Portugal na tenaz do paradoxo
Portugal está povoado de discussões estéreis: escutas, media contra políticos, políticos contra jornalistas, jornalistas com projectos de poder, juízes desavindos, empresários subsidiodependentes, agentes do poder a conviver mal com a crítica, uma justiça a reclamar reforma urgente perante a defesa intransigente dos interesses corporativos e o mais. Nada funciona como deveria. Mas o que é central nas sociedades europeias modernas, e elementar na sociedade portuguesa, não é saber se o sr. Aguiar-branco irá ter uma "chuva de estrelas" na AR, como forma de compensação da sua falta de ideias e de liderança parlamentar. O que é nuclear entre nós é que ainda estamos, no domínio do crescimento económico, a divergir em matéria de indicadores de produtividade relativamente à média europeia, o que gera um efeito perverso: a sociedade transfere a responsabilidade destas desgraças da crise para o sistema político e os candidatos ao poder aceitam subordinar-se às flutuações do eleitorado com a justificação de que só após terem conquistado o poder terão condições para corrigir as deficiências de funcionamento e de financiamento dos mecanismos ligados às políticas sociais. Na prática, este modo de resolver os problemas implica que ele não seja resolvido mas, em vez disso, seja transferido para o futuro. E o mais grave para a economia e o conjunto da sociedade portuguesa é que este paradoxo tem persistido deste a fundação da democracia. Entretanto, o paradoxo permanece, a economia não cresce e, porventura, o poder vai mudando de mãos sem que aqueles indicadores de crescimento socioeconómico tenham a bondade de disparar. E os milagres na economia nacional são problemáticos, ainda que em Fátima existam indícios de os 3 pastorinhos - no início do séc. XX - os tenham promovido num contexto de fome, ilusão e muita, muita fé...
Jean Claude Van Damme - Kickboxer (Best Scenes)
<< Home