Moita Flores contra a "degradação" da política e contra Ferreira Leite
Moita Flores contra a "degradação" da política
por PAULA SÁ, dn
O presidente da Câmara de Santarém e ex-inspector da PJ diz que é preciso impor regras para que os casos de justiça não contaminem a política.
Francisco Moita Flores iniciou ontem no Correio da Manhã, numa coluna de opinião que assina aos domingos, um conjunto de artigos que dá pelo nome de "bons e maus" e nos quais vai debruçar-se sobre os casos de justiça que pendem sobre a política e os limites que devem ser impostos as candidatos envolvidos em processos judiciais. "Passa-se de vilão a virtuoso conforme a simpatia do chefe político de ocasião. E é por essa degradação já sem pudor que quem vota está farto, desagradado, desiludido", escreveu o autarca.
O presidente da Câmara de Santarém, recandidato ao cargo nas autárquicas de 11 de Outubro, diz que as suas palavras não se dirigem ao caso concreto de António Preto, pronunciado por alegado crime económico-financeiro, e que é candidato na lista de Lisboa do PSD, liderada por Manuela Ferreira Leite. Mas cruzadas com as que proferiu na entrevista publicada no Expresso é, óbvio, que atingem Preto e a presidente social-democrata.
Na referida entrevista, quando questionado sobre a inclusão de António Preto nas listas do PSD, Moita Flores afirmou que "se está pronunciado não as deveria integrar". Manifestou-se ainda "desiludido" com a composição das listas e causou burburinho no PSD, partido que o apoia nas autárquicas, ao declarar que não votará em Manuela Ferreira Leite nas legislativas.
O autarca lembra que coube ao ex-líder do PSD Marques Mendes lançar o primeiro rebate sobre o estado de cumplicidade entre a aparente seriedade e a aparente desonestidade. "Mas foi generalista e precipitado", considera, por ter "dramatizado a constituição de arguido". Figura jurídica que permite aos cidadãos defenderem-se das acusações que sobre eles pendem.
"Quem ontem denunciava furiosamente suspeitos, basta estar do seu lado, para logo se tratar de um cidadão vulgar. E na verdade não é", diz Moita Flores. E conclui: "Assim é necessário definir o limite em que é suficiente obrigar a comunidade política a suspender funções."
"Muitos de nós ficámos cansados dos odores a putrefacção dos cadáveres que a vida nos impôs. E, por isso mesmo, não quero continuar a sentir o cheiro fétido desta vala comum e ficar calado. Chega de decepções", remata.
Obs: Moita Flores é um homem sério, um autarca dedicado em prol de Santarém, cidade que tem cuidado e desenvolvido e como é um Independente e não precisa da política para viver pode dar-se ao luxo de afirmar alto e bom som aquilo que pensa. Sobretudo contra a liderança frouxa e sem projecto de Manuela Ferreira Leite. Só não se percebe a razão pela qual o mesmo Moita Flores se desloca ao Alto alentejo para patrocinar a candidatura de um autarca de Marvão (do PSD) que em quatro não deixou uma marca significativa de modernidade e desenvolvimento no seu concelho. É coerente em matéria de política nacional contra Ferreira Leite, mas depois faz cedências a autarcas menores do país apenas numa lógica aparalhelhística e com base em simpatias pessoais. Isto leva-nos a crer que Moita Flores só é coerente em certos dias da semana e apenas quando lhe interessa fazendo, assim, o frete aos seus amiguinhos da política, ainda que a política não ganhe nada com a manutenção de certos autarcas no poder. Enfim, são as contradições deste criminólogo no Poder local em Portugal.
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