terça-feira

O nosso mundo...

Os pais de um jovem australiano, de 17 anos, descobriram que o seu filho tinha morrido num acidente de viação depois de lerem mensagens de condolências no Facebook.dn
Ao acederem ao Facebook, as gémeas Angela e Maryanne Vourlis souberam que o seu irmão mais novo, Bobby Vourlis, tinha morrido num acidente de automóvel em Sidney devido a mensagens de condolências enviadas por amigos para a sua página pessoal, avança a BBC Brasil.
As gémeas avisaram imediatamente a mãe que só recebeu da polícia a confirmação da morte do filho seis horas após a ocorrência.
Segundo a BBC Brasil, a polícia justificou o atraso na comunicação à família devido à dificuldade em confirmar a identidade do adolescente.
Bobby Vourlis foi um dos três adolescentes que morreram no acidente quando o carro em que circulavam se despistou devido à chuva e embateu num poste. O adolescente teve morte imediata. O condutor, de 19 anos, e uma das três passageiras que viajavam no banco traseiro acabaram por falecer no hospital. As outras duas raparigas, ambas de 15 anos, escaparam ilesas do acidente, informa o mesmo site.
Segundo a BBC Brasil, a página "R.I.P. Bobby Vourlis", foi criada no Facebook para que amigos e conhecidos do jovem pudessem entrar em contacto após o acidente. Depois de tomarem conhecimento da notícia na referida página, milhares de pessoas acabaram por enviar mensagens de condolências e de apoio à família para a página pessoal do jovem.
Segundo o professor de cultura e media David Ritchie, da Universidade de Deakin, na Austrália, este caso é um exemplo das alterações comportamentais que se estão a operar na sociedade devido às novas tecnologias. Actualmente, segundo o especialista, "verifica-se uma grande mudança na forma de enviar mensagens de condolências", com as pessoas a utilizar cada vez mais a Internet em vez de se deslocarem a casa das famílias ou mesmo aos funerais, adianta a BBC Brasil.
Para este professor, "as pessoas sentem cada vez mais a necessidade de expressar sua dor e comoção em massa" e o Facebook é uma dos meios preferencialmente escolhidos.
Obs: Digamos que os afectos, os sentimentos e toda a maquinaria emocional e sensorial anda interferida com a crescente importância das TIC na vida dos jovens, mas não é assim em todos os grupos e classes sociais. Estas emoções massificadas assumem uma tendência padronizada em pessoas que têm os mesmos hábitos, expectativas e padrões de vida. E se isto é assim, o que, de per se já é negativo, tal deve-se, em boa medida, às lacunas da educação formal e informal que começa em casa e é desenvolvida na escola e na sociedade. Estas neuroses colectivas potenciadas pelas redes sociais só o são verdadeiramente porque o papel autentico da educação e da formação do indivíduo - se demitiu se certas funções estruturantes da personalidade, é essa circunstância - transversal a toda a sociedade - que faz com que as pessoas hoje atribuam mais importância às realidades virtuais do que às realidades sociológicas (tradicionais), e passem larga parte do seu tempo agarrado aos media, tm, net e demais simulacros que, até certa medida, não é fracturante da personalidade do indivíduo, mas para lá de certo limite tende a fracturar-lhe as emoções, a personalidade e a perturbar-lhe a própria racionalidade. Em parte é por estas razões e circunstâncias que os jovens d' hoje, adolescentes e adultos pré-universitários - são pessoas com algumas dificuldades cognitivas, de relacionamento e de manutenção de relações saudáveis nos vários espaços sociais em que coabitam. Realidades como o facebook, o hi5 e conexos deveriam ter uma importância relativa nessas relações, e não, como sucede actualmente, assumirem simultaneamente o papel da família, da escola, do Estado e do conjunto da sociedade civil. Quando, na realidade, se trata de relações artificiais em que as pessoas nem sequer se conhecem, salvo se o processo de conhecimento hoje resultar duma troca de fotografias, de mensagens e de telefonemas. É curto para formar - afectivamente - toda uma geração de homens e de mulheres. E escandaloso e fracturante em momentos-limite, como o que é descrito no artigo acima...