terça-feira

Ministra de visita à China procura reforçar Fundo Português de Carbono

Ministra de visita à China procura reforçar Fundo Português de Carbono.
A ministra do Ambiente foi às compras na China e levou um cartão de crédito especial para reforçar o Fundo Português de Carbono. Para a Quercus, o resultado desta visita é apenas simbólico.tsf
Manuel Acácio, enviado especial a Xangai, dá conta das intenções do governo portuguêsFrancisco Ferreira, da Quercus, encara a visita de Dulce Pássaro à China como simbólicaFrancisco Ferreira afirma que as emissões portugueses não devem chegar onde inicialmente se pensava
Portugal recorre ao chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de Quioto, que permite aos países desenvolvidos investirem em tecnologias limpas em países em desenvolvimento, como é o caso da China.
Durante a visita de Dulce Pássaro a Xangai, Lisboa e Pequim assinam esta terça-feira um memorando sobre alterações climáticas.
Apesar de ser através de investimentos por via indirecta, no banco de desenvolvimento da Ásia e do Pacífico, o governo de José Sócrates considera que esta é uma maneira de tapar o défice de 20 milhões de toneladas de dióxido de carbono que Portugal ainda tem em relação ao compromisso de Quioto.
A ministra do Ambiente considera que é preciso ter uma visão global do problema e defende que esta compra de créditos é a solução mais vantajosa para o país.
«Uma unidade industrial que já fez as reconversões - e nós tivermos várias que diminuíram a intensidade carbónica – para diminuir mais poderia ter um custo muito maior do que por esta via», justifica Dulce Pássaro.
A governante recorda que esta solução abrange apenas cinco por cento da meta portuguesa para a redução das emissões de carbono e rejeita desde já eventuais críticas.
«Os nossos ambientalistas até diziam que as emissões têm diminuído por causa da crise, mas a avaliação que foi feita neste último ano não confirma isso. Pelo contrário, houve uma efectiva diminuição de emissões face à unidade de produção de riqueza», salienta.
A ministra do Ambiente argumenta que este negócio favorece a Economia, uma vez que está previsto o envolvimento de diversas empresas portuguesas nos projectos de melhoria ambiental que serão aplicados na China.
A China tem colocado no mercado do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo cerca de 40 projectos por mês. Só em Maio ficaram disponíveis cerca de 7,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono, a maioria através de investimentos em barragens hidroeléctricas.
É por isso que a associação ambientalista Quercus encara esta visita de Dulce Pássaro à China como apenas simbólica, porque «Portugal não tem propriamente uma relação bilateral com países como a China» e o banco pode comprar as emissões noutro país.
«Há um conjunto de fundos que foram subscritos no sentido de prevenir uma derrapagem, mas esses fundos, onde vários governos participam, têm uma negociação directa com países como a China para projectos que permitem abater dióxido de carbono», explica Francisco Ferreira.
O ano passado foi feita uma estimativa que mostrava Portugal cinco pontos acima do limite de CO2 imposto pelo Protocolo de Quioto. Por isso, o Fundo Português de Carbono iria ter que desembolsar 100 milhões de euros até 2012 em créditos de emissão.
No entanto, agora, perante a crise, Portugal deveria repensar este tipo de investimentos, já que as emissões não ultrapassarão tanto como inicialmente se pensava devido ao abrandamento da actividade económica», defende Francisco Ferreira.
A China, a Índia, o México e o Brasil são os países que mais proveito tiram deste mecanismo de desenvolvimento limpo.
Obs: Acompanhe-se a situação com cuidado, até porque as empresas nacionais precisam de ganhar dinheiro lá fora e, ao mesmo tempo, contribuir para um ambiente sustentável. Ou seja, há que fazer dinheiro ecológico.

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