Cimeira. 7,2 mil milhões para os países em desenvolvimento

União Europeia avança com um fundo para ajudar os países pobres a adaptarem-se às alterações climáticas, in I

A União Europeia comprometeu-se a pagar, já a partir de Janeiro, 2,4 mil milhões de euros por ano para ajudar os países em desenvolvimento na luta contra as consequências do aquecimento global, adaptando o seu desenvolvimento económico às exigências climáticas. Boas notícias: os 7,2 mil milhões quase que duplicam os 3 mil milhões previstos inicialmente.

Os 27 estados-membros irão todos contribuir e a UE está a fazer a sua "quota parte", afirmou o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt. França e Reino Unido dão o exemplo, encabeçando a lista dos maiores doadores, com cerca de 400 milhões anuais. Espanha dará 125 milhões, ao longo dos três anos, e Portugal contribuirá com 12 milhões de euros anuais, anunciou ontem José Sócrates, em Bruxelas. O primeiro-ministro lembrou que a contribuição é voluntária e que estes valores correspondem à percentagem das emissões de Portugal, pelo que o país assume "as suas responsabilidades".

Este acordo vem na esperança de desbloquear a conferência de Copenhaga: "O que estamos a ver hoje é um passo muito significativo na procura de um acordo de Copenhaga", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Também o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse estar confiante que este acordo pode iniciar as negociações finais na Dinamarca. Sem este financiamento, segundo Brown, seria impossível os países pobres aceitarem um acordo que substituísse o Protocolo de Quioto.

Durão Barroso salientou que o pacote será especialmente importante "para os países pobres e vulneráveis" de África. No total, os europeus deverão contribuir com 30% das ajudas mundiais previstas para os mais pobres, no âmbito das negociações internacionais em curso, disse Yvo de Boer, secretário da ONU para as questões climáticas. Essas ajudas deverão ser de 6,7 mil milhões de euros por ano, até 2012.

O dinheiro prometido ajudará as nações mais pobres a atacar a subida do nível do mar, a desflorestação, a escassez de água e outras consequências das alterações climáticas entre 2010 e 2012, reduzindo as suas próprias emissões de gases. Taxa contra o aquecimento Gordon Brown e Nicolas Sarkozy propuseram ontem, no Conselho Europeu, uma taxa tobin - taxa global sobre as transacções financeiras -, que deverá ser usada para pagar a longa batalha contra o aquecimento global.

A guerra de quem deve pagar pelas consequências do aquecimento global tem sido um dos temas fortes em Copenhaga e os líderes europeus "encorajaram", ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) a considerar a aplicação desta taxa global, enquanto procuram assegurar que os bancos não correm riscos que levem a nova crise financeira.

Obs: É um bom acordo, embora careça de mecanismos de fiscalização e controle, na medida em que a maior parte dos países do Terceiro Mundo a quem esses apoios financeiros são doados são corruptos, desde logo pelas cliques militares e as soit-disant elites que estão no poder - cujos métodos de gestão política são, tradicionalmente, duvidosos. A prática é a do desvio de fundos públicos internacionais visando os global commons serem desviados para contas bancárias particulares (na Suíça e noutros paraísos fiscais onde lava o dinheiro)desses actores corruptos que simultaneamente ocupam postos de governo e são empresários nos mesmos países (misturando interesses ilegais e contrários ao bem comum que supostamente deveriam promover). Pelo que se não houver essa accountability internacional de nada serve a transferência desses fundos em prol do ambiente. Serão, nesse caso, transferências de verbas para gente corrupta que se aproveita dos cargos públicos que ocupam para agravar ainda mais as condições ambientais nos respectivos países. E tudo isto porque se tratam de países, em inúmeros casos, que não são democráticos, e aí, obviamente a CORRUPÇÃO é a regra e a "lei". A África negra é (incluindo alguma de expressão lusófona), infelizmente, uma cultora desses métodos...