâmica do que é - ou deve ser - o desenvolvimento local e regional, e esta triste realidade reparte-se entre autarcas, dirigentes de ensino, empresários, técnicos da administração - que são meros burocratas a cumprir horários sentados à manjedoura do Estado, ainda por cima dependentes da hierarquias de Évora.
Em tudo isto falta uma abertura à participação, que terá também de passar por uma indispensável definição de lideranças regionais e a inerente visão integrada, sem a qual o desenvolvimento e a atracção de investimento são improváves.
É pena que assim seja. Mas é isto que hoje pauta a "marca-Portalegre", outrora uma cidade indústrial pujante, com um certo pendor aristocrático e duma beleza natural assinalável.
Com excepção da Região de Turismo do Alentejo, que é uma força motriz importante na região, e de algumas IPSS que integram o chamado 3º Sector, como diria Peter Drucker, tudo o mais estagnou no Distrito. O que é um mau prenúncio.
Contudo, existe um tempo para fazer o futuro, e este é o tempo para agir.

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