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Pedro Passos Coelho e o(s) futuro(s)...

Pedro Passos Coelho (PPC) tem presença, articula com facilidade, tem telegenia e passa bem em televisão e, portanto, concentra características pessoais e psico-políticas essenciais a um político moderno - que Sócrates também reúne - e que a pobre senhora Ferreira leite não tem. Isto, à priori, é uma mais-valia para o PSD e uma desvantagem para o PS e para o PM. Que agora tem alguém no PSD mais incisivo e não uma líder faz-de-conta sem capacidade de planificação política nem capacidade para comunicar uma única ideia ao país. O problema de PPC é outro, que, em certo sentido, também se coloca a Sócrates e remete para a definição do modelo de desenvolvimento socioeconómico do país. Desta feita, PPC, assim como Sócrates, têm que se preocupar com as estratégias de desenvolvimento do país, seleccionar as medidas correctivas para eliminar os desvios micro e macro-económicos, não governar em função da instabilidade do eleitorado e, por fim, aproveitar os recursos disponíveis do Estado e redistribui-los pelos portugueses com equidade e justiça social, será isso que fará dos dirigentes políticos homens de Estado. Ou seja, cada um à sua maneira, um no poder e outro na oposição, podem agora rivalizar e aprender um com o outro na arte e técnica da governação, e ambos terão que se preocupar com a orientação estratégica, o campo de possibilidades políticas, as suas correcções, os níveis de satisfação do povo, alimentar as suas expectativas e necessidades. Tudo para, no final, atingir um modelo de sustentabilidade de sociedade, que é o que Portugal hoje não tem, daí a desesperança. Diria, para concluir, que temos hoje dois homens à procura do poder em Portugal: Sócrates já o tem e quer mantê-lo; PPC tem o poder interno do partido mas ainda não ganhou a sociedade e o país. Mas esta competição saudável trará frutos aos portugueses, e se eles não vieram mais cedo deve-se ao adiar patológico de Ferreira leite que tem uma concepção anormal e incapacitante do poder e, por isso, deu uma péssima imagem não só do psd nestes últimos dois anos no país, como apoucou a condição feminina acerca dos que as mulheres conseguem ou não fazer na esfera política. PPC está, pois, confrontado com dois futuros: consolidar o poder no partido e ganhar o país. Terá um semestre para gerar uma dinâmica de vitória e mostrar o que vale na sociedade, depois disso, se não se conseguir impor, suceder-lhe-á o mesmo que sucedeu a Luís Filipe Meneses, Marques Mendes e a outros líderes do psd que foram literalmente abatidos internamente quando se percebeu que não atingiam o cadeirão de S. Bento. E é o que sucederá ao PS quando um dia Sócrates se reformar - ou for compulsivamente reformado. A política, como a lei do tempo, tem esse efeito de erosão: concede vida e energia, mas depois dá-nos um tiro na nuca.

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