sexta-feira

Vitorino não fecha porta à «convergência» de Marcelo

Instabilidade política é sempre negativa e tem custos económicos, diz o comentador do PS a propósito do «pacto» proposto pelo congénere do PSD, IOL
António Vitorino avisou esta quinta-feira que «a instabilidade política é sempre negativa e tem custos económicos», sobretudo num momento em que os olhos dos mercados estão sobre Portugal. O comentador político e ex-ministro socialista falava aos jornalistas em Madrid depois de participar, com Marcelo Rebelo de Sousa, num almoço organizado pela Câmara Hispano-Portuguesa.
«Estando sob pressão dos mercados internacionais, na mira das agências de rating e tendo que apresentar o Programa de Estabilidade e Crescimento, temos que construir esse consenso alargado como já sucedeu no passado noutros momentos muito difíceis para o país, para demonstrar a credibilidade das nossas intenções», afirmou.
Marcelo quer convencer PS e PSD a fazerem uma «convergência»
Questionado pela Lusa sobre o desafio que lhe foi lançado esta quinta-feira, por Marcelo Rebelo de Sousa, para intervir junto do PS a favor desse pacto, o ex-comissário europeu considerou que se trata de um apelo «de intervenção política e cívica que está para além da intervenção partidária e que tem a ver com a situação com que o país está confrontado».
«Temos desafios sérios que têm a ver com a nossa competitividade económica e com a sustentabilidade da coesão da nossa sociedade. Isso não deve dividir-nos, deve unir-nos. Se nos unirmos seremos mais capazes de ultrapassar esse desafio», comentou.
Obs: Em nome dos altos interesses da nação, reflita-se nesse quadro de possibilidades. Mas se as preocupações de Marcelo fossem verdadeiramenete genuínas, pergunto-me por que razão ele não se candidatou à liderança do PSD, já que estaria em melhor posição para "arrumar a casa", estabilizar o partido, definir um rumo, recapturar a identidade perdida pelo "sinistro" Ferreira Leite e, por último, contribuir para esse tal bloco central - intelectual e económico - na sociedade portuguesa.
Ou será que Marcelo já está a pensar nesse pacto a partir de Belém...ante uma qualquer desistência de Cavaco à última da hora.
Na verdade, parece-me políticamente improvável a realização desse pacto (com Sócrates), sobretudo se for Paulo Rangel a ganhar o congresso do PSD, dada a natureza crispada das personalidades em questão, ainda que a sociedade civil respire por essa autentica possibilidade em nome do efectivo interesse nacional permanente.