segunda-feira

O grande medo era se a PIDE apanhava o Álvaro"

50 anos da fuga de Peniche. A 3 de Janeiro de 1960, dez comunistas presos no Forte conseguem uma evasão espectacular. Foi o pior momento para o sistema de repressão da polícia política, a PIDE, e fez tremer o regime de Salazar. A irmã de um dos fugitivos, Álvaro Cunhal, aceitou recordar os dias de há meio século, falar do dirigente e um pouco dela.dn
Há exactamente 50 anos o seu irmão fugia da prisão do Forte de Peniche. O que recorda desses dias?
Lembro-me de como soube da fuga. O meu pai chegou a casa e disse que tinha encontrado um juiz seu conhecido que lhe dissera em voz baixinha: "Parece que o Álvaro fugiu de Peniche." Entre o alegre e o receoso, contou-nos e ficámos muito contentes pela fuga do meu irmão, porque ele ficaria lá para o resto da vida com as medidas de segurança que lhe seriam sucessivamente aplicadas. Ao mesmo tempo, pensávamos no que é que lhe poderia acontecer se a PIDE o apanhasse novamente. (...)

Obs: É de sublinhar essa data, um marco importante contra a PIDE e o regime autoritário de Salazar, mas o que é de lamentar é que Cunhal, mesmo após a revolução dos Cravos quisesse impor a Portugal um regime comunista de tipo totalitário plagiado da então ex-URSS de partido único, de ideologia comunista ortodoxa que impedia a liberdade de expressão e resolvia as divergências de opinião metendo as pessoas na cadeia. No fundo, se o modelo de cunhal vingasse em Portugal teria como efeitos substituir uma ditadura de direita por uma ditadura de esquerda, em boa hora travada pela intervenção directa de Mário Soares, apesar da burrice de Henry Albert Kissinger, então secretário de Estado dos EUA - e que à data julgara que o país já estaria perdido para os comunistas. Numa palavra: assinale-se a data da fuga de Cunhal de Peniche, mas limite-se o seu significado e alcance político-histórico, pois a história da democracia pluralista e do rule of law em Portugal pouco lhe deve. De resto, ainda hoje o PCP assemelha-se mais a uma religião fanática do que a um partido genuinamente democrático. Infelizmente, hoje a esquerda mais revolucionária é representada por Louçã e pelo BE, remetendo ainda mais o PCP para o "caixote do lixo da história", com a agravante de que o BE também não representa um projecto político menos mau para o país do que o PCP.

Enfim, entre os dois partidos-gémeos - venha o diabo e escolha...