A política de régie de Aguiar-branco e deste decrépito PSD
É ponto assente que a sociedade portuguesa está muito crispada e radicalizada. Existem múltiplas razões que o justificam: a crise económica e financeira que desorienta os comportamentos sociais; a crise da governação e a insustentável leveza das oposições; a crise da política (estrutural), mais até do que as crises políticas (conjunturais); a fraca produtividade e escassa competitividade nos mercados internacionais que nos impede de crescer ao mesmo ritmo dos países da UE, o que nos faz divergir ainda mais com as consequências inevitáveis de perda de poder de compra e de qualidade de vida. Tudo isso faz de nós um país pequeno com escassas potencialidades de crescimento.
Por um lado, o Governo procura estimular a economia e sair do lodo social em que caímos com o desemprego a fronteirar os dois dígitos, mas não tem grande espaço de manobra económico-financeira; por outro, o país real olha para as oposições e não lhes concede um crédito extra a fim de pensar nelas para cargos de responsabilidade no país. Foi essa a vontade colectiva que exprimiram no último acto eleitoral por ocasisão das eleições legislativas.
Neste impasse em que caímos todos, o país político ficou mais cínico, os jornalistas, alguns certamente (com projectos de poder pessoal e ódios de estimação acumulados) alimentam agendas noticiosas nitidamente anti-poder, e do mau jornalismo que cultivam descobre-se-lhes a verdadeira motivação anti-poder: Crespo, o casal Moniz e mais uns quantos jornalistas idiotas corporizam essa prática lamentável em Portugal, ainda que, note-se, o PM em funções seja demasiado crispado e deva tomar uns calmantes para não ser tão hiper-sensível, sobretudo tratando-se de mau jornalismo que acabará por ir morrer à praia. No passado recente Crespo teve problemas semelhantes com o PSD, que também foi acusado de manietar os media, em particular os canais públicos sobre eexercem a sua tutela governamental com o respectivo poder de algumas nomeações.
Mas neste scoop cinematográfico ainda há bons jornalistas, homens que pensam e escrevem a direito, seja contra o poder seja contra os maus jornalistas que desprestigiam a classe e passam a dar facadinhas no respectivo código deontológico. O que pensará em privado Miguel Sousa Tavares de um Mário Crespo?! Já alguém se interrogou no teor desta resposta... O que pensará um veterano como Carlos Fino, um repórter excpcional, duma Moura guedes?! A natureza das putativas respostas é tão óbvia que deixamos aqui esse quadro de possibilidades em narrativa aberta.
Mas o mais grave em tudo isto não é saber que há o "efeito-Crespo" na sociedade portuguesa, um jornalista arrastado, sub-contratado pelo CDS e que hoje acabou por ser instrumentalizado pela oposição apenas porque toda essa gente tem um ódio de estimação comum ao PM.
Crespo, Moura Guedes são os expoentes do cinismo (da parcialidade e da falta de isenção e rigor) jornalístico em Portugal, e a oposição, mormente este decrépito PSD, sabe disso e aproveita para cavalgar a onda mediática supondo que assim acrescenta uns créditos à sua folha de serviço perante os portugueses que já estão fartos dos políticos que têm.
Então, para que servirão as démarches de Aguiar-Branco ao solicitar a presença de tantos jornalistas na AR, só por causa dumas escutas (ilegais) proferidas por um semanário – o Sol – de J. Coimbra (um destacado membro do psd) e doutros media cuja titularidade integra um dos primeiros sócios fundadores do partido de Sá Carneiro?!
A conclusão a que se pode chegar, à luz dos factos, é que este PSD (que desde que Barroso fugiu para Bruxelas entrou em decomposição acelerada) está a explorar a reflexão no terreno jornalístico que é contra o PM, para aí criar pontos de fricção pública mediante a ajuda de agências de comunicação, pólos de propaganda, interesses corporativos e sociedade civil que adira à causa de Aguiar-branco. Até mesmo para consumo interno e combater Pedro Passos Coelho na futura compita que se avizinha pela liderança do partido.
Sempre o poder teve apetência por manipular os media e ter os jornalistas do seu lado, mas aquilo a que hoje assistimos, não obstante alguns exageros mais crispados do próprio PM que, repito, convive mal com alguma crítica e deveria moderar-se, é uma tentativa de assalto ao poder através duma classe que tem imensos interesses corporativos, empresariais (veja-se o Público do eng.º Belmiro de Azevedo) e que não hesita em utilizar todo esse capital simbólico, mediático e imagético ao serviço duma causa, também ela politico-partidária: destruir politicamente Sócrates. Será assim que Aguiar-branco se quer credibilizar aos olhos da opinião pública e dos portugueses em geral?! Já nem comento a reacção histérico-difusa de Paulo rangel no Parlamento Europeu, naquele seu blazer apertado, qual chouriço num colete-de-forças, que só desprestigia o nome de Portugal abroad.
De resto, estou até convencido de que os esforços de destruição política do PM são incomensuravelmente superiores aos esforços que, porventura, o PM em funções tem desenvolvido para neutralizar aquilo que pode ser considerado como os media adversários. Seja como for, este clima de dupla desinibição relativamente à produção de opinião, de imagens e de informações nessa imensa fábrica que são os media em Portugal – traduz hoje o único trabalho político que o maior partido da oposição em Portugal tem feito a fim de chegar ao poder e tornar-se credível diante dos portugueses. É curto.
Sou dos que pensam que o rotativismo democrático é útil em democracia pluralista, mas quando hoje olhamos para o actual psd, para a sua liderança parlamentar e as propostas que tem feito para modernizar e desenvolver Portugal, facilmente se conclui que o partido de Francisco Sá Carneiro está hoje minado de gente mediana que faz do aproveitamento jornalístico a catástrofe do presente sem com isso beneficiar o país e beneficiar-se a si próprio. É violência gratuita.
Se este psd julga que a política de régie basta para meter Sócrates no olho da rua, está bem enganado. E é pelo facto de o Zé povinho não ser completamente ignorante relativamente a quem escolhe para decidir do futuro do seu destino que Aguiar-branco e o seu grupelho, irão ficar para sempre conotados com o jornalismo de catástrofe imbuído de interesses neocorporativos a fim de explorar as sensações públicas relativamente a conversas de âmbito privado que não deveriam ser mediadas na praça pública. A mudança de escala que sucedeu nos media e da importância das audiências interferidas, é, obviamente, o que move Aguiar-branco. É a pequena política que o empurra, e não a alta política que o motiva, e é pena. Sobretudo porque o país precisa de um PSD forte, credível e capaz de apresentar propostas alternativas ao PS no parlamento que ajude a tirar Portugal da crise em que mergulhámos.
Ou será que Aguiar-branco, em matéria de escutas, e na esfera da sua intimidade, só fala de anjos e arcanjos voando em direcção ao céu azul na antecâmara duma noite estrelada…
Nota: Já agora, quem estaria interessado em ouvir as conversas privadas de Aguiar-branco?! Ninguém, creio...
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