quinta-feira

Aprovada candidatura fado a património imaterial da UNESCO

Aprovada candidatura fado a património imaterial da UNESCO, DD
A Câmara de Lisboa aprovou hoje por unanimidade a proposta de candidatura do fado a património cultural imaterial da Humanidade junto da UNESCO, uma proposta subscrita por todos os partidos representados no executivo municipal.
A candidatura, desenvolvida pela empresa municipal que gere os equipamentos e a animação cultural da autarquia, EGEAC, já fora apresentada noutra sessão de câmara pelo musicólogo Rui Vieira Nery e será apresentada junto da UNESCO até 31 de agosto, disse hoje a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.(...)

Obs: Tendo o fado a importância cultural, musical, identitária, turística que tem entre nós só admira esta decisão ser tão tardia, mas mais vale tarde do que nunca...

Há aqui, devemos dizer, um esforço diplomático de Maria Carrilho, embaixador na UNESCO, de Ruy Vieira Nery, musicólogo e ex-secretário de Estado da Cultura de Guterres, no sentido de reconhecer este património imaterial e elevá-lo à categoria de património da Humanidade.

O reconhecimento desse fenómeno cultural permite preservar esse nosso legado histórico e promover a nossa cultura noutra base, mais universalista, mais tecnológica, mais rápida e eficiente. Porventura, apostando noutras instituições culturais, como o Museu do Fado, a fim de fazer essa mostra, valorizar essa informação, chamar ainda ao processo o Instituto de Etno-Musicologia, produzir enciclopedias virtuais para potenciar esses registos musicais, no fundo, revalorizar todos esses acervos que hoje estão dispersos e sem a dignidade que merecem.

Mas tudo isto, em 2010, não deixa de merecer surpresa, pois se Portugal é considerado o país do Fado, da Saudade, da Amália e de todos esses queixumes fatalistas que a filosofia do fado, por natura, comporta e define a nossa IDENTIDADE - surpreende como é que só agora, em pleno séc. XXI, é que as autoridades autárquicas, mormente da capital - que têm depositado pouca atenção e sensibilidade ao tema, e autoridades nacionais, conseguem atribuir este prémio a Portugal.

O atraso duma década na consecução deste reconhecimento revela, por um lado a recompensa e o mérito das equipas que trabalharam na instrução deste dossier mas, por outro lado, revela bem os políticos incultos e trauliteiros que temos tido, designadamente nas autarquias com directa responsabilidade nesta promoção - que só pensam na política do betão e da construção civil esquecendo-se da valorização imaterial inerente ao potencial cultural do país.

Um potencial imaterial de tipo cultural que, curiosamente, cada vez é fonte de mais investimento, turismo e de desenvolvimento económico. Mas só alguns autarcas de tipo mais caciqueiro é que só agora descobriram o potencial universal do fado.

E para esses autarcas-caciques não tenho dúvida que a Amália não se importaria nada de cantar um faducho com a letra do - Adeus, ó vai-te embora!!!

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