O gradualismo político de Pedro Passos Coelho em vésperas de debate de OE. Cenoura ou chicote...
Sobre Pedro Passos Coelho recai o peso das circunstâncias por ser o parceiro maior a quem, em tese, cabe ajudar o Governo a viabilizar um OE draconiano. Mas Pedro sabe que pode limitar esses danos impondo algumas condições para, assim, mostrar aos portugueses que não é o notário do governo e que faria algo de diferente deste caso fosse o PM em funções. Ou seja, PPC quer ficar bem na fotografia fazendo passar o OE mas, ao mesmo tempo, apresentar um forte cartão amarelo a Sócrates. Vejamos as condições que ele irá colocar ao Governo para viabilizar o OE para 2011. O aumento do IVA será apenas de 1%, e não os 2 que o Governo determinou. O zé povinho, que já está carregado de impostos, agradece a benesse. Pedro Passos Coelho também quer o termo das PPP (parcerias-público-privadas) e das grandes obras, a "estória" é conhecida. Aeroporto e TGV só lá mais para a frente, para já só o investimento selectivo com retorno rápido e criador de emprego. É sensato e corre em linha com o que a maior parte dos economistas defende. Volta Manela, está perdoada!!! dirão alguns... Em matéria de cabaz alimentar, o PSD também não concorda que o mesmo sofra o escandaloso aumento para os 23%, mas manter-se nos 6%, especialmente tratando-se de bens de primeira necessidade, como o leite. Confesso que desconheço onde o governo estava com a cabeça para revelar tanta insensibilidade social. As deduções fiscais deverão poder ser trocadas por títulos do tesouro. Uma inovação que desconfio não irá funcionar, mas que poderá ser um estímulo à poupança. Por outro lado, o PSD defende a criação duma Agência Independente que controle a evolução das contas públicas, alargando a sua "antena" ao sector empresarial do Estado, que é onde reside o maior gasto e também o maior desperdício. É pena que o PSD não tenha reformado o Estado quando foi poder, apenas o engordou enchendo-os de boys, como faz o PS. Aqui são partidos gémeos. Colocar esta agência na dependência do Parlamento devendo-lhe prestar contas aumentaria a transparência perante a opinião pública, talvez seja uma ideia eficiente. Recordemos que ainda existem milhares de portugueses que tansferem dinheiro para offshores para aí realizarem mais-valias brutais, fugindo aos impostos. Com esse escrutínio junto do Parlamento a malha da fiscalização apertar-se-ía. Por fim, o PSD quer saber como é que o Estado, ou melhor, o PS e Sócrates explicam o actual buraco nas contas públicas, especialmente de Maio para cá, pois é difícil justificar uma subida exponencial do défice, que, agora, por imperativos dos mercados financeiros e para evitar mais especulações que empobrecem os portugueses, terá de descer para os 4/5%. Eis as condições colocadas pelo PSD, e que os seus 81 deputados deverão defender para promover uma sã discussão com o Governo no quadro da discussão e aprovação do OE para 2011 - que decorrerá até ao fim deste mês. Seguir-se-á uma discussão e aí o governo, para mostrar boa vontade, cederá nuns pontos. Se mostrar rigidez a corda parte, daí que este tempo de vésperas de discussão do OE seja um tempo de recuperação da diplomacia para aproximar posições extremadas em nome do estrito interesse nacional. Aliás, a imagem supra representa, no entender do PSD, os fragmentos em que o Governo e o PS deixaram o país; caberá, doravante, ao Governo negociar com o maior partido da oposição a fim de colar esses cacos. Em rigor, o filme ainda nem começou... Eis o tempo das grandes representações!!!
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