Manuela Ferreira Leite e o efeito de anamorfose
Quando um actor político procura ocultar a realidade que está diante de si ele incorre na recusa do reconhecimento dessas condições, ou seja, denega a realidade que é mais forte do que os olhos da pessoa que a perspectivam. Essa simulação é o que Ferreira Leite tem andado a fazer desde que foi eleita presidente do PSD no Congresso de Guimarães (e logo em Guimarães, berço da nacionalidade!!!). Dito de outro modo, Leite tem andado a brincar às simulações e aos efeitos de ilusão no terreno político, explorando um efeito psicológico que lhe atribui uma imagem de seriedade embora, na prática, Ferreira Leite seja mais uma contabilista da coisa pública, e em nenhuma das situações em que se apresentou na esfera pública debitou uma ideia interessante sobre Portugal, uma pista intersectorial para poder ser traçada e implementada na economia e na sociedade nacionais. Em matéria de investimento público é um turbilhão de contradições, na saúde, na educação, no ambiente, nos negócios estrangeiros..., não há uma única área da governação em que os portugueses tenham registado uma única ideia aproveitável por parte desta senhora, que se diz candidata a PM, embora não se lhe conheça projecto, desígnio ou missão para Portugal. Ao menos com Sócrates os portugueses sabem que é mais educação, mas energias renováveis, mais investimento, mais formação e qualificação profissional, mais investigação pura e aplicada. É um mundo de contradições entre ambos: Leite reflecte a noite, Sócrates espelha o dia, ainda que com dificuldades pelo facto de os indicadores socioeconómicos se encontrarem pelas ruas da amargura, aliás, situação comum a toda a Europa - que se agravou com a crise de confiança global e que teve raízes na especulação financeira que o neoliberalismo facilitou e ampliou. Ora, é neste processo de denegação da realidade que Ferreira Leite vive, apresentando-se como uma espécie de governanta de S. Bento - que irá corrigir todos os desvios da actual realidade social, económica e financeira, desde logo poderia começar por combater as razões que conduziram ao maior escândalo financeiro em Portugal cujas raízes se encontram no espaço político daquilo que se convencionou designar de cavaquismo, donde emanaram - como cogumelos - os principais governantes que mais tarde vieram a dar cartas no caso BPN e cujos resultados hoje estão à vista de todos nós. Em rigor, Leite sabe que não tem capacidade, perfil, vocação nem liderança para o exercício de um cargo especial como o de PM, mas mesmo assim resolve denegar a realidade e fingir que vai em frente, enganando vários grupos de pessoas que, só por credulidade, ignorância e estupidez natural, é que ainda acreditam nessa ilusão da srª Ferreira. Certamente, Ferreira Leite não acabará sentada no cadeirão de S. Bento mas sempre lhe resta uma opção, o de fazer pinturas usando giz em ruas e calçadas da Lapa, reproduzindo aí a ilusão que procurou transmitir no espaço público quando um dia alguém lhe disse, ainda que a brincar, que ela daria um bom PM. Isto só releva do seguinte: há palavras e expressões que nem a brincar se devem dizer. Que Deus nos livre de Portugal ter a madrinha do António Preto em S. Bento. E se por um acaso malfadado do destino essa profecia se concretizasse perguntaria logo onde ficaria o exílio...
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Moloko - Forever More
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