sábado

Cavaco e o Estado espectáculo!!! Tributo a Guy Débord e a Roger-Gérard Schwartzenberg

Cavaco e a sociedade do espectáculo. Tributo a Guy Débord e a Roger-Gérard Schwartzenberg.
Mote:
Cavaco anda preocupado com os assuntos públicos, mas está imerso nas suas ambições privadas.

O espetáculo tem uma história de relacionamento com o poder político (e religioso) e a política confunde-se com a existência dessas modalidades de organização social e do agir humano. Ao promover uma campanha para divulgar os produtos nacionais dos “pobrezinhos” que não aparecem nas estações de TV ditas "normais", Belém veste a pele do justiceiro da estação de TV alternativa que faltava em Portugal para coadjuvar nas exportações das PMEs, talvez para dar uma mãosinha à sua ex-discípula Manuela Fereira leite a sair de cena com alguma dignidade.

Ao escolher o roteiro da juventude para promover o que é nacional Cavaco procura obter o apoio dos pobres, dos desempregados, dos agricultores, dos empresários que já abriram falência e dum conjunto alargado de portugueses que sofrem na pele as consequências da crise económica, e que vêem naquela iniciativa mediática uma interacção em prol dos mais desprotegidos da sociedade portuguesa. Aparentemente, a ideia é boa e éticamente irrepreensível.

Mas quando se reflecte um pouco mais neste tipo de iniciativas do PR, que é tudo menos ingénuo e tem uma obsessão com a gestão da sua carreira política, concluímos que Cavaco usa os dispositivos da sociedade do espectáculo, enquanto relação sócio-tecnológica mediada por imagens, para potenciar a sua pré-campanha eleitoral a Belém e, ao mesmo tempo, criar as condições para limitar o campo de actuação do Governo, sobretudo nos domínios social, económico e financeiro. E, por extensão, coarctar a possibilidade do PS vir a apoiar um candidato a Belém do tipo Manuel Alegre, que apenas só deveria fazer poesia na vida, porque é isso, de facto, que o senhor faz bem.

Ou seja, Cavaco representa a sua própria condição na sociedade do espectáculo, como diria R.G.Schwartzenberg – de mãos dadas com Guy Débord – concordando ambos que o PR não se importa de converter em seu proveito a visão espectacular e espectacularizante da política. No fundo, o contrário de tudo aquilo que defende na vida.

Em rigor, Cavaco converteu-se no próprio espectáculo da política. Ao erigir-se em estação de televisão alternativa para mostrar os produtos dos portugueses "pobrezinhos" (as aspas são minhas) está a admitir que a discussão pública acerca dos problemas técnicos da governação se resolvem com campanhas (pimba) mediáticas, com recurso a uma concreta visão da política que faz dela uma relação de imagens, gerida por uma empresa de teatro em que os negócios do Estado não são senão uma mera encenação.

No fundo, quando Cavaco aparece com a sua dona Maria, 1ª dama, na figura abaixo, com isso procurando demonstrar que assim se faz política a sério em Portugal, nada mais está a fazer do que converter o Estado num produtor de espectáculos e a política numa encenação.

Ainda pensei que o PR fizesse política com base em ideias e não com base em imagens sobre imagens na cadeia dos acontecimentos, como se Belém se transformasse numa agência de comunicação, e Cavaco o seu entertainer.

Lamento dizê-lo, mas com personagens destes a ocupar o vértice do Estado Portugal só pode ser aquilo em se tornou: numa grande agência de comunicação em campanha eleitoral permanente.

Até apetece dizer: Parabéns "sr. Silva" (como diria Al berto João Jardim!!!)