segunda-feira

Cavaco autárcico no patriotismo caseiro.

Cavaco apelou aos tugas para fazer férias cá dentro. À 1ª vista o apelo cai bem porque fomenta a procura interna dinamizando a indústria hoteleira nacional, fomentando o emprego e, nessa linha, os tugas não investiriam as suas economias noutras economias nem, por extensão, agravariam as importações nacionais nem adensariam o défice, já de si uma lástima.
Cavaco fixou essa demagógica declaração sustentando que conhecia os números e lá deu uma aulinha de economia política em regime autárcico que remonta ao tempo da outra senhora, quando a globalização ainda era um adjectivo de adorno ao globo e não o decisor oculto que comanda a economia e os fluxos entre pessoas, bens e serviços.
Sucede, porém, que se tal fosse verdade Cavaco teria, eventualmente, feito tal declaração há dois meses quando, precisamente, os referidos tugas começam a planificar e agendar as suas férias, muitas delas direccionadas para o exterior. De facto, é isso que sucede anualmente, logo em Abril, Maio muitos são os portugueses que compram os seus pacotes de férias junto dos operadores turísticos - que agora confirmam isso mesmo, desmentindo, tristemente, as declarações demo-populistas dum Cavaco provínciano que ainda vive na pré-história da globalização que ainda não entendeu que os seus apelos podem até produzir um efeito de boomerang.
Creio, pois, como diria um amigo meu, que ainda não é desta que o sr. PR consegue convencer os tugas a irem comer os carapaus alimados no Allgarve profundo, que parece ser um petisco do gosto de dona Maria.
Tudo visto e somado, será caso para dizer a sua Excelência que as declarações aduzidas são mesmo marafadas, dé. Má que jête!!
Este senhor, o boolinha, após ter ouvido a eminente aula de Cavaco também já não vai para o estrangeiro veranear, fica cá dentro a vender bolinhas. Se calhar, perto de Boliqueime e da Vivenda Mariani.
Pobre Portugal este que na vã ânsia de nos tornar mais fortes apenas nos promete o velho pratinho de lentilhas.
Luís Vaz tinha razão, muita razão quando dizia que um fraco rei faz fraca a forte gente.

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