Responsável da ONU diz que acordo sem fiscalização será pouco ambicioso
TSF
Responsável da ONU diz que acordo sem fiscalização será pouco ambicioso.
O secretário-geral da Convenção da ONU para as Alterações Climáticas diz que um acordo em Copenhaga sem mecanismos de fiscalização será sempre pouco ambicioso. Yvo de Boer diz que seria como estabelecer limites de velocidade sem haver polícia.
Reportagem de José Milheiro com as declarações de Yvo de Boer sobre a cimeira do clima em Copenhaga.
O mais alto responsável da ONU para as questões climáticas defendeu que um acordo que saia da conferência de Copenhaga sem a existência de um mecanismo de fiscalização será pouco ambicioso.
Em Copenhaga, o secretário-geral da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas entende que é urgente colocar esta questão em cima da mesa, porque sem estes mecanismos é como se houvesse limites de velocidades sem a polícia para os fiscalizar.
«É bom estabelecerem-se limites de velocidade, mas se não houver ninguém a fiscalizá-los e a punir se estes limites forem excedidos então os limites de velocidade não servem para muito», adiantou Yvo de Boer.
Aos jornalistas, este responsável da ONU explicou ainda que se está a meio das negociações referentes ao clima, mas que a partir de agora se vai passar a andar de «teleférico, pois o resto da corrida será rápida, sem problemas e tranquilo».
Apesar destas certezas, notam-se as consultas informais a tentarem desbloquear assuntos pendentes, como as metas de redução para os países em desenvolvimento e o financiamento a longo prazo dos países ricos para os países pobres.
Depois de ter arrancado uma gargalhada na sala a propósito da sua referência ao teleférico, de Boer mostrou-se esperançado em que as consultas informais resolvam os assuntos políticos chave desta conferência.
De Boer lembrou ainda que as manifestações que ocorreram em Copenhaga nos últimos dias «são um encorajamento muito forte aos líderes para virem a Copenhaga não para falar, mas para agir e assinar um acordo robusto no final desta sessão».
Obs: Ivo sabe, de facto, do que fala: um acordo sem dispositivos de fiscalização é como supor que os países africanos que subscrevem este acordo são todos democráticos e não têm como práticas a lógica da corrupção. Seria demasiado ingénuo acreditar nessa utopia, e quem perderia seria o ambiente no seu conjunto e os contribuintes que pagaríam, em vão, esse mega-investimento verde - cujos recursos acabariam em inúmeras contas particulares da Suíça. Ainda há dias vimos o PR angolano, Eduardo dos Santos, fazer um discurso desenvolvimentista e paredes meias com as vivendas faustosas que a elite política e clic militar habita - vegetam seres humanos que vivem sem água potável que tentam sobreviver com menos de 1 dólar por dia. Isto é execrável num país como Angola, rico em minérios e em matérias-primas estratégicas, pelos vistos só servem para alimentar a tal elite política que se apoia na clic militar que mantém o sistema a funcionar e as crianças a morrer. Por isso, todos os mecanismos de fiscalização serão escassos para garantir um mínimo de transparência e rigor na aplicação desses recursos globais com a finalidade de modernizar e de converter as tecnologias velhas por tecnologias novas em prol do ambiente de todos nós. Ivo tem razão e sabe do que fala.
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